Governo deve entregar plano de vacinação semana que vem
Brasília – O Ministério da Saúde pretende entregar, até o final da próxima semana, aos estados e municípios o plano de vacinação para a Covid-19, que deve prever uma campanha nacional, inicialmente direcionada a grupos prioritários como profissionais de saúde, idosos e pessoas com comorbidades, a partir de janeiro de 2021.
Coordenador do grupo sobre vacinas do Fórum de Governadores, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), explica que a intenção inicial era que o planejamento estivesse pronto até o final desta semana, mas o atraso fez com que a proposta, que está sendo elaborada por um comitê formado pelo governo federal, estados, municípios e outras entidades associadas, fosse adiada para a primeira semana de dezembro.
Ainda assim, o plano deverá ficar pronto antes da aprovação e registro das vacinas mais adiantadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que pode levar a adaptações posteriores.
O governador diz que a expectativa é de que o País tenha, já em janeiro, imunizantes para 40 milhões de pessoas, o que seria o suficiente para cobrir os grupos prioritários, contando todas as propostas hoje existentes das vacinas em estágio mais avançado.
“Seriam 40 milhões de doses da produção do Butantan (que trabalha com a vacina chinesa Coronavac). A Fiocruz diz que, para fevereiro de 2021, teria previsão de entrega de outras 40 milhões de doses (da vacina AstraZeneca/Oxford)”, explicou o governador.
A distribuição das vacinas deve seguir a logística do Plano Nacional de Imunizações, com o material sendo distribuído aos estados por caminhões – nesse caso, refrigerados – mas podendo ser usados aviões e barcos no caso de municípios isolados, especialmente na região da Amazônia.
Documento do Ministério da Saúde aponta que todos os estados brasileiros têm “redes de frio” que possibilitam o armazenamento em -20 graus Celsius, o que resolve o armazenamento da maior parte dos imunizantes. A exceção seria a vacina da Pfizer, que precisa de armazenamento em -70 graus. O ministério ainda estuda o que é possível fazer caso o governo federal venha a adquirir essa vacina, que é hoje uma das mais adiantadas em pesquisa.
A intenção é que todos os estados recebem as vacinas de forma simultânea. Está sendo analisada a possibilidade de que locais com um surto tenham prioridade, mas os governadores defendem um início conjunto da campanha para todos.
“Se eu aqui tenho a vacina e o Maranhão não tem, pessoas de lá podem querer vir aqui tomar e vice-versa. Isso atrapalha a logística dos estados”, argumentou Wellington Dias.
Agendamento – Uma das propostas dos governadores é que seja feita a campanha nacional como chamamento da população, mas o comparecimento da população seja feito por agendamento, por telefone ou preferencialmente por internet. A intenção é evitar filas e aglomerações – especialmente de pessoas em grupo de risco – em um momento em que o País pode estar enfrentando uma segunda onda da doença. Segundo Wellington Dias, o ministério ainda não respondeu a essa proposta.
Outra preocupação, que poderia ser amenizada com o agendamento, é acompanhar qual vacina e qual a dose foi tomada pelo paciente, já que a tendência é o País trabalhar com a aquisição de diferentes tipos de vacinas e, até agora, todas elas usam pelo menos duas doses.
Estados e municípios trabalham também no levantamento de dados de pessoal não apenas de saúde, mas de transporte e de vigilância que poderão ser acionados, assim como as necessidades de equipamento de armazenamento, de comunicação e de distribuição interna dos medicamentos.
“A intenção é que tudo esteja pronto para que possamos agir o mais cedo possível e da forma mais organizada possível”, disse o governador.
O Ministério da Saúde estabeleceu dez eixos de preparação para o plano, que estão sendo trabalhados por comitês formados pelos três níveis de governo através do ministério e dos conselhos de secretários estaduais e municipais de saúde, mas também por grupos do Instituto Butantan, da Fundação Osvaldo Cruz, Anvisa, representantes dos conselhos de sanitaristas e de epidemiologistas.
Entre os eixos estão o acompanhamento da situação epidemiológica, que também identifica as comorbidades com maiores riscos para a Covid-19, os grupos prioritários e também a situação de armazenamento da vacina.
Outro eixo trata ainda da operacionalização da campanha em si, para estabelecer público-alvo, distribuição de doses para cada estado, meta de vacinação, fases, etc.
Há ainda eixos para acompanhamento do desenvolvimento das vacinas que estão em curso, orçamento, monitoramento de efeitos adversos no caso da vacinação em massa, sistema de informação para rastrear a aplicação e a cobertura vacinal e para um plano de comunicação, entre outros. (Reuters)
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