COP30: setor privado brasileiro vai mostrar 72 soluções concretas para crise climática

Ajudar a construir uma ponte que una projetos a recursos financeiros é o objetivo que levou o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) a elaborar o documento “Brasil de Soluções”. Nele estão listadas e detalhadas 72 soluções concretas para implementar tanto a mitigação quanto a adaptação climática. Todas ações bem-sucedidas e desenvolvidas pelo setor privado brasileiro.
“Temos 135 projetos, mas destacamos 72 que evidenciam que o setor empresarial está comprometido com a implementação, entregando resultados mensuráveis, replicáveis e escaláveis. O que buscamos é ter soluções que deem concretude aos projetos climáticos brasileiros, conectando iniciativas de alto impacto a financiadores nacionais e internacionais”, diz a presidente do CEBDS e enviada especial da COP30 para o setor empresarial, Marina Grossi.
O Brasil de Soluções foi entregue, na última quinta-feira (14) em primeira mão, ao empresário Dan Ioschpe, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como Campeão de Alto Nível do Clima da COP 30. Nesse cargo, Ioschpe apoia a presidência da COP30 justamente com a função de ampliar e fortalecer ações climáticas voluntárias para a implementação do Acordo de Paris.
Ele concorda que os casos selecionados pelo CEBDS estão alinhados à meta de fazer da próxima COP um marco de implementação. “Ao reunir um arsenal de iniciativas já desenvolvidas, o programa ajuda a destravar gargalos e acelerar sua chegada à ponta, garantindo resultados concretos e em ritmo mais vigoroso”, avalia Ioschpe.
Na percepção do empresário, a realização da COP30 no Brasil amplia o leque de soluções viáveis porque o País tem escala e diversidade em energia elétrica, combustíveis para navegação e aviação, transporte terrestre, floresta, agricultura, biocombustíveis e adaptação urbana. “Ao combinar o seu porte continental com a capacidade de exportar tecnologias, o Brasil mostra como escalar economicamente essas respostas. A expectativa é que a COP30 – e possivelmente as edições seguintes – mantenham foco central na implementação”, prevê.
Mesmo otimista em relação ao propósito de a COP30 ser marcada pela implementação, Marina Grossi admite que a atração de recursos para os projetos de ação climática não é fácil e evita definir uma meta de captação decorrente das negociações em Belém Ela pontua que os fundos impõem exigências que nações emergentes não conseguem cumprir, enquanto os beneficiários pouco entendem o que o financiador está exigindo. Ela destaca também que os critérios bancários tradicionais – histórico de crédito, garantias, etc – não atendem tecnologias ou negócios novos, como, por exemplo o reflorestamento.
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Por isso mesmo, aposta no detalhamento dos casos reunidos no “Brasil de Soluções” que mostra onde é preciso e onde se encaixa cada tipo de financiamento. “A transição climática depende menos de promessas abstratas e mais de todos sentarem-se à mesa, alinharem condições e destravarem fluxos de investimento com rapidez e escala”, diz.
Brasil de Soluções
Os 135 projetos do “Brasil de Soluções” foram desenvolvidos por 58 empresas, em todas as regiões do País e englobam as áreas de florestas, energia, indústria, agricultura, infraestrutura, pecuária, entre outros. Deles, 53% são monitorados com metodologias reconhecidas internacionalmente e 79% têm relação com redução de emissões, geração de créditos de carbono e/ou adaptação climática. Além disso, 58% dos projetos têm o envolvimento de comunidades locais, 59% envolvem parcerias com outras instituições e 40% fizeram parceria com instituições de ensino.
É o caso da Siemens Energy, que investiu cerca de R$ 1,4 milhão para financiar bolsas de estudo e modernizar laboratórios do Instituto Federal do Pará. A ação visa à formação de 160 jovens para atuarem com energia renovável. “Queríamos apostar em trabalhos que a transição energética traz, queríamos causar impacto na população de Belém para além da duração da COP. O objetivo é mostrar, de forma palpável, que a transição energética eleva renda e oportunidades na Amazônia”, afirma o vice-presidente Sênior da Siemens Energy, André Clark.
(Conteúdo distribuído por Estadão)
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