Sustentabilidade

Por que a ArcelorMittal está na vanguarda da descarbonização

Meta do Grupo é ser carbono neutro até 2050 e, como passo intermediário, reduzir em 25% suas emissões até 2030
Por que a ArcelorMittal está na vanguarda da descarbonização
Fachada do Centro de Inovação e Tecnologia Senai - Crédito Sebastião Jacinto Júnior

Já se foi o tempo em que preservação do meio ambiente e desenvolvimento socioeconômico não andavam lado a lado. Se, no passado, as duas frentes pareciam antagônicas, hoje, cada vez mais, elas se mostram complementares e imprescindíveis para a sobrevivência do planeta. O Acordo de Paris, assinado em 2015, prevê um esforço conjunto de 195 países para reduzir as emissões de gases do efeito estufa na atmosfera e limitar o aumento da temperatura até o final do século 21.

Em uma ampla esteira de ações, cada nação tem suas metas e agentes envolvidos no processo, que, na verdade, diz respeito a todos nós. O Brasil, por exemplo, se comprometeu em reduzir as emissões em 48% até 2025 e em 53% até 2030, contribuindo para um mundo neutro até 2050. E, para isso de fato acontecer, todos os setores deverão dar suas contribuições, incluindo a indústria.

Com uso de tecnologias mais eficientes e crescente participação de fontes renováveis na geração de energia, hoje os processos industriais são responsáveis por cerca de 6% das emissões do País. Mas, assim como as indústrias do mundo todo, internamente o setor também tem estabelecido planos em vistas de zerar a emissão de carbono.

E, nesse processo que já começou, o Grupo ArcelorMittal foi pioneiro ao lançar a meta de ser carbono neutro até 2050 e, como passo intermediário, reduzir em 25% suas emissões específicas até 2030. Por isso, a companhia tem buscado tecnologias disruptivas que serão a chave para entregar ao mercado produtos e soluções que tenham, no seu desenvolvimento e na sua aplicação, respostas para questões ambientais, sociais e econômicas que envolvem a cadeia do aço.

Leia Mais: XCarb: o aço sustentável da ArcelorMittal que promete transformar o futuro da construção

O Grupo já investiu cerca de € 300 milhões no desenvolvimento de tecnologias para redução das emissões por meio de seus Centros de Pesquisa e Desenvolvimento. Estima-se que, até 2030, serão necessários aproximadamente US$ 10 bilhões de investimento nessa jornada, que sempre foi acompanhada de perto desde o início do desenvolvimento das primeiras tecnologias de redução de gases de efeito estufa.

Segundo a gerente de descarbonização e ESG da ArcelorMittal Aços Longos, Luciana Magalhães, as primeiras metodologias começaram a ser traçadas pela companhia no início dos anos 2000, decorrentes do estabelecimento do Tratado de Kyoto, que entrou em vigor em 2005. E o que começou com o desenvolvimento de projetos para geração de créditos de carbono nas diferentes áreas da companhia, tornou-se um dos pilares para o lançamento do compromisso global em 2021, de reduzir as emissões e atingir a neutralidade em 2050.

“Muitas ações estão sendo feitas nesse sentido. No Brasil, eu destaco o Centro CIT/Senai de Descarbonização Industrial, localizado na capital mineira”, cita.

Luciana Magalhães: gerente de descarbonização | Divulgação Arcelormittal

Centro de Descarbonização é fruto de parceria entre ArcelorMittal e Fiemg

Parceria firmada em outubro de 2023, o Centro de Descarbonização foca em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) e vai promover a capacitação de profissionais para trabalhar com essa temática. A estrutura básica do laboratório contará com equipamentos complementares à infraestrutura dos Institutos do CIT/Senai e no local serão desenvolvidas ações e projetos relacionados a biocombustíveis sustentáveis, uso de hidrogênio verde, captura e transformação de CO2, minerais críticos e estratégicos, além de novas tecnologias de produção de aço.

No Centro de Descarbonização, a Fiemg/Senai MG fez um aporte inicial de R$ 34 milhões para a estruturação básica de laboratórios e para alavancagem de projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), voltados para o desenvolvimento de tecnologias e projetos de descarbonização. Com foco em PD&I, o espaço promete desenvolver, em conjunto com outros setores, tecnologias que irão garantir a sustentabilidade das operações, incluindo a capacitação de profissionais para trabalhar com a temática.

O gerente de inovação e tecnologia do CIT/Senai, José Luciano de Assis, explica que o Centro de Descarbonização conta com toda a infraestrutura do próprio CIT/Senai, onde são trabalhados os projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação que permitem apoiar a indústria em suas metas rumo à neutralidade de emissões. “Em geral, as empresas já têm suas estratégias e procuram quem pode apoiá-las. Como temos acesso às linhas de fomento e políticas industriais com abordagens para descarbonização, fazemos essa conexão”, afirma.

Luciana Magalhães conta que a proposta é que o Centro funcione como um hub de pesquisa e aplicação das principais apostas no que tange à descarbonização. Para isso, juntos, iniciativa privada, setor público e academia empenharão esforços em uma mesma direção rumo a posicionar o Brasil e Minas Gerais na vanguarda da neutralidade.

Sobre o interesse da ArcelorMittal em apoiar esse movimento desde sua concepção, a gerente lembra da extensão da cadeia produtiva da indústria siderúrgica. “Temos um trabalho longo de difusão de nossas expectativas e ações para descarbonização, que vai dos fornecedores ao cliente final. Isso inclui políticas de informação, capacitação, desafios e investimentos. Ainda não definimos metas para os fornecedores, porque acreditamos que primeiro precisamos prepará-los para esse novo momento. Em um primeiro momento será necessário atuar com ele, mostrar os caminhos e investimentos necessários para, só depois, cobrar os resultados”, explica.

Primeira iniciativa e pilares

Rodrigo Carazolli, gerente-geral de Inovação e Açolab na ArcelorMittal, explica que o primeiro projeto a ser desenvolvido no hub já está em discussão e a ideia é que envolva a cadeia automotiva, incluindo fornecedores e clientes e, possivelmente, contará com uma linha de fomento. Outros detalhes deverão ser anunciados ainda este ano. “É um projeto estruturante, que pode dar origem a outros”, revela.

José Luciano de Assis, do Senai, cita também alguns dos pilares que o Centro deseja atuar:

  • Transporte, armazenamento e aplicação do hidrogênio verde – analisando todas as vertentes e potenciais desse combustível para a indústria;
  • Captura e reúso do carbono gerado nos processos de produção (monóxido e dióxido de carbono) – como captar ao invés de jogar na atmosfera;
  • Produção de biocombustíveis – com a utilização de biomassa e diferentes tipos de resíduos, principalmente vegetal;
  • Utilização de minerais estratégicos na redução de emissões – a exemplo do lítio utilizado na fabricação de baterias.

Outro investimento da empresa nessa área é junto à Boston Metal, que está desenvolvendo uma plataforma patenteada de eletrólise para descarbonizar a produção de aço primário. A recém-inaugurada unidade piloto da Boston Metal está localizada em Coronel Xavier Chaves, no Campo das Vertentes, e é a primeira do mundo com tecnologia que permite a produção de aço a partir de uma variedade de matérias-primas e teores de minério de ferro. A produtora de aço investiu US$ 36 milhões na nova tecnologia, ainda em fase de desenvolvimento – a Eletrólise de Óxido Fundido (MOE), que utiliza eletricidade para produzir aço fundido por meio de um processo direto de uma única etapa, e capaz de produzir aço líquido relativamente livre de impurezas e sem emissões de CO2 associadas.

Rodrigo Carazolli: gerente-geral de Inovação e Açolab | Crédito NITRO Histórias Visuais

As emissões da indústria do aço

A indústria do aço responde hoje por cerca de 7% a 9% das emissões de CO2 no mundo. No Brasil, devido à matriz de energia elétrica limpa e participação nas emissões de CO2 de outros setores, a média é de 4%. Os números, por si só, já justificam o interesse da ArcelorMittal em colocar a descarbonização como um dos cinco temas centrais (pessoas, segurança, confiabilidade, crescimento estratégico e mudança do clima) dentro de sua estratégia, o que significa um esforço grande no desenvolvimento e aplicação de tecnologias.

Nesse sentido, Rodrigo Carazolli, gerente-geral de Inovação e Açolab na ArcelorMittal, destaca que essas iniciativas contemplam dois horizontes: o de 2030, cuja meta é a redução de 25% das emissões; e o de 2050, que visa à neutralidade de emissões de CO2 líquidas.

“Quando falamos de 2030, nosso roadmap já está traçado e em execução. Já sabemos por onde ir para alcançar essa meta. E tem relação com nossas matérias-primas, bem como ajustes e processos em nossa produção. Já o curso para 2050 envolve mais inovação e vamos precisar trazer outras alternativas para a cadeia produtiva, por meio do desenvolvimento de novas tecnologias, inclusive”, afirma.

Nesse caminho, a produtora de aço estabeleceu estratégias em seus Planos Diretores de CO2 para fazer acontecer a descarbonização. Considerando o horizonte de 2030 seriam eles:

  • Aumento do uso de sucata;
  • Uso de gás natural nos altos-fornos;
  • Maximização do uso de biomassa;
  • Eficiência energética dos processos.

E para o horizonte de 2050, o uso de H2 Verde, bioenergia, Captura e Estocagem ou Uso de Carbono (CCU/S) além do uso de “offsets”.

E, como maior produtora de aço no Brasil e líder mundial, a ArcelorMittal não mede esforços para projetar o futuro. Futuro esse que passa pela transformação de processos e produtos. Para isso, a empresa conta com 14 unidades do Centro de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) espalhados pelo mundo, com mais de 1.700 pesquisadores que ajudam a fomentar parcerias inovadoras com a iniciativa privada e os poderes públicos locais.

Um deles está localizado na unidade de Tubarão, no Espírito Santo. O Centro de P&D do Brasil atende às demandas do negócio em três temas: desenvolvimento de produtos, desenvolvimento de processos e atendimento a clientes. São mais de 200 projetos em andamento no País e 67 instituições acadêmicas parceiras, com mais de 100 estudantes envolvidos.

Carazolli também cita os ambientes criativos que se relacionam ao ecossistema. Por meio deles, a empresa estimula e apoia o desenvolvimento de ideias inovadoras voltadas para a melhoria dos processos internos de produtos e serviços e também direcionadas a contribuir nos esforços mundiais de enfrentamento dos desafios globais da humanidade.

Açolab contribui para metas de descarbonização da ArcelorMittal

Iniciativa pioneira na indústria do aço nacional e dentro do Grupo ArcelorMittal, o Açolab foi inaugurado em julho de 2018 e hoje funciona na sede administrativa da empresa em Belo Horizonte. Ele tem o propósito de acelerar o desenvolvimento de soluções inovadoras e impulsionar a modelagem cultural, por meio de uma abordagem de cocriação, da utilização de metodologias ágeis e do estímulo ao DNA inovador das pessoas. O Açolab já se conectou a mais de 25 mil agentes do ecossistema de inovação aberta do País – entre eles mais de 7 mil startups.

Local de referência do ecossistema de inovação, reúne empregados, clientes, startups, pesquisadores e estudantes, em uma estratégia composta por quatro pilares:

  • Fortalecimento da cultura de inovação;
  • Desenvolvimento de projetos de alto valor agregado;
  • Novos negócios;
  • Investimento em startups;
  • Captação de linhas de fomento;
  • Relacionamento estratégico.

Segundo o gerente de inovação, os projetos acelerados com o apoio do Açolab abrangem toda a cadeia do negócio, desde a produção até a venda do aço, passando também pelos processos de suporte. A metodologia ágil aplicada coloca o cliente ao centro, valorizando as pessoas, o ecossistema de inovação e buscando soluções que agreguem valor para todos os envolvidos.

“E dentro desse contexto que também está a parceria com o Senai, que culminou no Centro de Descarbonização. A partir da atenção da Fiemg em relação às necessidades do setor industrial, e com o compromisso da ArcelorMittal de liderar as transformações rumo à neutralidade, surgiu o projeto que, embora conte com o protagonismo da companhia, não vai atendê-la com exclusividade. É um hub para todo o setor produtivo”, ressalta.

O Açolab conta com um fundo de Corporate Venture Capital (CVC) desde 2021, o Açolab Ventures, para investimentos em startups e pequenas e médias empresas inovadoras (PMEs). Já foram destinados recursos em seis empresas (Agilean, Sirros, Modularis, Beenx, Vertown e Housi). Ao todo, serão desembolsados, até 2025, mais de R$ 100 milhões e a meta da companhia é chegar em 10 a 15 startups e empresas investidas.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas