Política

Lula diz que não tem que prestar contas a banqueiros, mas aos pobres

No evento, o presidente Lula também anunciou R$ 2,4 bilhões de investimentos em infraestrutura para a Bahia
Atualizado em 2 de julho de 2024 • 11:44
Lula diz que não tem que prestar contas a banqueiros, mas aos pobres
Foto: Rafa Neddemeyer / Agência Brasil

Salvador, Belo Horizonte e Recife – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, na noite desta segunda-feira (1º), que não tem que “prestar contas para banqueiros”, mas sim à população pobre do Brasil.

“Graças a Deus, enxerguei meu povo e é para ele que tenho que fazer as coisas. Não tenho que prestar contas a nenhum ricaço desse país, a nenhum banqueiro, tenho que prestar contas ao povo pobre, trabalhador desse país, que precisa que a gente tenha cuidado e que a gente cuide deles”, disse o presidente em Salvador, durante cerimônia de anúncios de investimentos na Bahia.

Enquanto defendia o programa Pé de Meia, que oferece auxílio a estudantes do ensino médio para evitar a evasão escolar, Lula afirmou que “o tal do mercado” critica o governo “todo dia”.

“A gente precisa cuidar das crianças, alfabetizar as crianças. Não foi fácil criar o Pé de Meia, um programa que custa R$ 7 bilhões. O tal do mercado, que nos critica todo dia, dizia ‘O Lula tá gastando dinheiro, para que gastar dinheiro com Pé de Meia’. Eu preciso gastar para estudar do que gastar para colocá-lo na cadeia quando eles não aprenderem uma profissão”, afirmou.

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O evento em Salvador foi o segundo do presidente na Bahia nesta segunda. À tarde, Lula participou da inauguração de um trecho da duplicação BR-116 entre as cidades de Santa Bárbara e Feira de Santana.

No evento, o presidente Lula também anunciou R$ 2,4 bilhões de investimentos em infraestrutura para a Bahia. Dentre eles, está a pavimentação de 194 quilômetros da BR-030 no oeste baiano, entre os municípios de Cocos e Mambaí.

Na cidade, o presidente deu entrevista a uma rádio local em que voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “O que você não pode é ter um Banco Central que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação. Não precisamos ter política de juro alto neste momento, a taxa Selic a 10,5% está exagerada”, afirmou.

No evento em Feira de Santana, também foi assinada a portaria de autorização de contratação de empreendimentos habitacionais da nova seleção do Minha Casa, Minha Vida em um total de 1.075 unidades habitacionais.

Nesta terça, o presidente vai participar do cortejo do 2 de Julho, em alusão à Independência da Bahia. Depois, segue rumo ao Recife para dois atos na capital pernambucana, fechando a viagem de dois dias no Nordeste brasileiro.

Lula diz que governo ‘tem que agir’ contra alta do dólar e volta a criticar BC

O presidente afirmou que o Banco Central é uma instituição de estado e não pode estar a serviço do sistema financeiro. Ele também voltou a dizer que o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, tem viés ideológico.

“A gente precisa manter o Banco Central funcionando de forma correta, com autonomia, para que seu presidente não fique vulnerável às pressões políticas. Se você é democrata, permite que isso aconteça. Quando é autoritário você resolve fazer com que o mercado se apodere da instituição”, afirmou Lula em entrevista à rádio Sociedade da Bahia.

“O Banco Central é uma instituição do estado, não pode estar a serviço do sistema financeiro, do mercado”, disse o presidente.

Lula voltou a afirmar que há uma especulação dos operadores financeiros a favor do dólar e contra o real e que o governo tem que “fazer algo sobre isso”.

“Óbvio que me preocupa essa subida do dólar, é uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real nesse país. Na quarta-feira vou ter uma reunião, porque não é normal o que está acontecendo”, disse o presidente. Questionado sobre que medidas o governo faria nesse caso, ele evitou detalhar com a justificativa de que estaria “alertando” os seus adversários.

O presidente também repetiu ataques a Campos Neto, que chegou à presidência do BC indicado por seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Não dá para ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político, definitivamente eu acho que ele tem viés político. Eu não posso fazer nada, tenho que esperar ele terminar o mandato”, afirmou Lula.

O presidente tem repetido suas críticas ao BC e ao presidente da entidade em suas viagens pelo país. Desde que questionou em entrevista ao UOL, na semana passa, a necessidade de cortar gastos, o dólar engatou uma sequência de alta, e fechou na segunda (2) a R$ 5,65, no maior patamar desde janeiro de 2022.

Nesta terça, o presidente disse que não cortará benefícios direcionados aos mais pobres para fazer ajuste fiscal, mas abriu a porta para corte de gastos.

“Falei com o Haddad que se alguém tiver gastando alguma coisa que não seja necessário, a gente para. Porque não vou jogar dinheiro fora”, afirmou na entrevista à rádio local.(João Pedro Pitombo, Arthur Búrigo e José Matheus Santos)

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