‘Trump II’ e a nova lógica do confronto global

Na análise do professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ricardo Machado Ruiz, Trump não olha mais para a pauta comercial, ele olha para o país. “A novidade é que ele passou a usar a política comercial como o centro das relações internacionais. Antes, as restrições eram direcionadas a países ou setores específicos. Agora, ele penaliza países inteiros, independentemente do produto ou segmento”, critica.
- Leia também: Nova era Trump acende alerta comercial no Brasil
Ruiz reforça que o Brasil não é um alvo econômico relevante, mas está sendo arrastado pela reorganização geopolítica liderada pelos EUA, que tentam conter o avanço chinês e de blocos como o Brics. “O Brasil virou um símbolo disso. Estávamos liderando o encontro do Brics no Rio, com o Lula na presidência do grupo e a ex-presidente Dilma à frente do New Development Bank. Isso foi suficiente para nos colocarem na mira”, detalha.
Segundo ele, a política de Trump é coerente em sua lógica. “É agressiva, generalizada e quer recolocar os Estados Unidos no topo da cadeia produtiva global, custe o que custar. Ele acredita que há uma conspiração mundial para tirar a hegemonia americana, e o Brasil virou uma peça incômoda nesse jogo”, explica.
Ainda na visão do professor da UFMG, a ofensiva sobre o Brasil vai muito além da família Bolsonaro ou de uma agenda ambiental. “O que está em jogo é a reorganização geopolítica global. E o posicionamento do Brasil não indica uma associação ideológica com a China, como alguns tentam sugerir. O Brasil está seguindo os fluxos do mercado. Mas isso, para Trump, é suficiente para enquadrar o País como adversário”, afirma. “Essa política não é comercial. É uma política de guerra. E o Brasil está no tabuleiro”, completa.
Ouça a rádio de Minas