Lula faz rodada final de conversas para definir nome ao STF diante de resistência a Messias
Sob pressão do Senado, o presidente Lula (PT) deverá fazer uma rodada de conversas nos próximos dias para definir quem indicará para a vaga de Luís Roberto Barroso no STF (Supremo Tribunal Federal).
Auxiliares do petista dizem que ele mantém a decisão de indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, mas há um movimento no Senado para que ele escolha o ex-presidente da Casa Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Cabe aos senadores aprovar o nome do indicado de Lula após sabatina.
O preferido dos parlamentares tem como principal fiador o atual chefe da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que é hoje um dos principais aliados de Lula no Congresso.
Alcolumbre esteve com o petista no final de outubro, antes de o presidente viajar para a Ásia. A expectativa era que o chefe do Executivo anunciasse o nome de Messias após o encontro, mas ele resolveu adiar esse movimento. Na reunião, o presidente do Senado apontou sua preferência por Pacheco e alertou o petista de dificuldades para aprovação do nome de Messias na Casa.
Há um receio entre senadores de que Messias possa virar um “novo Flávio Dino”, em referência ao ministro do Supremo que, após ser indicado ao STF, abriu uma cruzada para dar mais transparência à execução de emendas parlamentares, irritando congressistas.
Um líder do centrão diz que sem apoio de Alcolumbre e Pacheco, dificilmente o nome de Messias será aprovado no Senado -e lembra o placar não muito confortável da aprovação do nome de Dino para a corte, 47 a 31.
De acordo com aliados, Pacheco já foi informado por emissários de Lula de que será procurado pelo presidente da República nos próximos dias. Inicialmente, os dois tinham uma conversa prevista para quando o petista voltasse de viagem oficial da Ásia, mas ela não acabou ocorrendo diante da crise de segurança deflagrada pela megaoperação no Rio de Janeiro.
Agora, coube ao líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), dar o recado a Pacheco na manhã desta quarta (12) de que ele deverá ser chamado por Lula. Jaques esteve na véspera com o petista numa conversa no Palácio da Alvorada e tratou, entre outros temas, da indicação ao STF.
A interlocutores, Jaques diz acreditar que Lula segue convencido em indicar Messias e que avalia ser importante que essas conversas aconteçam, até mesmo num gesto do petista com os envolvidos. Lula é próximo de Pacheco e não esconde que gostaria que ele concorresse ao governo de Minas Gerais no próximo ano.
Auxiliares de Lula lembram ainda que o presidente poderá fazer até quatro indicações para o STF em caso de reeleição e que, para esse projeto, contaria com uma candidatura forte em Minas.
Apesar de o presidente já ter tomado a decisão há algum tempo, há aliados que dizem ver chance de recuo diante da resistência ao nome de Messias e da demora em oficializar a escolha.
Um interlocutor frequente de Lula afirma que eventual rejeição ao nome de Messias representaria um enorme desgaste ao petista, às vésperas do ano eleitoral.
Além disso, afirma que Alcolumbre tem sido um aliado importante do Palácio do Planalto no Congresso, num momento em que cresce o sentimento de desconfiança do governo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) -e, dessa forma, defende cautela para evitar desagradar o senador.
Aliados do presidente dizem ainda que ele deverá procurar o ministro Bruno Dantas, do TCU (Tribunal de Contas da União), outro nome cotado para a posição, e ministros do Supremo. Antes de viajar a Belém, para participar da COP30 (conferência de mudanças climáticas) da ONU, o petista conversou sobre o tema com Dino, de acordo com um auxiliar do petista.
Conteúdo distribuído por Folhapress
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