Bicudos, aves em risco de extinção, nascem em reserva da Usina Coruripe

Na unidade de conservação mantida pela Usina Coruripe no Norte de Minas Gerais, uma boa notícia anima a área de Sustentabilidade do empreendimento: o nascimento de seis filhotes do pássaro bicudo (Sporophila maximiliani), espécie em risco de extinção e que, há décadas, não era encontrada na natureza.
O Projeto Bicudo, desenvolvido na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Porto Cajueiro, situada no município de Januária, é uma parceria entre a Coruripe e outras instituições que visam conservar a biodiversidade do Brasil por meio de ações significativas para o ecossistema.
A RPPN Porto Cajueiro faz parte do corredor Sertão Veredas-Peruaçu, uma das áreas prioritárias para conservação do Cerrado, e que se insere na área de distribuição original do bicudo.
Assim, a escolha de realizar um criadouro para a reprodução da espécie em território mineiro ganha destaque, já que depois de décadas de caça ilegal, o pássaro esteve na relação de animais extintos em Minas Gerais e há quase 30 anos não era avistado na região.
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Conhecido por sua sonoridade e potência de canto, a população dessa ave em cativeiro deve chegar, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), a 180 mil exemplares em gaiolas espalhadas em todo o País.
Desafio é a reintrodução da espécie na natureza
O esforço dedicado à conservação da biodiversidade tem, pela frente, um passo significativo no Projeto Bicudo: a reintrodução da espécie na natureza.
Segundo a empresa, o desafio da reprodução, enfrentado com a criação de um criadouro conservacionista dentro da reserva, é apenas o primeiro passo. O verdadeiro teste virá durante este processo de reintrodução e soltura na natureza, já que esses pássaros são alvos frequentes de predadores.
O gerente de Sustentabilidade da Coruripe, Bertholdino Apolônio Júnior, destaca a importância do projeto no desenvolvimento de procedimentos e diretrizes para que isso aconteça.
“Não existia estudo sobre a reintrodução de passarinhos na natureza. O grande mérito do projeto é criar um procedimento e um roteiro para a soltura. Reintrodução não é um processo fácil, muito menos simples. Nosso trabalho vai servir de base para outros projetos similares”, ressalta.
O processo de reintrodução não se limita aos aspectos técnicos, mas também inclui ações de sensibilização com a comunidade local sobre a importância da preservação da biodiversidade. Segundo o gerente, a iniciativa pretende promover ações que trabalhem com a conscientização das pessoas, para o entendimento de que é melhor ouvir o canto do bicudo na natureza do que em uma gaiola.

“A gente até brinca que é o mineirinho voltando para a natureza. Este é apenas um passo a mais para a preservação não só dos bicudos, mas de todo o ecossistema local”, afirma Apolônio Júnior.
Dessa forma, os recém-nascidos, agora, iniciam uma jornada de crescimento e adaptação, preparando-se para serem soltos no próximo período reprodutivo, estimado para cerca de 12 meses. “Há dez anos, estamos trabalhando para chegar a este momento. Agora, estamos amadurecendo a questão da reintrodução desses animais na natureza”, explica o gerente.
Mas mesmo depois de soltos, os pássaros continuarão sendo monitorados pela equipe do Projeto Bicudo. “É um processo contínuo, visando aumentar o número de filhotes para ampliar as oportunidades de soltura”, aponta Apolônio Júnior.
Como símbolo da luta pela conservação da biodiversidade, o bicudo se tornou testemunho vivo da importância das unidades de conservação.
Parceria com grandes empresas
O nascimento dos bicudos que aconteceu na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) conta com a parceria de diversas instituições. Além da Coruripe fazem parte:
- Instituto Ariramba de Conservação da Natureza;
- Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF/IEB);
- Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza;
- Clube dos Criadores de Bicudos de Canto do Brasil;
- Universidade Estadual do Maranhão;
- Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo;
- Universidade Federal de São Carlos;
- Angá;
- Semad/IEF.
O projeto também faz parte da iniciativa Parcerias Sustentáveis, criada para possibilitar que empresas parceiras participem de projetos desenvolvidos ou apoiados pela Usina Coruripe.
Até o momento, o projeto conta com seis grandes empresas:
- Ubyfol;
- FMC;
- Bayer;
- Corteva;
- Coplana;
- Mosaic.
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