CEO da Nvidia diz que código aberto ‘dá chance a todos os países’ em IA

O CEO da Nvidia, Jensen Huang, afirmou nesta quarta (16) que “a inteligência artificial de código aberto da China é um catalisador para a IA global, dando a todos os países e indústrias uma chance de se juntar à revolução da IA”.
Foi no discurso de abertura da Exposição Internacional de Promoção da Cadeia de Suprimentos, no norte de Pequim. Ele já havia anunciado no dia anterior que o governo americano autorizou a retomada das vendas do chip H20 no mercado chinês, após três meses de suspensão.
Sem esconder o propósito de recuperar mercado, o americano Huang, nascido na ilha de Taiwan, falou alternadamente em chinês e inglês e usou terno Tang, o paletó com gola mandarim e botões de sapo, em vez de sua jaqueta de couro característica. “É a primeira vez que faço um discurso em chinês, estou muito nervoso e farei o meu melhor”, avisou.
Os elogios ao código aberto foram parte do louvor geral ao avanço tecnológico chinês, com menções aos possíveis clientes DeepSeek, Alibaba e Baidu, entre outros. Também citada, a Tencent confirmou que vai encomendar o H20.
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“São modelos [de IA] de classe mundial, desenvolvidos aqui e compartilhados abertamente, que estimularam o desenvolvimento da IA em todo o mundo”, disse Huang. São a base de serviços como o “super app” WeChat, da Tencent, o aplicativo de vídeos Douyin, o TikTok original, da ByteDance, e a entrega “super conveniente” da Meituan, listou ele.
Fechou o discurso afirmando, em chinês, que a Nvidia vai continuar a trabalhar com “parceiros de longo prazo e muitos novos amigos, para criar um futuro próspero na era da IA”.
Posteriormente, em entrevista coletiva improvisada no espaço da exposição, Huang procurou esclarecer que a autorização para o H20 não havia sido uma conquista pessoal sua junto ao presidente americano, Donald Trump.
Disse que se encontraram há uma semana em Washington, que falou da viagem a Pequim e que Trump desejou boa viagem. “Mas [a negociação sobre o H20] estava inteiramente sob controle das discussões do governo americano e do governo chinês.”
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, confirmou em declaração à TV Bloomberg, sobre o chip: “Foi uma moeda de troca que usamos em Genebra e Londres. Tudo era parte de um mosaico. Eles tinham coisas que nós queríamos, nós tínhamos coisas que eles queriam”.
O assessor da Casa Branca para IA e criptomoeda, David Sacks, acrescentou que a autorização do H20 foi para “privar a Huawei de ter esta fatia de mercado gigante na China, que ela pode usar para crescer e competir globalmente”.
Huang declarou aos jornalistas que vai agora acelerar a recuperação de mercado na China. “Ainda não tive tempo de me encontrar com nenhum cliente”, disse. E voltou a falar de um de seus primeiros clientes na China, que reencontrou logo ao chegar a Pequim, na segunda (14).
“A Xiaomi é uma grande parceira. Quando conheci a Xiaomi, [o CEO] Lei Jun ainda era muito jovem. Eu era um pouco mais jovem na época, mas ele era muito mais jovem. Desde o primeiro dia, vi que seria um grande sucesso”, disse.
Descreveu a empresa como “um milagre, que pode fazer tudo, de smartphones a carros de alto desempenho que eu adoraria comprar”. Huang e Li Jun estavam juntos em 2013 no lançamento do smartphone da Xiaomi já com chip da Nvidia.
O tom laudatório em relação à China prosseguiu ao comentar o retorno de estudantes ao país, após enfrentarem restrições do governo Trump nas universidades americanas. “Fico feliz que voltem para casa, mas é uma perda enorme para os Estados Unidos”, disse Huang.
“Eu sou um imigrante. E por causa dos EUA e de todos os meus colegas foi que nós criamos uma empresa muito boa.” Uma semana atrás, a Nvidia se tornou a primeira empresa a alcançar o valor de mercado de US$ 4 trilhões (R$ 22 trilhões).
Conteúdo distribuído pela Folhapress
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