Sustentabilidade

Brasil pode ser referência em combustíveis sustentáveis

Custos de produção e infraestrutura limitada são desafios a serem superados
Brasil pode ser referência em combustíveis sustentáveis
Na visão dos especialistas, a matriz diversificada do País é uma vantagem competitiva Foto: Reuters Mike Blake

O Brasil tem condição de se tornar um exemplo mundial de transporte em combustíveis sustentáveis e melhorar a competitividade a nível global. Na visão de especialistas, a matriz diversificada do País é uma vantagem competitiva e uma forma de se antecipar as regulamentações mais rígidas que já existem ou poderão surgir.

Para a sócia-líder de ESG da KPMG no Brasil e na América do Sul, Nelmara Arbex, o País pode tornar a produção ainda mais competitiva no mercado global quando o tema é emissões de carbono, caso o País consiga equacionar as emissões por parte da logística. “Vejo como uma oportunidade”, analisa.

E justamente com o objetivo de auxiliar empresas e especialistas nas discussões e entendimento das complexidades da transição energética, a KPMG elaborou um relatório com orientações estratégicas sobre o uso de combustíveis alternativos.

O documento traz uma análise detalhada do potencial de adoção, desafios e oportunidades, além de contribuir para a mitigação dos riscos associados e apontar possibilidades de mercados emergentes no cenário de energia para opções mais sustentáveis nos sistemas rodoviário, marítimo e na aviação.

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Para este setor, as principais análises levantadas é que sejam adotados o gás natural, o GLP, o combustível biodegradável, o etanol e o éter dimethyl (um tipo de gás veicular) como fontes de energia. Na visão dos especialistas, a matriz diversificada se torna uma vantagem competitiva e uma forma de antecipar as regulamentações mais rígidas que já existem ou poderão surgir.

Custo elevado é entrave para uso dos combustíveis sustentáveis

Porém, o relatório mostra que os altos custos de produção, a infraestrutura limitada e as incertezas regulatórias são os maiores desafios do setor. Numa visão geral dos setores de transportes, Nelmara Arbex disse acreditar que a forma como se é transportado matérias-primas e os produtos acabados terá grande impacto na competitividade das empresas.

“O Brasil tem excelentes opções e potencial para ganhar escala em quase todas as outras fontes potenciais de energias renováveis que podem ser utilizadas para essa transição. Com o setor global de transporte contribuindo com aproximadamente 15% de todas as emissões de gases de efeito estufa e com mais de 90% das necessidades energéticas ainda atendidas pela gasolina e pelo diesel, emissões relacionadas com transporte serão cada vez mais um fator diferenciador para os mercados”, analisa Nelmara Arbex.

No setor de aviação, a recomendação é que as  empresas adotem combustíveis sustentáveis e sintéticos e se posicionem como líderes em sustentabilidade. No setor de embarque marítimo, o relatório chama atenção para o uso do gás natural e de alternativas promissoras como o etanol e a amônia. Entretanto, relata como desafio para este setor, os altos custos de investimento e modificações na infraestrutura que seriam necessários para isso acontecer.

Eletrificação é alternativa viável

O relatório aponta ainda que o futuro da frota global tende a ser elétrica. Uma das razões apontadas pela sócia da KPMG é que a montagem de um veículo elétrico é mais simples do que um projeto de motor a combustão. “Existe uma transição da indústria que tem a ver com a evolução da forma de produzir veículos. São processos cada vez mais robotizados e com novas cadeias de fornecedores”, observa.

Outro ponto levantado é quanto à suficiência da produção de energia elétrica. Apesar de ainda ser visto como insuficiente para a demanda, isso era esperado no momento de transição. “A energia elétrica pode ser gerada por diversas fontes de energia: hidrelétrica, eólica, solar, pode ser complementada. Então, do ponto de vista de projeto de mobilidade, por exemplo, é muito mais interessante”, diz.

Ela argumenta que pela facilidade da disseminação, o surgimento de diversos veículos elétricos como patinete, bicicleta, moto e outros veículos de pequeno porte também passam a fazer parte da evolução da mobilidade. “Eles se adaptam bem à produção. Acho difícil essa transição não acontecer. Ela se torna mais uma opção”, analisa.

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