Política

Fim das atividades no Carlos Prates impactou empresas e empregos

Fechamento aeródromo foi tema de audiência pública na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) e contou com a presença da Associação Voa Prates e parlamentares
Fim das atividades no Carlos Prates impactou empresas e empregos
Crédito: Aeroin / Divulgação

O Aeroporto Carlos Prates, localizado na região Noroeste de Belo Horizonte, desativado pela União em abril do ano passado, foi tema de audiência pública na tarde de hoje (29) na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). A reunião, marcada pela Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços, teve o objetivo de debater a destinação da área do terminal.

O presidente da Associação Voa Prates, Estevan Velásquez, afirma que ainda dá tempo de consertar o que aconteceu com o aeroporto e retomar as atividades. Ele conta que, desde que o aeroporto foi desativado, várias empresas que estavam instaladas no local foram fechadas e empregos deixaram de existir. “Das 22 empresas que existiam no aeroporto, sete estão em atividade, algumas em Pará de Minas, uma no aeroporto da Pampulha e outras em Itaúna”, diz.

Ele acrescenta que as empresas que sobreviveram não ficaram ilesas aos impactos, pois em busca de adaptação à nova realidade, ficaram menores em outras localidades e cortaram postos de trabalho. Enquanto as 22 empresas estavam em atividade no Aeroporto Carlos Prates, elas empregavam, segundo o dirigente, cerca de 500 pessoas diretamente.

Ele explica que alterar o local para esse tipo de atividade não é uma tarefa simples. “Algumas pessoas podem pensar que é só as empresas mudarem para o Aeroporto da Pampulha. Só que não há espaço disponível e as realidades entre os aeroportos são diferentes. Um aluguel de um espaço para uma aeronave, da mais simples, como se fosse uma espécie de garagem, no Carlos Prates, era por volta de R$ 1,5 mil, já o mesmo tipo de aeronave deve pagar cerca de R$ 10 mil na Pampulha”, observa.

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O dirigente ressalta que não ficou claro o motivo do fechamento do aeroporto. “Quero uma justificativa técnica”, reclama. Para ele, a questão teve uso político.

Não é de hoje que a associação defende a reabertura do equipamento. Em junho de 2023, Velásquez apresentou uma proposta do espaço durante audiência na CMBH como aeroporto de serviços e local de estágios, com escolas de aviação, oficinas e cursos profissionalizantes. O projeto, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), abrange também a criação de um hub de drones, no qual as aeronaves poderiam ser mantidas e fabricadas.

A proposta contempla opções de lazer para a população do entorno, com parque linear, museu interativo de aviação e centro comercial e esportivo. E de área destinada à saúde, com a implementação de um hospital de emergência e transplante, com acesso interno ao aeroporto.

Parlamentares a favor da volta do Aeroporto Carlos Prates

O vereador Braulio Lara (Novo), autor do requerimento da audiência pública, defende a permanência do equipamento que, segundo ele, traz desenvolvimento para Belo Horizonte. “Além disso, percebemos a vocação do Aeroporto Carlos Prates, criado em 1944, para a formação profissional de pilotos”, destaca.

O parlamentar diz que, desde o fechamento do aeroporto, ele percebe a falta de cuidado com um espaço que está largado pelo poder público. “Estamos vivendo na cidade dos absurdos, onde as decisões tomadas parecem não ter compromisso com a população, mas com acenos eleitorais”, critica.

O vereador Jorge Santos (Republicanos) ressalta os empregos perdidos com a suspensão das atividades, além do abandono do local, que pode ajudar na proliferação da dengue. Também criticou o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), pelo corte das árvores na região da Pampulha. “Ele não foi um prefeito escolhido pelo povo”, afirma.

O retorno das atividades do Aeroporto Carlos Prates conta com o apoio de outros vereadores da Capital para além dos parlamentares que estiveram na audiência. Em julho do ano passado, 22 vereadores de Belo Horizonte divulgaram um manifesto público em prol do terminal, com pedido de retorno imediato das operações.

O documento foi protocolado no Ministério de Portos e Aeroportos, na Presidência da República e na Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). No texto, eles alegam ser “falso” o argumento de que as operações do aeroporto sejam inseguras e levantam outras considerações.

Durante a audiência pública, moradores do entorno do aeroporto reclamaram do abandono do local e receio de que o espaço vire espaço para a proliferação do mosquito-da-dengue.

Cessão do terreno

No dia 8 de fevereiro deste ano, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e o governo federal assinaram um contrato de cessão gratuita de parte do terreno onde funcionava o aeroporto. Dessa forma, a área passou à responsabilidade do município por um período de 20 anos, prorrogáveis, e será destinada ao Parque Público Maria do Socorro Moreira, cabendo ao Executivo municipal a responsabilidade pelas obras.

No mesmo dia foi assinado Acordo de Cooperação Técnica (ACT) para discutir projetos para o uso do restante do terreno, que totaliza em torno de 450 mil metros quadrados. Um grupo técnico com representantes da PBH e da União terá o prazo de seis meses para elaborar uma proposta para instalação de equipamentos públicos e construção de unidades habitacionais.

A Prefeitura de BH chegou a apresentar ao governo federal um projeto para a construção de um novo bairro, que receberá moradias, centro de saúde, UPA, escolas, parques e área de esportes e lazer, dentre outros equipamentos de interesse público.

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