Mansueto avalia que crescimento da economia este ano será melhor que 2023 no Brasil

Rio de Janeiro – O crescimento da economia do Brasil em 2024 será melhor que em 2023, ainda que seja menor, avalia Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro Nacional e atual economista-chefe do BTG Pactual. Ele afirma que, no ano passado, o crescimento da economia esteve focado no primeiro semestre, pelo bom desempenho do setor agropecuário, mas setores como indústria e varejo não obtiveram bons resultados. Para este ano, o economista prevê que o crescimento seja mais disseminado entre os setores.
Em 2024, a economia do Brasil deve crescer 2%, após registrar um crescimento de 2,9% no ano passado. “Isso não é um ano ruim, é um ano de forte recuperação da indústria e do varejo. A gente espera uma recuperação forte do comércio”, afirma Mansueto Almeida durante o Fly Now, evento da Cimed em São Paulo com seus parceiros e fornecedores.
O otimismo de Mansueto Almeida é calcado nas projeções do banco de investimentos, com crescimento real na renda média da população e diminuição da taxa de desemprego este ano. Esses fatores, somado à diminuição da taxa de juros, fará o consumo das famílias acelerar em 2024. Até por isso, a expectativa de crescimento é de 2% “com viés de alta”, segundo o economista.
Transformações do Brasil mudaram realidade da economia, afirma Mansueto Almeida
Problema recente no País nos últimos anos, o terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caminha para terminar com a menor inflação acumulada de todos os mandatos presidenciais desde a criação do Plano Real, afirma Mansueto. O cenário é ideal para o desenvolvimento econômico das empresas. “Quando a inflação fica nesse nível sem oscilações, a gente consegue manter margem (de lucro). Quando tem muitas oscilações, vai para 10%, depois cai muito, isso destrói as margens de lucro das empresas. Não é o caso agora”, disse.
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Além disso, o economista do BTG aponta que o Brasil alcançou uma mudança estrutural em relação ao saldo da balança comercial. Com histórico de problemas no setor externo, o País atingiu e se estabilizou no patamar dos US$ 100 bilhões. Outro feito alcançado foi a revisão das reservas de petróleo do pré-sal de 5 bilhões de barris para 14 bilhões, o que permitirá que o Brasil aumente sua produção durante todos os anos até o fim da década e se torne exportador do combustível fóssil.
Essas transformações mostram, segundo Mansueto, que o Brasil mudou para melhor, ainda que tenha passado por períodos turbulentos na política recentemente. Como exemplo da realidade urgente de outrora, ele recordou o episódio em que o então presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), há poucos meses da eleição presidencial de 2002, solicitou empréstimo de US$ 30 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
O FMI exigiu a concordância dos quatro primeiros candidatos à presidência nas pesquisas eleitorais para que o empréstimo fosse realizado e, em uma reunião histórica, todos concordaram com a solicitação de FHC. Isso permitiu que o País não ficasse sem reservas internacionais.
Mercado acredita que situação fiscal melhor
Considerado um “calcanhar de aquiles” do setor público pelo economista, o ajuste fiscal é um desafio do governo para este ano, em um País que encontra dificuldades de fechar as contas públicas no azul desde 2014. Ainda assim, Mansueto também está otimista com o governo federal nesta área.
“O governo promete que vai entregar déficit zero, alguém do mercado acredita nisso? Não, mas o mercado acredita que o número vai melhorar substancialmente. É mais ou menos esse o sentimento do mercado, o fato do governo buscar a meta, já é positivo, isso não vai atrapalhar o corte de juros pelo Banco Central”, explica. A ressalva é com a necessidade de um sinal mais assertivo do Executivo de como será o controle da dívida pública, mas o endividamento em si não é considerado uma preocupação.
Infraestrutura é novo caminho de oportunidades no País
Por fim, Mansueto Almeida destaca outra mudança na economia do Brasil na infraestrutura. Antes uma área majoritariamente dominada pelo investimento público, o grande número de alterações na legislação e concessões realizadas – e previstas – recentemente possibilitou a entrada de um grande volume de investimento privado. Isso permitiu que a infraestrutura do País se desenvolva ainda que a taxa de investimento caia, como ocorrido no ano passado. “A gente está numa agenda de infraestrutura hoje muito positiva porque não depende muito do setor público”, comenta.
Este fato ajudará o País a enfrentar um novo desafio: a mudança demográfica. O economista explica que a transição do perfil populacional está muito mais rápida do que o imaginado. Com um rápido envelhecimento da população, o poder público e as empresas precisam investir em inovação e no desenvolvimento da produtividade para enfrentar, no futuro, não o desemprego, mas a falta de mão de obra.
*O repórter viajou a convite da Cimed
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