Sustentabilidade

Prefeitos de Minas Gerais debatem soluções para superar desafios das mudanças climáticas

Debates aconteceram em Belo Horizonte, durante o Seminário Internacional Águas para o Futuro 2025, um preparatório para a COP30
Prefeitos de Minas Gerais debatem soluções para superar desafios das mudanças climáticas
Foto: Diário do Comércio / Leonardo Leão

Prefeitos de algumas cidades mineiras estiveram no Centro Cultural Unimed-BH Minas, nesta quarta-feira (4), para discutir estratégias para a regeneração e o aumento da resiliência territorial das cidades em meio às mudanças climáticas. O debate ocorreu durante uma palestra do Seminário Internacional Águas para o Futuro 2025, que começou nesta terça-feira (3) e seguirá até esta quinta-feira (5), um preparatório para a COP30 (30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas), a ser realizada em Belém (PA), em novembro de 2025.

Dentre os participantes, estava o diretor-executivo da Associação Brasileira de Municípios (ABM), Eduardo Tadeu Pereira, que destacou o papel da entidade na capacitação dos municípios para a gestão do território e do uso dos recursos naturais de maneira responsável para a prevenção de desastres.

Ele ressaltou a importância de oferecer apoio técnico e financeiro constante e permanente, principalmente para municípios de pequeno e médio porte. “A questão ambiental e a crise climática não serão combatidas apenas nos municípios de grande população. Pelo contrário, muitas vezes esse enfrentamento deve acontecer lá na ponta, em cidades menores. Estou muito convencido disso”, afirmou.

Segundo Pereira, o envolvimento da sociedade é fator fundamental para o combate aos efeitos das mudanças climáticas, incluindo o engajamento de instituições locais, empresariais, sindicais e demais entidades.

“A educação ambiental é fundamental e não se faz apenas nas escolas, mas também na igreja, na fábrica, na empresa e em todos os lugares. É importante envolver a sociedade para fortalecer a ação da prefeitura e amplificar a capacidade de ação”, declarou.

Ouro Preto: preocupação com saneamento e mineração

O prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo (PV), ressaltou que questões relativas ao saneamento são uma luta permanente dos municípios brasileiros, que precisam estar comprometidos com esse tema. Segundo ele, Ouro Preto, por exemplo, é cercado por muitas bacias hidrográficas, que precisam ser preservadas.

Outro tópico citado pelo prefeito é a necessidade da conciliação entre o setor de mineração e o meio ambiente. “Nós temos que compatibilizar essa atividade com as condições ambientais, socioeconômicas e culturais dos municípios. O ouro nos deu o barroco, mas o ferro não pode deixar para nós o barro”, disse.

Nova Lima anuncia Plano Municipal de Mudanças Climáticas

Já o prefeito de Nova Lima e presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Grambel), João Marcelo (Cidadania), apresentou alguns projetos que estão sendo realizados em Nova Lima e destacou a importância da ação conjunta dos municípios para proteger o meio ambiente.

Entre os projetos apresentados pelo prefeito de Nova Lima, destaca-se o Plano Municipal de Mata Atlântica, que determina algumas diretrizes para a recuperação e preservação da mata no município, além de desenvolver fomentar ações estratégicas fundamentais para a conservação do meio ambiente. Além deste, o poder público de Nova Lima dará início, nesta quinta-feira (5), a outra iniciativa voltada para o desenvolvimento de soluções benéficas ao meio ambiente, o Plano Municipal de Mudanças Climáticas.

“Nós acreditamos que é dessa forma que construímos um Brasil melhor para as próximas gerações”, declarou.

Sabará investe em energia limpa e desassoreamento de rios

Assim como João Marcelo, o prefeito de Sabará, Sargento Rodolfo (Republicanos), também mencionou algumas iniciativas que estão sendo desenvolvidas na cidade, além de anunciar a parceria que será firmada com o Instituto Espinhaço.

Dentre as ações previstas, está a construção de uma usina de biometano, da italiana Asja, capaz de gerar energia para 25 mil famílias e evitar o lançamento de 415 mil toneladas de CO2 na atmosfera. Ao todo serão investidos R$ 152 milhões no projeto.

A prefeitura de Sabará ainda planeja implementar uma usina de energia fotovoltaica, que poderá gerar uma economia de R$ 300 milhões ao longo de 25 anos de operação. “Esta é uma conquista muito grande, não só pela sustentabilidade, mas também pela economia aos cofres públicos”, afirmou.

Sargento Rodolfo informou, ainda, que o município também realizará ações de desassoreamento dos 20 mil quilômetros (Km) de rios que cortam a cidade, para amenizar os impactos causados pelas enchentes.

Mariana: projeto Produtor de Águas renova município

O evento também contou com a participação do prefeito de Mariana, Juliano Duarte (PSB). Ele citou os graves impactos causados pelo rompimento da barragem do Fundão nas áreas ambiental, econômica e social, e relatou alguns erros cometidos durante as negociações do acordo de repactuação que, muitas vezes, deixou de ouvir as prefeituras dos municípios atingidos.

O rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco (controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton), ocorreu em 5 de novembro de 2015, em Mariana, Minas Gerais, provocando a morte de 19 pessoas e despejando milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro no Rio Doce, causando um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil. 

Juliano Duarte apresentou, no entanto, benefícios do projeto Produtor de Águas em Mariana, iniciativa realizada em parceria com o Instituto Espinhaço, que visa mitigar os impactos gerados pela tragédia ambiental na região. Na oportunidade, ele renovou a assinatura de renovação da parceria.

“A nossa gestão pretende alcançar a marca de 100% do nosso território atendido pelo programa Produtor de Águas em Mariana até o final do mandato. Pois nós vimos os resultados positivos que tivemos em nossa cidade e queremos que Mariana não seja mais conhecida como a cidade da lama”, disse.

Águas para o Futuro 2025: preparatório para a COP30

Cerimônia de abertura do evento Águas para o Futuro 2025.
Foto: Divulgação Águas para o Futuro 2025

O Seminário Internacional Águas para o Futuro 2025 começou nesta terça-feira (3) reunindo especialistas para debater soluções inovadoras para a gestão da água em tempos de crise climática. Com o tema “Preparatório para a COP 30 – Cidades Resilientes no Enfrentamento das Mudanças Climáticas”, o evento busca articular ciência, cooperação internacional e políticas públicas com foco na segurança hídrica e sustentabilidade dos centros urbanos.

O encontro está sendo no Centro Cultural Unimed-BH Minas, no bairro Lourdes, região Centro-Sul da capital mineira. O evento, considerado um dos mais estratégicos da agenda ambiental na América Latina, seguirá até esta quinta-feira (5), com entrada gratuita.

Ao longo dos dias de realização do evento, haverá painéis temáticos, fóruns, palestras e espaços de diálogo, com foco na construção coletiva de soluções para o setor público, a iniciativa privada e a sociedade civil organizada.

O evento conta com a participação de delegações de 28 países, autoridades públicas, pesquisadores, representantes de universidades, centros de pesquisa e organizações internacionais. A expectativa dos organizadores é reunir cerca de 500 participantes por dia, entre gestores públicos, cientistas, lideranças sociais e representantes do terceiro setor.

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