Bolsonaro anuncia que governo deve prorrogar o auxílio emergencial
Brasília – O presidente Jair Bolsonaro afirmou nessa quinta-feira (20) que o governo está negociando um meio termo entre R$ 200 e R$ 600 para o valor do auxílio emergencial concedido devido à pandemia de coronavírus para que o benefício seja prorrogado, possivelmente até o fim do ano.
Segundo o presidente, não é possível manter os R$ 600 mensais das parcelas anteriores, já que o endividamento do país pode comprometer a credibilidade. Ao mesmo tempo, Bolsonaro disse que uma das propostas aventadas pelo Ministério da Economia, de R$ 200, não é suficiente.
“Então R$ 600 é muito. O Paulo Guedes fala, alguém falou na Economia, em R$ 200. A gente acha que é pouco, mas dá para chegar num meio termo e nós buscarmos que ele venha a ser prorrogado por mais alguns meses, talvez até o final do ano”, disse Bolsonaro em cerimônia de sanção de medidas provisórias para facilitar o acesso ao crédito.
“Se o País se endivida demais, você acaba perdendo a sua credibilidade para o futuro”, acrescentou.
Ao comentar conversa sobre o tema com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em café da manhã ontem no Palácio da Alvorada, Bolsonaro argumentou que “R$ 600 pesa muito para a União”.
Maia é um dos que defendem uma solução para a renovação do auxílio, mas se resguarda e reitera que a saída só poderá ser encontrada mediante articulação com o Executivo.
A equipe econômica estuda a edição de uma medida provisória para a concessão do auxílio emergencial para além de agosto, mas a um valor abaixo dos R$ 600, enquanto segue analisando a focalização de programas sociais para vitaminar o Bolsa Família e torná-lo uma marca da gestão de Bolsonaro, segundo dois integrantes do time.
Na cerimônia de ontem, o presidente voltou a dizer que seu governo estava no “caminho certo” no início da pandemia, quando externou a preocupação com a economia e se manifestou contra a paralisação das atividades econômicas devido à pandemia, diante dos efeitos da crise do coronavírus.
Também reiterou seu discurso de que os efeitos da crise na economia são piores do que os causados pelo novo vírus, e aproveitou ainda para classificar as medidas tomadas pelo governo como “excepcionais”. Para Bolsonaro, não houve exemplo no mundo de um enfrentamento desta “questão” melhor do que o Brasil.
Apesar disso, O Brasil tem a segunda pior epidemia de Covid-19 do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, com mais de 3,4 milhões de casos confirmados da doença e quase 110 mil óbitos. (Reuters)
Guedes diz que economia se recupera em “V”
Brasília – O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu ontem que, com a força da construção civil, exportações firmes e programas de crédito, o Brasil está se recuperando da crise em V, mas “um V da Nike”, com volta mais lenta do que a queda.
De acordo com o ministro, a economia será impulsionada até o final de 2020 por outras iniciativas além do auxílio, como o saque do FGTS e por medidas de crédito já anunciadas no passado, mas que foram reformuladas, voltadas principalmente a pequenas e médias empresas.
O presidente da Reúplica, Jair Bolsonaro, sancionou ontem o Pese, programa de financiamento à folha de pagamento das empresas, que após mudanças aprovadas no Congresso passou a abarcar um teto mais alto de faturamento dos negócios elegíveis (de R$ 10 milhões para R$ 50 milhões), além do aumento no prazo de financiamento de dois para quatro meses e contrapartidas menos rígidas para a liberação dos recursos.
Originalmente, o programa tinha orçamento de R$ 40 bilhões, dos quais R$ 34 bilhões do Tesouro. Como foram liberados somente R$ 4,5 bilhões até aqui, os parlamentares acabaram aprovando também o redirecionamento de R$ 12 bilhões do Pese para uma nova rodada do Pronampe, programa de garantia da União para crédito às micro e pequenas empresas.
Lançado em julho com orçamento de R$ 15,9 bilhões, o Pronampe teve seus recursos esgotados em um mês de operação.
O governo sancionou ainda o Programa Emergencial de Acesso a Crédito (Peac) a pequenas e médias empresas, de garantia de parte dos empréstimos feitos por bancos a esses negócios mediante aporte de até R$ 20 bilhões do Tesouro no Fundo Garantidor para Investimentos (FGI), administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Guedes estimou que esse programa irá alavancar até R$ 100 bilhões em crédito. Uma das novidades aprovadas no Congresso foi a instituição do Peac-Maquininhas, uma modalidade de crédito garantido por vendas com máquinas de pagamento digital. Para funcionar, essa perna do programa ainda terá que ser regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
“Quando você bota isso tudo junto, tem uma onda de 33% do estoque de crédito para pequenas e médias e empresas. O estoque é em torno de R$ 600 bilhões e vem aí entre R$ 200 e R$ 300 bilhões nesses próximos três, quatro meses, até o fim do ano”, afirmou o ministro.
Segundo Guedes, com as iniciativas já adotadas será possível ir aprofundando, em paralelo, as reformas para que o Brasil em 2021 volte ao trilho do crescimento sustentável. Nesse sentido, ele avaliou que a regra do teto de gastos é “indispensável”.
Em meio a rumores sobre seu enfraquecimento à frente do ministério, Guedes voltou a tecer elogios a Bolsonaro e indicar a existência de uma relação de confiança com o presidente.
“Desde que eu conheci o presidente eu confiei e ele não faltou a confiança nunca, e eu espero também não ter faltado em nenhum momento. Nós estamos juntos”, disse o ministro, frisando que quem tem os votos é Bolsonaro e quem faz o timing das reformas é a política. (Reuters)
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