Parceiros do Futuro

Parceiros do Futuro: Fórum de Lideranças propõe novo projeto de prosperidade para Minas

Evento reuniu lideranças para construir uma economia mais diversificada, inovadora e inclusiva
Parceiros do Futuro: Fórum de Lideranças propõe novo projeto de prosperidade para Minas
Lideranças se reuniram na sede do BDMG para discutir o desenvolvimento sustentável de Minas Gerais | Foto: Diário do Comércio / Anderson Rocha

Superar a lógica do extrativismo e construir um novo pacto de desenvolvimento sustentável para Minas Gerais. Com esse propósito, o 1º Fórum de Lideranças reuniu, nesta quarta-feira (29), na sede do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), presidentes e lideranças de diversos setores para discutir estratégias capazes de transformar o debate sobre o futuro do Estado em ações concretas. A proposta é avançar rumo a uma economia mais diversificada, inovadora e inclusiva, fortalecendo a identidade mineira e consolidando um modelo de prosperidade sustentável.

Antes, porém, foi apresentada uma síntese do que já foi construído até aqui: entrevistas, cenários, conteúdos produzidos, articulações e provocações. Ao reunir algumas das principais lideranças do Estado – da iniciativa privada, da academia e do poder público, o Fórum abre uma série de encontros e mesas-redondas e faz parte do projeto Parceiros do Futuro, lançado em março deste ano, idealizado pelo Diário do Comércio em parceria com a consultoria Spine.

De acordo com a presidente e diretora editorial do Diário do Comércio, Adriana Muls, o Fórum de Lideranças é um momento de articulação e integração entre setores, áreas de conhecimento, academia, e iniciativa pública e privada, com o propósito de construir um Estado mais próspero e economicamente sustentável.

“Minas foi o primeiro estado brasileiro a ter um planejamento estratégico há mais de um século, mas isso foi se perdendo. Por isso, o Parceiros do Futuro é uma iniciativa para articular a sociedade mineira em direção a um projeto de futuro para o Estado. O projeto começou com entrevistas com 40 líderes de diferentes setores, e duas coisas ficaram muito claras: a urgência em ter um planejamento de futuro e a articulação dos setores em Minas, legando às futuras gerações uma sociedade mais justa, inclusiva e responsável. Que pensemos o futuro e o tenhamos do jeito que a gente merece”, explica Adriana Muls.

O economista e fundador da Spine, Frederico Madureira, ressalta que o objetivo do evento é transformar o Parceiros do Futuro em um fórum vivo de encontro de lideranças, capaz de mobilizar a sociedade mineira em direção a um cenário de prosperidade real.

“Por meio do Diário do Comércio, estamos trazendo a sociedade para debater e, de fato, construir propostas para irmos em direção a um cenário de prosperidade real. Durante as entrevistas que fizemos e as matérias produzidas para a editoria Parceiros do Futuro, do Diário do Comércio, ficou nítida a percepção sobre a necessidade de diversificarmos a economia, superando a vulnerabilidade oriunda da dependência da mineração e do agronegócio de commodities”, pontua Madureira.

Superar o imaginário tradicional é desafio atual

Na avaliação da CEO da Tom Comunicação, Adriana Machado, precisamos superar um imaginário que não associa o Estado à inovação, à tecnologia, à contemporaneidade e a uma produção cultural sofisticada.

“Eu não tenho nada contra o café, o queijo e a culinária tradicional, mas dizer que isso é o que somos é nos reduzir. Somos isso e muito mais. Então, o lugar de Minas Gerais na cabeça das pessoas não é o de um estado de excelente educação, líder em patentes e inovação. As pessoas não sabem que o Google daqui é de engenharia, não comercial, e, quando eu digo isso, olham para mim com surpresa, porque associam o sotaque mineiro a um raciocínio simplório, acanhado, meio capiau, e ficam muito surpresas. Precisamos estruturar melhor os elementos da nossa identidade pelos quais queremos ser vistos – por inteiro, não pelo pedaço. A marca Minas precisa ser melhor pensada, estruturada e projetada para que as pessoas nos enxerguem com um grau de desejo”, analisa Adriana Machado.

Além da diversificação da economia, outros dois eixos aparecem como estruturantes para a construção de um cenário de prosperidade real:

Tecnologia verde e regeneração (possível por meio de ações como):

  • Linhas de crédito verdes;
  • Energia renovável;
  • Pecuária e gusa verdes.

Geração de riquezas de forma equilibrada:

  • Fomentar a integração entre academia, setor produtivo, governo e sociedade civil;
  • Fomentar uma agenda de desenvolvimento regional integrado;
  • Valorizar riquezas culturais e gastronômicas;
  • Estimular a colaboração entre centros de desenvolvimento de tecnologia e inovação.

Estado busca unir conhecimento, tecnologia e propósito

Para o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Cledorvino Bellini, superar a fase de “estado extrativista” está mais ligado à semântica do que aos fatos do dia a dia.

“Não somos só extrativistas. Temos o segundo polo automobilístico do Brasil, temos a Embraer, o Google. Então, já temos um ponto de partida para acelerar o desenvolvimento. Temos base para alavancar. É importante a inovação das empresas, o maior entrosamento com as universidades e o apoio financeiro para o desenvolvimento da inovação em Minas”, pontua Bellini.

A reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sandra Goulart, concorda com o presidente da ACMinas e assinala que a educação deve ser capaz de fortalecer a comunicação da nossa identidade.

“Temos que vencer esse discurso do extrativismo. Como diz Ailton Krenak, o futuro não é lá na frente, ele é aqui. Então, acho este um momento muito propício para fazermos essa reflexão conjunta. Já estamos construindo e podemos avançar em educação e capital humano, inovação e integração entre universidades, empresas, governo e sociedade civil. Temos que divulgar mais o que é feito em Minas. Temos uma vocação enorme para o conhecimento, a ciência e a tecnologia. Não há nenhum outro estado que tenha maior envolvimento e potencial para geração de conhecimento e inovação. Além das universidades e institutos federais, temos as estaduais e privadas, mas continuamos entre montanhas, falando só entre nós”, alerta Sandra Goulart.

No mesmo sentido, o CEO do BH Airport, Daniel Miranda, destaca que é preciso “ambição” não só para ser grande, mas para retomar o lugar de protagonismo que Minas Gerais já ocupou ao longo da história do Brasil, fortalecido pela nossa identidade e pela qualidade da educação.

“Ficamos reféns de alguns estereótipos, como, por exemplo, o de Minas não ter praia. Mas temos alma, gastronomia, natureza e cultura e não valorizamos isso. Precisamos entender as vocações e nos colocar no mercado com esses diferenciais. Precisamos ter ambição de sermos gigantes, colocar metas desafiadoras e termos um plano de Estado, e não de governo, valorizando a construção coletiva e escutando as pessoas. Precisamos buscar um propósito comum”, afirma Miranda.

Ao fim da reunião, cada líder se comprometeu a engajar pelo menos mais um participante para o próximo encontro, a fim de expandir o movimento e definir os responsáveis por liderar os caminhos de desenvolvimento dentro do projeto Parceiros do Futuro.

O debate sobre o futuro de Minas continua no site e nas redes do Diário do Comércio. Acompanhe entrevistas, análises e próximos encontros do projeto Parceiros do Futuro.

O FUTURO EM CONSTRUÇÃO

O que foi:
O 1º Fórum de Lideranças marcou o início de uma série de encontros voltados à construção de um novo pacto de desenvolvimento sustentável para Minas Gerais.

Objetivo:
Reunir lideranças da iniciativa privada, do poder público e da academia para transformar o debate sobre o futuro do Estado em propostas concretas e ações de longo prazo.

Principais temas debatidos:

  • Diversificação econômica e superação da dependência do extrativismo;
  • Integração entre educação, inovação e identidade regional;
  • Expansão de tecnologias verdes e energias renováveis;
  • Valorização das riquezas culturais e gastronômicas;
  • Criação de um ambiente colaborativo entre empresas, universidades e governo.

Próximos passos:
Cada participante se comprometeu a engajar novas lideranças para o próximo encontro, ampliando a rede do projeto Parceiros do Futuro, idealizado pelo Diário do Comércio em parceria com a consultoria Spine.

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