Congresso Mineiro de Municípios levanta debate sobre sustentabilidade e eleições

Engajar gestores a organizar suas administrações de forma alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), as metas globais estabelecidas pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Esta é a principal mensagem do painel “Sustentabilidade e Eleições: a força das agendas socioeconômicas e ambientais no desenvolvimento do pleito e dos municípios”, mediado pela presidente do Diário do Comércio e coordenadora do Movimento Minas 2032, Adriana Costa Muls.
O debate aconteceu nesta quarta-feira (5) durante o 39º Congresso Mineiro de Municípios, no Expominas, em Belo Horizonte.
Em ano eleitoral, segundo Adriana Muls, é fundamental que os candidatos à gestão pública se comprometam a levar a agenda da construção de um projeto de futuro tendo como premissa os ODS em seus planos de governo.
“Hoje, 62% dos municípios mineiros estão em situação de urgência climática, um dado bastante relevante, além de ser uma questão de competitividade dos municípios que interfere diretamente na economia”, destacou.
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Para ela, o debate sobre o tema é mais do que necessário. “É urgente. E também uma questão de responsabilidade para o futuro que vamos deixar para as nossas próximas gerações”, completou.

A diretora do Instituto de Planejamento e Gestão das Cidades (IPGC), Renata Lemos, que também participou do painel, ressaltou que atuar com os ODS na gestão das cidades impacta positivamente os resultados da gestão. Ela apresentou o exemplo da cidade de Carmo do Cajuru, na região Central de Minas Gerais, que foi reconhecida por atingir métricas das metas dos ODS.
“Há mais de 10 anos temos desenvolvido projetos com o olhar para a sustentabilidade, para os ODS, por várias vias, como o Movimento 2032, e levado para as gestões municipais como introduzir projetos com esse olhar na administração. Carmo do Cajuru foi a primeira Parceria Público-Privada (PPP) Cidade Inteligente mineira implantada a ser reconhecida pela Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (Unece), em 2022, como a melhor do mundo. Temos um grande desafio a ser cumprido, mas temos contribuído para isso”, disse Renata Lemos.

Identificar prioridade ou não priorizar?
Também presente no painel, a economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Gabriela Martins, mostrou para os representantes das cidades dados do Índice de Desenvolvimento das Cidades Sustentáveis que trata e normaliza as notas dos ODS. “Com esses dados, a gente consegue mostrar para os gestores como que está o seu estado e como está o município”, explicou.
Para ela, o principal desafio para os prefeitos é enxergar a prioridade do município. “O Brasil é um País continental, mas Minas Gerais também é um Estado continental. Então, dentro de Minas, há várias realidades. É importante o administrador público identificar qual é a principal necessidade do seu município, porque se o gestor tentar abranger todas as frentes sem criar um critério de prioridade, isso também pode afetar as decisões das políticas”, avaliou.
Já o engenheiro e conselheiro da ONU, Renato Ciminelli, que também participou no painel, pontua que priorizar não é o caminho. “Não pode priorizar uma sem considerar as outras. É como se fosse um buquê de flores: talvez você tenha uma flor que chame a atenção, mas é preciso que ela esteja amarrada com as demais”, comparou.
Ele acredita que a formação de redes de compartilhamento seja ainda mais importante para pulverizar as metas dos ODS. “Se não nos aproximarmos em termos de cooperação, conexão e transferência de conhecimento, não vamos atingir as 17 metas dos ODS”, disse.
Dessa forma, ele recomenda que a gestão pública tenha uma “obsessão pela entrega” e vença a cultura da descontinuidade. “Temos que ter o compromisso da entrega e trabalhar com a lógica da agenda para que em 2030 a gente entregue alguma coisa. Precisamos ser obsessivos com isso”, concluiu.
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