Empreendedora mineira mira na exportação de luminárias feitas com filtro de café

Já faz 22 anos que a empreendedora Simone Oliveira decidiu transformar um problema cotidiano em um negócio inovador. Ao observar a forma como eram feitos os descartes de filtros de café da lanchonete de sua família ela vislumbrou a oportunidade de criar luminárias sustentáveis, dando origem ao Studio Simone Oliveira, na cidade de Carangola, na Zona da Mata. Hoje ela planeja exportar os produtos.

“Antes da pandemia, estávamos no mercado de exportação, mas tudo parou. Nossa presença internacional já chegou até Milão e Paris. Agora pretendemos retomar para levar os produtos para Chile e Estados Unidos, por exemplo. Naquela época, eu também ministrava palestras sobre empreendedorismo sustentável”, explica a empreendedora que tinha os eventos como porta de entrada para ampliar as vendas.

Somente no ano passado, as comercializações de produtos de decoração que antes eram descartes, cresceram 38% no Studio Simone Oliveira quando comparado com 2023. Segundo a proprietária, a filosofia do negócio é a de transformar tudo o que sobra de produção em lindas peças.

“Nosso projeto visa mostrar como trabalhar o lixo e enxergar arte em todos os lugares. É um projeto para o futuro e comecei fazendo artesanato na época em que meus pais tinham essa lanchonete em 1999. Foi quando decidi criar porta-retratos com folhas de zinco. Sempre gostei muito de artesanato, mas não me achava habilidosa o suficiente. No entanto, produzia peças para mim mesma”, relembra.

Ela conta que, na mesma época, se cadastrou em um curso no Sebrae Minas, no qual aprendeu a precificar seus produtos e iniciar as vendas. Essa decisão foi um passo importante para ganhar confiança e lançar alguns itens em feiras especializadas em decoração. “Comecei com velas, caixinhas de papel, sabonetes e, nos anos 2000, foi a vez das luminárias”, recorda.

Simone Oliveira também conta que sempre gostou de iluminação, mas não imaginava que transformar filtros de café em luminárias iria garantir muitas oportunidades. “Foi algo tão interessante e muito legal ter começado a trabalhar com isso. Em 2003, tive a oportunidade de vender 500 peças na primeira feira que participei. O negócio foi dando certo e anos depois participei do programa Mais Você, da Ana Maria Braga”, conta.

Atualmente, todo o trabalho artesanal é feito com a ajuda de uma equipe. “Tenho uma serralheria que faz a parte de estruturas, três artesãos que trabalham comigo, uma pessoa que embala e envelhece as peças, além de um profissional que cuida da parte de vendas e outro da parte fiscal. Antes da pandemia, tínhamos uma equipe de 40 pessoas, mas, infelizmente, tivemos que reduzir para 20 pessoas e, posteriormente, para dez”, pontua.

Passo estratégico

Em meio à crise econômica desencadeada pela pandemia, que resultou em demissões, a artesã Simone Oliveira se viu enfrentando mais um desafio: acompanhar o fechamento de diversas lojas que tinham o costume de comprar seus produtos.

Diante da necessidade de reinventar seu negócio, a empreendedora de Carangola mergulhou no universo digital, aprendendo a utilizar a internet como ferramenta de vendas e prospecção. Paralelamente, ela expandiu a produção para incluir móveis e adornos voltados ao setor de pousadas, diversificando a oferta e buscando novas oportunidades de mercado.

“O que me movimenta hoje é a internet”, afirma a artesã, ressaltando a importância da adaptação e do uso estratégico da tecnologia para superar os obstáculos impostos pela pandemia. “Perdemos muito tempo, mas se eu soubesse que a internet poderia me ajudar tanto, teria começado a usá-la antes. Agora que estamos na internet e ninguém segura mais”, conclui.

Confira fotos de luminárias do Studio Simone Oliveira