Paulo Guedes diz que Brasil e EUA negociam acordo comercial

Brasília – O Brasil começou oficialmente a negociar um acordo comercial com os Estados Unidos, disse ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes, acrescentando que as negociações são compatíveis com um acordo comercial recentemente fechado pelo Mercosul com a União Europeia.
Falando em Brasília depois de se reunir com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, Guedes afirmou ainda que os EUA querem maior aproximação com o Brasil, incluindo a chance de vender mais etanol ao País.
Preocupações – O presidente Jair Bolsonaro ecoou ontem as preocupações manifestadas por Ross sobre supostas “armadilhas” no acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia, fechado em junho deste ano.
O comentário de Bolsonaro foi feito depois de um encontro com Ross, que o presidente classificou de excelente.
Ao ser perguntado sobre as restrições feitas pelo secretário norte-americano no dia anterior, em São Paulo, sobre possíveis “pílulas de veneno” que poderiam constar do acordo com os europeus que pudessem impedir um acordo futuro com os EUA, Bolsonaro confirmou que o tema foi tratado em sua conversa.
“Todo mundo está preocupado com algumas armadilhas, todo mundo preocupado com isso aí, que você talvez possa no acordo com Mercosul ter algum problema ao assinar um acordo com os EUA. Isso vai em cima até numa questão de inteligência, todo mundo tem que se preocupar com isso daí, tem que saber se porventura há armadilhas ou se não há, a gente parte do princípio de que não há” afirmou.
O acordo foi fechado com os europeus no final de junho, em Bruxelas, mas ainda precisa ser ratificado pelos Parlamentos de 28 países europeus e pelos quatro Congressos sul-americanos.
Ainda há lacunas no detalhamento do texto do acordo, que não chegou a ser revelado inteiramente, e reclamações de ambas as partes de que há porções pouco claras ainda. No entanto, o governo brasileiro comemorou o fim da negociação, que foi iniciada em 2006, suspensa, e retomada em 2012.
Desmatamento – Bolsonaro disse ontem que o governo está analisando e compilando os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre desmatamento para que possam ser divulgados números exatos.
Bolsonaro ressaltou a jornalistas que “suspeita de desmatamento é uma coisa, desmatamento é outra”.
No último dia 19, o presidente disse que os números divulgados pelo Inpe em julho eram “mentirosos” e chegou a insinuar que o presidente do instituto poderia estar “a serviço de alguma ONG”.
Desde então ele tem insistido que os dados de desmatamento não podem ser divulgados sem passar antes por autoridades.
Bolsonaro também comentou, em entrevista a jornalistas, encontro que teria com o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), no Palácio do Planalto, e recorreu mais uma vez a suas tradicionais analogias com namoro e casamento.
“É o futuro presidente do Supremo. Tenho que começar a namorá-lo a partir de agora”, disse. (Reuters)
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