Política

Weintraub anuncia que vai deixar o MEC

Weintraub anuncia que vai deixar o MEC
Crédito: REUTERS/Adriano Machado

Brasília e São Paulo – Abraham Weintraub anunciou ontem, em vídeo ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que está deixando o Ministério da Educação e que irá assumir uma diretoria do Banco Mundial.

“Sim, dessa vez é verdade, estou saindo do MEC, e vou começar a transição agora e nos próximos dias eu passo o bastão para o ministro que vai ficar no meu lugar, interino ou definitivo. Nesse momento eu não quero discutir os motivos da minha saída, não cabe”, disse Weintraub no vídeo ao lado de Bolsonaro.

“O importante é dizer que eu recebi o convite para ser diretor de um banco, já fui diretor de um banco no passado, volto ao mesmo cargo, porém no Banco Mundial. O presidente já referendou”, acrescentou ele.

Weintraub já tinha sua demissão sendo negociada há algumas semanas, mas Bolsonaro não queria deixar que ele, um de seus maiores defensores, saísse sem ter um novo cargo.

A permanência de Weintraub no governo que sempre foi alvo de controvérsia, tornou-se foco de tensão ainda maior do Palácio do Planalto com os demais Poderes depois da divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, em que ele defende que os “vagabundos” sejam colocados na cadeia, “a começar pelo STF”, em referência aos ministros do Supremo Tribunal Federal.

A declaração rendeu a Weintraub uma investigação no âmbito do inquérito das fake news, que apura notícias falsas, ataques e ameaças contra ministros do Supremo.

A passagem dele pelo MEC também foi alvo constante de críticas. Recentemente, em meio à pandemia de Covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus, ele resistiu a adiar a data de realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), amplamente usado como prova de entrada em universidades públicas, especialmente as federais.

A confirmação da saída de Weintraub foi vista com bons olhos por parlamentares de várias legendas. Ele não tinha bom relacionamento com a maioria do Parlamento, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já o classificou como “um desastre”.

“A saída do pior ministro da Educação da história é um alívio para milhões de jovens brasileiros”, escreveu no Twitter a deputada Tabata Amaral (PDT-SP).

Para o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio, a manutenção de Weintraub no governo tornou-se “insustentável” depois de ele participar no último fim de semana de um ato antidemocrático contra o Congresso e o STF em Brasília – o que lhe rendeu uma multa de 2 mil reais do governo do Distrito Federal pelo não uso da máscara, que é obrigatório na capital – e pela decisão do plenário do Supremo de rejeitar pedido para retirá-lo do rol de investigados do inquérito das fake news.

“Paralelamente a todos estes fatos, o ex-ministro já vinha num processo de desgaste crescente, particularmente por seus posicionamentos nas redes sociais muitas vezes incompatíveis com a importância do cargo que ocupava”, disse Sampaio, em nota.

Ala ideológica – Economista de formação, Weintraub, de 48 anos, se aproximou de Bolsonaro por meio do atual ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, a quem ele e o irmão, Arthur, são ligados. Durante a campanha de Bolsonaro, fez parte da equipe que elaborou o programa de governo e também atuou na transição, após a eleição de Bolsonaro em outubro de 2018.

No governo, foi um dos assessores de Onyx na Casa Civil até abril de 2019, quando foi nomeado por Bolsonaro para comandar o Ministério da Educação no lugar de Ricardo Vélez, cujo desempenho à frente da pasta vinha sendo criticado pelo presidente.

À frente do Ministério da Educação, Weintraub tornou-se um dos membros mais combativos da ala ideológica do governo Bolsonaro, especialmente em sua conta no Twitter, na qual ele frequentemente atacou adversários e provocou críticas com suas declarações e publicações. (Reuters)

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