Sustentabilidade

Pesquisa em Minas inova na produção de hidrogênio verde utilizando nióbio

Com recursos do Estado, tecnologia desenvolvida nas universidades produz hidrogênio seguro, livre de gás carbônico e que é liberado sob demanda
Pesquisa em Minas inova na produção de hidrogênio verde utilizando nióbio
Créditos: UFV / Divulgação

Na corrida pela produção de hidrogênio verde, apontado como o combustível do futuro, Minas Gerais larga na frente com uma tecnologia inovadora que utiliza catalisadores à base de nióbio, mineral abundante no Estado.

A iniciativa é liderada pela Rede de Hidrogênio de Minas Gerais, que conta com o apoio do governo de Minas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG). Desde a sua criação, a Rede já recebeu aproximadamente R$ 1,5 milhão em investimentos, destinados especialmente à concessão de bolsas de pesquisa.

“Eu gostaria de destacar, principalmente, os recursos destinados às bolsas. Isso promove a formação de recursos humanos de altíssimo nível”, afirma a coordenadora geral da Rede e professora da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Renata Moreira.

Além da UFV, integram a Rede outras seis instituições mineiras:

  • a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);
  • a Federal de Itajubá (UNIFEI);
  • a de Ouro Preto (UFOP);
  • a de São João del-Rei (UFSJ);
  • a dos Vales Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM);
  • e o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG).

Além disso, três colaboradores estrangeiros também estão ligados à Rede. A articulação entre essas entidades tem permitido o desenvolvimento de diferentes métodos para a produção de hidrogênio verde com o uso do nióbio.

Investimento em nióbio

Segundo dados do governo de Minas, desde 2019 já foram destinados quase R$ 11 milhões em pesquisas relacionadas ao nióbio e mais de R$ 4 milhões em estudos voltados à transição energética. O vice-governador destacou a importância estratégica desses investimentos para o desenvolvimento sustentável do Estado.

“Minas foi o primeiro estado da América Latina a aderir ao Race to Zero, em 2021, e já assumiu a meta de reduzir em 30% as emissões de CO₂ até 2030. Essas iniciativas reforçam o nosso compromisso com um desenvolvimento econômico responsável e que traga prosperidade para os mineiros” ressalta a secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mila Corrêa da Costa.

Criada em 2021, a partir do edital da Fapemig, a Rede de Hidrogênio de Minas Gerais desenvolve tecnologias específicas em suas unidades. Na UFV, por exemplo, uma pesquisa em fase de scale-up (testes a nível empresarial) utiliza bagaço de cana-de-açúcar como biomassa, com o nióbio acelerando a reação química para liberar hidrogênio.

A coordenadora da iniciativa explica que o hidrogênio tem poder energético três vezes maior que a gasolina, mas é altamente inflamável e de baixo ponto de ebulição, tornando seu armazenamento e transporte um grande desafio.

“Nossa tecnologia visa liberar o hidrogênio sob demanda, por meio da variação de temperatura e/ou velocidade da catálise, de maneira segura e controlada. O que nós trazemos é uma melhoria tecnológica”, afirma Renata Moreira.

Na Universidade Federal de Itajubá (Unifei), a abordagem é diferente: pesquisadores utilizam a fotocatálise da água, técnica que emprega a luz para induzir reações químicas na obtenção do gás.

“O meio ambiente e as energias renováveis são parte do planejamento estratégico de destinação de recursos da Fapemig. Em nosso escopo estão novas oportunidades para financiamento de pesquisas de cunho sustentável e de transição energética”, destaca o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapemig, Luiz Gustavo Cançado.

Araxá: celeiro do nióbio em Minas

O nióbio é peça-chave nessa equação. Utilizado para agregar valor em baterias de lítio – aumentando segurança, durabilidade e velocidade de recarga – o mineral é base de inovações como o primeiro ônibus elétrico com tecnologia de nióbio, lançado em Minas no ano passado.

“A preparação de catalisadores a partir de nióbio pode agregar valor a esse insumo e colocar Minas em destaque mundial na área de produção de materiais estratégicos”, afirma o professor e pesquisador da Unifei e vice-coordenador da Rede, Fabrício Vieira de Andrade.

O Estado detém as maiores reservas exploráveis de nióbio do mundo, e em 2024 já exportou mais de US$ 2,1 bilhões em produtos da cadeia mineral. A cidade de Araxá, no Alto Paranaíba, abriga o complexo da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), maior produtora do mineral no planeta.

“O nióbio produzido em Araxá tem sido base para o desenvolvimento de soluções de alta tecnologia e sustentabilidade”, afirma o diretor industrial da CBMM, Alexandre Reple.

Outros minerais estratégicos

Além do nióbio, Minas Gerais também lidera a produção de outros minerais estratégicos como lítio, grafite e terras raras. Desde 2019, o Estado já atraiu mais de R$ 100 bilhões em investimentos verdes, que geraram cerca de 30 mil empregos.

Boa parte desse avanço se concentra no Vale do Lítio, projeto que vem transformando a realidade socioeconômica de regiões como o Vale do Jequitinhonha, consolidando Minas como polo nacional da energia limpa e da sustentabilidade.

(Com informações de Agência Minas)

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