Política

Relator propõe absolvição de Carla Zambelli em processo de cassação

O deputado Diego Garcia, relator do processo de cassação de Carla Zambelli, apresentou parecer pela manutenção do mandato da congressista, condenada em dois processos pela Justiça.
Relator propõe absolvição de Carla Zambelli em processo de cassação
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), relator do processo de cassação de Carla Zambelli (PL-SP), apresentou parecer pela manutenção do mandato da congressista, condenada em dois processos pela Justiça.

Diego Garcia declarou que não há provas contra ela. O relator assumiu o discurso bolsonarista e colocou Alexandre de Moraes como juiz suspeito porque seria vítima e magistrado. “Encontrei elementos que podem configurar perseguição.”

Moraes não foi o único juiz a decidir pela condenação. A deputada foi considerada culpada pela Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), inclusive com voto de Luiz Fux.

O relator alegou que não teve acesso à principal prova de acusação. Garcia ressaltou que fez o pedido e não houve aval do STF. “O que encontrei foram suspeitas, mas não certeza.”

Para defender a deputada, o relator desqualificou o hacker supostamente contratado por Zambelli. Ele afirmou que Walter Delgatti foi classificado como “mentiroso contumaz” pela Polícia Federal e seu depoimento contra a congressista não era confiável.

De acordo com a investigação, Delgatti invadiu o sistema de Justiça a mando de Zambelli. O hacker confirmou a informação e acrescentou que foi orientado a colocar um mandado de prisão falso contra Moraes.

O relator desqualificou Delgatti, mas considerou declarações de um aliado ao bolsonarismo. Ex-assessor de Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Eduardo Tagliaferro disse que Zambelli era alvo preferencial da investigação no STF, o que reforçaria a alegação de perseguição.

A declaração partiu de um homem com problemas na Justiça. Tagliaferro é réu pelos crimes de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo e obstrução de investigação penal.

Corporativismo do relator

O relator afirmou que a Câmara dos Deputados tem direito de decidir se acata a decisão judicial de perda de mandato. Ele citou o artigo 55 da Constituição, que autoriza os congressistas a avaliarem casos de perda de mandato por “condenação criminal”.

Diego Garcia falou que decisões sobre cassação serão sempre assim de agora em diante. Ele ressaltou que o procedimento será este, sem importar partido ou espectro político do deputado condenado.
O relator tomou medidas que arrastaram a tramitação. Ele consultou o STF sobre usar na CCJ os processos respondidos na Justiça pela deputada e marcou oito depoimentos, incluindo a da própria Zambelli, por videoconferência.

Em entrevista, o relator tentou justificar a demora no caso. Diego Garcia citou a demora na autorização da Justiça italiana para ouvir Zambelli na cadeia e na resposta do STF sobre o processo da deputada.
Quando a tramitação na CCJ terminar, o caso segue para o plenário. São necessários 257 votos (de um total de 513 congressistas) para ocorrer a perda de mandado determinada pela Justiça.

Existe a possibilidade de novo adiamento. Os deputados podem pedir vista, ou seja, solicitar mais tempo para analisar o processo de perda de mandato. Neste caso, eles terão o prazo de suas sessões plenárias, o que significa que a cassação de Zambelli deve voltar à pauta na próxima semana.

Condenação e fuga

Zambelli foi considerada culpada em dois processos. Ambos transitaram em julgado, o que significa que não há mais possibilidades de recursos, e o cumprimento da pena deve começar.

Os casos são os seguintes:

  • Contratar um hacker para inserir um mandato falso de prisão contra Alexandre de Moraes no sistema da Justiça;
  • Sacar uma arma e perseguir um homem em São Paulo na véspera da eleição.

A primeira condenação ocorreu em 16 de maio. O STF determinou cumprimento de dez anos em regime fechado e perda de mandato —medida que a Câmara tem protelado.

O outro veredicto do STF ocorreu em agosto. Ela foi considerada culpada por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal em outro julgamento do STF.

Ao perceber que iria para cadeia, Zambelli fugiu para a Itália. Ela tem cidadania italiana e passou meses foragida até ser presa pelas autoridades locais em julho.

O Brasil pede a extradição da deputada. O caso está em análise. Ao mesmo tempo, a defesa de Zambelli pediu a liberdade, que foi negada por temor de nova fuga.

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