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A safra única da mineração e a necessidade de usar bem o presente

O estado mineiro tem a cadeia produtiva completa, do minério ao produto final entregue ao consumidor
A safra única da mineração e a necessidade de usar bem o presente
Foto: Reuters

Para além dos processos ambientais e do cumprimento da legislação, o emprego de tecnologias que agreguem valor aos minerais também foi amplamente abordado durante o Itatiaia Eloos.

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) em Minas Gerais e ex-governador do Estado, Antonio Anastasia, opinou sobre o assunto e explicou o papel da União no acompanhamento do setor, lembrando que cabe ao TCU a fiscalização de segundo nível, que significa monitorar se a agência cumpre seu papel.

Citando o ex-governador de Minas e presidente da República há 100 anos, Artur Bernardes, lembrou: “A mineração só dá uma safra”. “Isso significa responsabilidade. Uma só safra significa usar bem aquela safra, porque não vai nascer de novo. […] É preciso uma integração com a sociedade e uma agregação de valor ao nosso produto. Minas Gerais produz muito ferro e, desse ferro, vamos para o aço. E, desse aço, Minas produz locomotivas, helicópteros, automóveis e geladeiras. A cadeia está integral aqui e devemos fomentá-la”, disse.

O ministro ressaltou o papel fundamental da mineração na economia mineira, por ser a principal pauta exportadora do Estado. Lembrou que as exportações já bateram recordes, mas voltou a defender que Minas não exporte apenas o minério bruto. “O fundamental é agregar valor ao produto, à sua produção.” Anastasia lembrou que, durante o período em que foi governador, criou e atraiu indústrias que utilizassem o minério de ferro como matéria-prima.

Anastasia
Reprodução YouTube ItatiaiaReprodução YouTube Itatiaia

“Minas Gerais tem a cadeia produtiva completa, do minério ao produto final entregue ao consumidor. É isso que devemos trabalhar e cada vez mais adensar. […] No lítio, por exemplo, não basta apenas explorar o mineral, temos de produzir baterias, e isso significa agregar valor. Minas não pode ser, no lítio, o que foi no minério de ferro. Mas, para isso, deve haver um esforço governamental nos três níveis para planejar, obter financiamento e induzir o empresariado ao investimento”, opinou Anastasia.

Já o sócio-fundador do GVM Advogados, Leonardo Guimarães, chamou a atenção para a oportunidade que surge no Brasil com os projetos de terras-raras. Para ele, que intermedeia muitos investimentos estrangeiros no País, com pouco esforço essa pode ser um game changer para o Brasil.

“Há um interesse enorme e empresários mineiros já tentaram desenvolver projetos no segmento, mas acabam esbarrando na utilização, porque exige internacionalização para que se utilize bem o minério. Minha sugestão é que todos os players do setor estejam atentos a essa oportunidade.”

O procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Paulo de Tarso, enfatizou a importância de as mineradoras atuarem em prol da diversificação econômica das comunidades em que estão inseridas, de forma a preparar as cidades para o futuro, com ou sem a mineração.

“É importante não só discutirmos as ações de hoje, mas também as do futuro, porque isso nos preocupa. Precisamos ter essa responsabilidade com as próximas gerações não apenas no que diz respeito à sustentabilidade ambiental, mas também em relação ao futuro das gerações vindouras”, alertou.

Também participaram dos painéis executivos das grandes mineradoras do Estado. Representantes da Vale, da Samarco, da Itaminas, da CSN Mineração e da Cedro Mineração apresentaram casos de suas empresas, especialmente sobre o uso de tecnologias e o advento da inteligência artificial no dia a dia do setor. Todos concordaram que a tecnologia vem transformando desde a exploração mineral até a logística, passando pela prevenção de acidentes, desenvolvimento de pessoas e, claro, o futuro do setor, especialmente no que diz respeito à transição energética.

Nesse sentido, o vice-presidente da Vale, Rafael Bittar, reforçou o potencial do Brasil. “Temos uma posição geográfica e geopolítica extraordinária. O País pode se tornar fornecedor não apenas dos minerais críticos, mas de toda uma cadeia estendida, capaz de atrair investimentos, gerar empregos e promover desenvolvimento. Temos abundância de energia renovável e sabemos como protegê-la”, disse.

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