Política

Em café com jornalistas, Lula fala de Petrobras, BC, crise com Congresso, greve e reforma

O café de Lula com jornalistas nesta terça-feira foi o primeiro deste ano. Veja tudo o que foi abordado pelo presidente.
Em café com jornalistas, Lula fala de Petrobras, BC, crise com Congresso, greve e reforma
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na manhã desta terça-feira (23), que a economia brasileira vai crescer mais do que os especialistas falaram até agora. Durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília, Lula também abordou assuntos como a gestão da Petrobras, o embate com o Congresso, a greve dos servidores, a reforma tributária, o presidente do Banco Central, reforma ministerial, o ato de Bolsonaro, dentre outros.

O café de Lula com jornalistas nesta terça é o primeiro deste ano. Em 2023, foram quatro. Diferentemente dos outros cafés, o encontro com os jornalistas desta vez foi transmitido ao vivo pelos canais oficiais do governo.

Participam do encontro desta terça: Folha de S.Paulo, Estado de S. Paulo, g1, Bloomberg, Valor, Canal Meio, O Globo, BandNews, ICL, Correio Braziliense, Broadcast, Jovem Pan, CBN, Metrópoles, Rádioweb, Reuters, TV Brasil, TV Record, TV Gazeta, My News, Veja, Poder360, UOL, Brasil de Fato, Carta Capital, Jota, DCM, O Tempo, R7, Rede TV, SBT, CNN, Revista Fórum, BBC Brasil, Itatiaia, Meio Norte, GloboNews.

Veja, a seguir, os principais pontos abordados pelo presidente Lula sobre economia e política, em resposta a jornalistas.

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Embate com o Congresso

O presidente Lula tentou minimizar a crise com o Congresso Nacional e, após uma série de embates que mobilizou seu governo nos últimos dias, negou haver problemas de relacionamento com o Legislativo e tratou dos episódios recentes como “coisas normais da política”.

“Eu sinceramente não acho que a gente tenha problema no Congresso. A gente tem situações que são as coisas normais da política. Vamos só lembrar um número. Nós temos 513 deputados e meu partido só tem 70. Nós temos 81 senadores e o meu partido só tem 9”, afirmou o presidente, comentando que seu governo não tem maioria no Legislativo.

“A gente não vai viver em uma eterna briga. Porque se você optar pela briga não aprova nada. O país é prejudicado, vamos conviver com todo mundo”, afirmou Lula, que no dia anterior havia cobrado seus ministros para reforçar a articulação política.

O presidente se recusou a relatar os termos tratados no encontro que teve na noite de domingo (21) com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Disse que se tratou apenas de uma “conversa” e não de uma “reunião”, do contrário teria levado os seus líderes do Congresso. “Como é conversa entre dois seres humanos, eu peço a vocês que não sou obrigado a dizer a conversa que eu tive com Lira”, afirmou.

Reforma tributária

O presidente defendeu manter na regulamentação da reforma tributária o mesmo relator do texto da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) sobre o tema aprovada no ano passado, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

Ao menos um dos projetos de lei da regulamentação deve ser encaminhado ao Congresso ainda nesta semana. Segundo Lula, o texto do governo foi fechado na segunda-feira (22).

Lula ressaltou que a indicação do relator é prerrogativa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas afirmou que o deputado está familiarizado com o tema e as negociações, o que pode facilitar na tramitação do texto.

“Ontem nós fechamos a proposta final daquilo que vai [para o Congresso] para regulamentação da reforma tributária […]. O que seria ideal, do ponto de vista dos interesses da Fazenda, que já trabalhou na aprovação do projeto principal, é que você tivesse o mesmo relator. O cara já está familiarizado, participou de todas as discussões, você poderia ganhar tempo”, disse.

Banco Central

O presidente indicou que não vai antecipar a troca do chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto, acrescentando que tem “toda a paciência do mundo”. Campos Neto deve deixar o cargo ao fim deste ano.

Lula disse ainda que conviveu com o atual presidente da instituição, indicado pelo governo Jair Bolsonaro (PL), por um ano e quatro meses, então “não tem problema viver mais seis”.

“Tenho que indicar mais diretores e tenho que indicar o presidente do Banco Central até o final do ano. Só tenho que decidir se vou antecipar ou se deixo para indicar mais próximo do vencimento do mandato do presidente Roberto Campos. Então, quem já conviveu com Roberto Campos um ano e quatro meses, não tem problema viver mais seis meses”, afirmou.

O presidente, no entanto, voltou a criticar o patamar da Selic, uma constante em seus discursos desde o início do mandato, o que já rendeu crises com o chefe do BC. “O mercado está ganhando muito dinheiro com essa taxa de juros. Isso precisa ficar claro para a sociedade. E o presidente do Banco Central tem que saber que quem perde dinheiro com essa taxa de juros alta é o povo brasileiro, são os empresários brasileiros que não conseguem dinheiro para investir. É isso que está em jogo”, acrescentou.

Hoje a Selic está a 10,75%, patamar ainda considerado alto pelo governo.

Petrobras

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou que exista uma crise na Petrobras e acrescentou que a empresa está “tranquila”. Lula ainda disse que é normal haver desentendimentos e que muitas vezes uma fala mal colocada pode criar “uma semana de especulação”.

“A Petrobras nunca teve crise. A crise da Petrobras é o fato de ela ser uma empresa muito grande”, afirmou o presidente. “O fato de você ter um desentendimento, uma divergência, uma colocação equivocada faz parte da existência do ser humano. Quando Deus nos fez, que deu boca, já estava previsto isso”, afirmou o presidente.

Lula fala em crescimento da economia

“A economia em 2024 vai crescer mais do que todos os analistas econômicos falaram até agora, todos, sem distinção. E vai crescer porque as coisas estão acontecendo no Brasil”, disse Lula.

“Vocês vão constatar que, nunca antes na história do Brasil, houve uma quantidade de política de inclusão social colocada em prática, algumas que já tínhamos feito e que tinham desaparecido e que estão voltando agora. E outras que começam a voltar.”

Lula disse que o anúncio realizado nesta segunda-feira (22) de facilitação de crédito e renegociação de dívidas de microempreendedores individuais (MEI) e micro e pequenas empresas foi o grande último anúncio feito para preparar o país para o crescimento. “Nós semeamos a terra, plantamos a semente, adubamos, cobrimos a terra, estamos aguando, agora, é para colher.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta segunda-feira (22), a medida provisória (MP) que cria o Programa Acredita, um pacote de ações de acesso a crédito e renegociação de dívidas de microempreendedores individuais (MEI) e micro e pequenas empresas | Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta segunda-feira (22), a medida provisória (MP) que cria o Programa Acredita, um pacote de ações de acesso a crédito e renegociação de dívidas de microempreendedores individuais (MEI) e micro e pequenas empresas | Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Gasto e investimento

Lula entende que o Brasil vive um bom momento e, como presidente, se sente “extremamente satisfeito”. O presidente, no entanto, criticou que muitas vezes os investimentos feitos no país são vistos apenas como gastos. O presidente explicou que considera que investimentos em educação e, consequentemente, ter mão de obra qualificada, e oferecer crédito fazem um país crescer.

“O problema é que tudo no Brasil é tratado como gasto. Emprestar dinheiro para pobre é gasto, colocar dinheiro na saúde é gasto, colocar dinheiro na educação é gasto, colocar dinheiro em qualquer coisa, é gasto. A única coisa que não é gasto é superávit primário. Parece que a única coisa que se trata como investimento é isso. O que é gasto? Eu sempre brigo com isso, porque, no Brasil, às vezes, a gente discute coisas muito secundárias”, avaliou o presidente Lula.

Credibilidade externa

Lula destacou o momento de recuperação gradativa da produção de veículos no Brasil e inauguração de fábricas. Segundo ele, os investimentos no país estão retornando, sobretudo, com os últimos anúncios na indústria automobilística. Para ele, o Brasil voltou a ter confiança no mercado internacional.

“O que aconteceu é que todas as empresas, sem distinção, anunciaram muito investimento [no país]. Em uma demonstração de que o Brasil goza, hoje, que uma credibilidade externa que a gente não tinha nem nos meus primeiros dois mandatos. A nossa volta e a garantia do processo democrático neste país geraram uma expectativa extraordinária”.

Reforma ministerial

O presidente Lula também negou que vá realizar uma reforma ministerial em breve, apesar de interlocutores apontarem que alguns integrantes do seu governo não têm agradado o Planalto.

“Não existe reforma ministerial nesse instante. Única coisa na minha cabeça é que esse pais tem que dar certo porque o povo brasileiro precisa disso”, afirmou.

Greve dos servidores

Em meio à disseminação de greves no setor público, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as categorias “pedem o quanto eles querem”, mas o governo dará “o quanto pode” de aumento para o funcionalismo.

“Estamos preparando aumento de salário para todas as carreiras. E vão ter aumento. Nem sempre é tudo o que a pessoa pede. Muitas vezes é aquilo que a gente pode dar”, afirmou. “Vamos negociar com todas as categorias. Ninguém será punido neste país por fazer uma greve. Eu nasci fazendo greve. É um direito legítimo. Só que eles têm que compreender que eles pedem quanto eles querem, a gente dá quanto a gente pode”, completou.

Bolsonaro

O presidente Lula (PT) chamou a manifestação de Jair Bolsonaro (PL) em Copacabana, no Rio de Janeiro, de “ato de fascista” e disse não se preocupar.

“Não vi o ato porque estava fotografando o Minha Casa Minha Vida do [pássaro] João de Barro. Descobri quatro casas de João de Barro e resolvi fazer um filme para publicar na internet, por isso não vi [manifestação]. Não me preocupa atos de fascista, não. Me importa o seguinte: vou fazer esse país dar certo”, afirmou Lula, em relação à manifestação de Bolsonaro no domingo (21).

Reunião com outros presidentes democratas

O presidente disse que pretender organizar um encontro com chefes de governo de países dito democratas para definir uma atuação coordenada para fazer frente ao crescimento da extrema-direita.

“Estou querendo organizar com os chamados presidentes democratas para definir uma estratégia para enfrentar o crescimento da extrema-direita”, afirmou.

Para Lula, os setores de esquerda, progressistas e democráticos têm que se organizar em nível internacional para fazer esse tipo de enfrentamento.

O presidente afirmou, a título de exemplo, que os Estados Unidos eram o espelho fantástico da democracia e hoje há pessoas presas pela invasão ao Capitólio.

Cervejinha e picanha

O presidente Lula afirmou não ter esquecido do preço “da cervejinha e picanha”, uma de suas promessas de campanha. O chefe do Executivo disse ainda que ou diminui o preço da comida ou aumenta o salário das pessoas.

“Tudo isso vai acontecer, no momento que as coisas começaram a acontecer, o povo vai fazer avaliação correta do que está acontecendo no presidente. Podem não gostar de um presidente, mas vão gostar das políticas que está sendo colocada em prática nesse país, isso também já aconteceu no Brasil. Não tenho nesse instante preocupação [com pesquisas de aprovação]”, disse.

“Pensa que esqueci da cervejinha e da picanha? Não esqueci. Preço da carne já abaixou mas tem que baixar mais, muito mais. Ou abaixa preço da comida ou sobe salario do povo”, completou. (Com informações da Agência Brasil e Reuters)

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