Prêmio José Costa

Cufa transforma vidas e amplia conexões empresariais

Cufa transforma vidas e amplia conexões empresariais
FOTO: DIÁRIO DO COMÉRCIO / ALESSANDRO CARVALHO

Se o empreendedorismo por si só é vocação, em comunidades periféricas e permeado por situações adversas ele se torna também uma necessidade. Nas vilas e favelas empreender é sinônimo de comida na mesa, contas pagas e dignidade. Quem vive em meio a este cenário entende bem essas peculiaridades, se compadece dos desafios e colabora para o florescer dos negócios. 

Mas e quem não vê de perto essa jornada, não enxerga os obstáculos e tampouco faz algo para ajudar? Esses têm a possibilidade de conhecer a realidade do outro lado do muro, por meio do trabalho realizado pela Central Única das Favelas (Cufa).

Presente em todos os estados do Brasil mais o Distrito Federal, além de diversos países, a instituição foi criada há 27 anos no Rio de Janeiro e promove atividades culturais relacionadas a esporte, educação, cidadania e arte, através da cultura Hip-hop, promovendo a integração e inclusão social da favela. Frisa-se aqui que a Central tem a Favela Holding como mantenedora, um grupo com mais de 20 empresas voltadas para a favela e que se tornou seu braço econômico. 

“A Cufa atua para que o empreendedor da favela consiga ter um mínimo de planejamento, de forma acabar com a necessidade de trabalhar hoje para comer amanhã. Fazendo com que as pessoas entendam que a maioria ali empreende não por escolha, mas por necessidade. E que é essa necessidade que impacta a economia do País em mais de R$ 2 bilhões por ano”, resume a presidente da Cufa MG, Marciele Procópio Delduque.

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Para isso, a instituição conta com tecnologias sociais como instrumentos, como o Sebrae, entregando capacitação e conexão com grandes marcas. E é também neste contexto que nasce a Expo Favela Innovation, uma feira de negócios cujos expositores são empreendedores das favelas, e o objetivo é dar visibilidade a essas iniciativas, proporcionando palco para o encontro com investidores que possam acelerar esses empreendimentos e gerar negócios.

O evento percorre todo o Brasil com as etapas regionais, realizando a curadoria dos 10 finalistas de cada estado, que definem os concorrentes para a grande final nacional. Mais do que uma feira, a Expo Favela Innovation conta com uma ampla programação, incluindo palestras, workshops, exposições, rodadas de negócios, pitches, mentorias, debates, cursos, shows, filmes, desfiles e muitas outras iniciativas criadas por moradores de favelas de todo o País.

“Esse conjunto de iniciativas visa o fortalecimento econômico local das vilas e favelas, de maneira que toda a sociedade entenda que quanto mais o indivíduo tiver conhecimento e independência financeira, mais rápido conseguiremos fazer a transformação socioeconômica que tanto almejamos. O papel da Cufa neste contexto, é pavimentar a educação empreendedora e as conexões com quem pode amplificar essas vozes”, diz.

Por isso também tanto a Cufa quanto a Expo Favela acabam se ser agraciadas na nona edição do Prêmio José Costa, realizada no último dia 10, em Belo Horizonte, na categoria Geração e Distribuição de Riquezas. E para a representante da instituição em Minas Gerais, essa também é uma maneira de dar ainda mais visibilidade não apenas às iniciativas, mas também aos negócios e empreendedores periféricos.

“O olhar das empresas já mudou muito desde que elas entenderam que vale a pena integrar essa jornada. Já não olham mais para as favelas como exploração, mas como colaboração. Um pouco dessa nova percepção foi trazida pelo ESG e o mais importante desse movimento é que as grandes empresas entenderem que essas conexões promovem ascensão para ambos os lados”, avalia.

E sobre a premiação, Marciele Delduque se diz “sem palavras”. “Essa premiação fala muito para quem é oriundo da favela. Um jornal referência no Estado, que pauta a economia de Minas Gerais, que fala sobre potencialidade e lugares que a favela sequer imaginou um dia estar, reconhecendo a favela. Isso me deixa realmente muito feliz e me faz entender que nosso trabalho tem valido a pena e vem, verdadeiramente, alcançando vidas, e também impactando negócios”, conclui.

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