Parceiros do Futuro

Juros elevados travam crescimento e expõem limites do modelo econômico

Ex-presidente do Banco Central prevê PIB limitado e juros sem queda em 2025
Juros elevados travam crescimento e expõem limites do modelo econômico
Foto: Ana Assunção / UFPR

O Brasil atravessa um momento em que a política monetária continua a ser um dos principais determinantes da atividade econômica. A taxa básica de juros, hoje em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006, segue como um freio ao consumo, ao crédito e ao investimento produtivo. Embora a inflação dê sinais de recuo, a instabilidade fiscal e as incertezas externas, agravadas pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos, mantêm o cenário desafiador.

A manutenção de juros elevados reforça a necessidade de políticas econômicas mais consistentes que busquem reduzir gastos públicos, estimular parcerias estratégicas e criar um ambiente favorável ao empreendedorismo.

Para Minas Gerais, a perspectiva é de crescimento um pouco acima da média nacional, sustentado pela força de setores como mineração e agronegócio, mas ainda sujeito às incertezas globais. O desafio é transformar essa resiliência conjuntural em um projeto de desenvolvimento sustentável e diversificado, que permita ao Estado reduzir sua dependência de commodities e ativar plenamente seu capital humano.

É justamente essa reflexão de longo prazo que orienta o Parceiros do Futuro. Mais do que interpretar os sinais do presente, o projeto busca construir cenários até 2040 para preparar Minas e o Brasil para um novo ciclo de prosperidade.

Os três pilares – diversificação da economia, adoção de tecnologias verdes e redução das desigualdades regionais e sociais – apontam para a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento, capaz de equilibrar estabilidade macroeconômica com geração de riqueza duradoura. E, diante das pressões imediatas, torna-se ainda mais urgente planejar o futuro.

Sob esta perspectiva, o ex-presidente do Banco Central (BC), Gustavo Loyola, não acredita que a autoridade monetária terá condições de começar a reduzir a taxa básica de juros (Selic) ainda este ano. Segundo o economista, a autarquia deverá ter condições de reduzir a Selic somente no próximo ano, para até 13% ao ano. Loyola também acredita que a economia mineira deverá apresentar um crescimento menor neste ano, mas acima da média nacional.

Moedas
Foto: Reprodução Adobe Stock

“Não há perspectiva de redução dos juros neste ano. A inflação continua muito acima da meta, embora esteja caindo, e as incertezas são muito grandes. E também vamos adicionar a situação fiscal, que continua bastante complicada”, afirma.

Já em relação ao crescimento econômico do País, o economista projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deverá apresentar um avanço de 1,8% a 1,9% neste ano, com um crescimento menor no segundo semestre do que o registrado na primeira metade do exercício. “É um resultado bom, dadas as circunstâncias que envolvem taxa de juros elevada e mundo mais incerto, com as questões tarifárias. A perspectiva que vejo para o Brasil é de um crescimento menor”, avalia.

Em relação à economia do Estado, o ex-presidente do BC analisa que Minas Gerais deverá vivenciar uma situação semelhante à do País, com uma perspectiva de menor crescimento econômico, mas ligeiramente superior. Loyola ressalta, porém, a dificuldade de se fazer projeções econômicas em meio ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Alguns setores continuam fortes, como agronegócio e mineração, e outros poderão ser mais afetados. De toda maneira, a economia mineira pode ter um crescimento melhor que o PIB nacional. Enfim, existe muita incerteza em relação ao tarifaço”, reforça.

Também por esse motivo, o economista destaca que os governos estadual e federal devem buscar políticas econômicas que incluam corte de gastos públicos, equilíbrio fiscal e incentivo ao empreendedorismo, com menos barreiras burocráticas para o setor privado e mais concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs) para aumentar o investimento em alguns setores. Esta seria uma forma de tentar compensar essa queda de ritmo.

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