Brasil pode liderar discussões da transição energética, diz Silveira em reunião do G20 em BH

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), destacou, nesta segunda-feira (27), na abertura da 3ª Reunião do Grupo de Trabalho de Transição Energética do G20, em Belo Horizonte, as potencialidade do Brasil para ser “a espinha dorsal” da transição energética no mundo.
O evento, organizado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) do Brasil, e presidido por Silveira, acontece até quarta-feira (29), no Minascentro.
Para ele, o Brasil reúne características e autoridade suficientes com o tema para que possa liderar as discussões: “Temos 88% de energia limpa e renovável e peculiaridades como possuir 11% de água doce, terra, sol, vento, além de políticas públicas, como a do etanol, que já estão aí há décadas”.
Ele defendeu que o momento é de oportunidades e que o Governo Federal não abre mão do desenvolvimento econômico atrelado à sustentabilidade.
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“É inaceitável que a gente ainda tenha milhões de pessoas sem acesso a energia. Ainda temos milhões de pessoas que cozinham na lenha e no carvão, não por opção, mas por necessidade. A transição energética precisa ser justa e inclusiva”, defendeu o ministro.
De acordo com Silveira, quando o mundo viu, durante a Guerra da Ucrânia, a Rússia cortar o gás da Alemanha e outros países da Europa, o mundo percebeu que “energia, além de soberania, é sobrevivência”. Na avaliação dele, a energia será o ponto de inflexão do mundo, ainda nesta década.
“Através da energia é que vai se gerar autonomia de suprimento para a cadeia do agronegócio, para a cadeia do alimento. O hidrogênio verde produz a amônia, que produz a ureia. Nós somos o oitavo maior consumidor de nitrogenados do mundo e só produzimos 5% deste nitrogenado no Brasil. Isso é segurança alimentar, não há como não discutir o tema, num País que tem vocação da produção alimentar”, disse.
Entretanto, Silveira acredita que, para a transição acontecer, falta mais “consciência global”, sobretudo por parte dos países ricos.
“O capitalismo selvagem ainda não entende que a questão da sustentabilidade é uma questão da sobrevivência humana. Todos os líderes que não compreenderam isso, deveriam vir conhecer a tragédia do Rio Grande do Sul. Que, na minha opinião, pode não ser 100% advinda desses problemas porque teve a questão da água que passou e a falta de bombas ligadas nas comportas, mas é evidente que tem impacto. Eu estive em Manaus no ano passado, e pude ver o Rio Amazonas virar um filete de água, com queimadas em abundância. Então, falta interesse global para que esse tema avance”, afirmou.
3ª reunião do GT de Transições Energéticas discute inovações
O fórum, que acontece entre os dias 27 e 29 de maio, no Minascentro, conta com a presença de representantes das maiores economias do mundo, além de países convidados, e tem como objetivo debater o cenário de transição global para utilização de fontes de energias limpas e sustentáveis e os caminhos para uma transição energética justa, acessível e inclusiva.
Entre os temas que estão sendo debatidos, os participantes discutem também a dimensão social da transição energética, a possibilidade de financiamentos de baixo custo e os modelos de inovação em biocombustíveis.
Para o vice-governador de Minas, Mateus Simões, receber o GT de Transição Energética comprova a potencialidade de Minas Gerais no tema. Ele aponta três motivos positivos:
“Primeiro, porque somos o Estado que mais avançou em energia fotovoltaica. Segundo, somos o segundo maior produtor de etanol no Brasil e temos insistido em uma solução brasileira de biohybrid para que a gente trabalhe com carros com baterias, portanto, elétricos, mas associados a motores a etanol, já que o etanol tem 80% da efetividade de um carro elétrico que precisa de descarbonização. Além disso, somos o estado da mineração dos elementos de transição. Temos aqui tanto o nióbio, quanto o lítio, quanto terras raras, que são essenciais para viabilização das baterias necessárias para transição energética”, argumentou.
A próxima reunião do grupo acontecerá de 30 de setembro a 2 de outubro, em Foz do Iguaçu, no Paraná.
Brasil é líder em matriz energética limpa
De acordo com dados compartilhados pelo G20 do relatório da BloombergNEF, o Brasil investiu cerca de US$ 34,8 bilhões em energias renováveis em 2023. Cifras que fazem do País líder na América Latina em investimentos na transição energética e ocupar a sexta posição mundial.
De acordo com o relatório, a China é o que mais investiu na transição energética no ano passado, seguida de Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França.
Em função das suas potencialidades naturais, o Brasil se configura como grande líder da transição energética global, com abundância de água doce, sol e ventos. Atualmente, 88% da energia elétrica no País é proveniente de fontes limpas e renováveis. O País ainda concentra investimentos significativos em linhas de transmissão, energia eólica, solar e biomassa.

O que é o G20?
G20 significa “Grupo dos Vinte” e reúne os países com as maiores economias do mundo.Os Estados-membros se encontram anualmente para discutir iniciativas econômicas, políticas e sociais.
O grupo se define como o principal fórum de cooperação econômica internacional (acordo estabelecido pelos líderes na Cúpula de Pittsburgh, em setembro de 2009).
O que é a Cúpula do G20?
A Cúpula do G20 é a reunião entre os chefes de Estado ou de Governo dos países membros. O termo “Cúpula” tem origem em sua definição em inglês (“Summit”) e refere-se ao ponto mais alto de uma montanha. Portanto, a Cúpula é o momento de ápice das mais de cem reuniões do G20, ao longo de todo um ano.
A próxima está agendada para os dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro, com a presença das lideranças dos 19 países membros, mais a União Africana e a União Europeia.
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