Tecnologia

Equipe ’42 QuakeHeroes’ de Uberlândia vence competição de programação da Nasa

O grupo apresentou um projeto que detecta terremotos na Lua e em Marte
Equipe ’42 QuakeHeroes’ de Uberlândia vence competição de programação da Nasa
Da esquerda para a direita: Gabriel Chayb, Ana Miziara Larissa Mello e Gustavo Antônio Foto: Crédito: UFU/ Milton Santos

Seis alunos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) se tornaram o primeiro grupo de sul-americanos a vencer a maior maratona de programação do mundo, a Nasa Space Apps Challenge. O projeto foi realizado em apenas dois dias, 5 e 6 de outubro de 2024, com os participantes precisando resolver um dos 20 desafios propostos.

O grupo chamado 42 QuakeHeroes apresentou um projeto de inteligência artificial que visa detectar, com precisão, o início de eventos sísmicos (terremotos) em Marte e na Lua usando dados de velocidade do solo. Eles trabalharam com um modelo de redes neurais artificiais profundas para filtrar as informações recebidas pelas missões de sismologia e responder ao desafio de identificar a localização precisa dessas ocorrências.

Liderado pelo estudante de Sistemas da Informação, Gabriel Ribeiro Filice Chayb, o grupo responsável pelo projeto é composto por Larissa Borges de Mello, Ana Carolina Miziara Sabino de Oliveira Borges, Gustavo Ferreira Tavares, Gustavo Antônio Teixeira da Matos e Alailton José Alves Junior.

Composto por integrantes oriundos da UFU, o time teve seu primeiro sinal de vida em 2023, quando Larissa Mello entrou em contato com Chayb – por saber que o estudante já havia participado da competição no ano anterior – porém, naquele momento, a ideia não foi para frente. No ano seguinte, Chayb a procurou para participar do Nasa Space Apps Challenge 2024 e, por indicações de amigos e conversas com conhecidos, conseguiram encontrar mais quatro pessoas dispostas a encarar o desafio. 

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“Em junho do ano passado, eu liguei pra Larissa e falei ‘vamos participar do Nasa Space Apps Challenge 2024, eu tenho certeza que a gente vai chegar pelo menos na final. Foi só para convencer ela, mas se tornou realidade. Então, a Larissa foi a primeira pessoa a voltar para o time, depois a gente chamou o Gustavo, de Belo Horizonte, depois entrou a Ana Carolina, o Alailton e, por último, entrou o Gustavo”, lembra Chayb a respeito da formação do time. 

Ao vencer a categoria de Melhor Uso de Tecnologia, o ’42 Quake Heroes’ desbancou estudantes de países como Estados Unidos, Índia, Austrália, Reino Unido, Itália, Espanha.

Projeto

A equipe da UFU criou o projeto ‘42 Quake Heroes‘ como resposta ao desafio ‘Detecção sísmica em todo o sistema solar’ do Nasa Space Apps Challenge 2024 . Caracterizado como o único desafio avançado entre as opções disponíveis, o grupo precisou desenvolver uma solução para aumentar a eficiência energética no envio para a Terra de sinais relacionados aos tremores que ocorrem em satélites naturais, como a Lua, e em outros planetas. 

“Na escolha do desafio a gente pensava: com qual desafio a gente tem capacidade de contribuir mais para a ciência? Então, enxergamos muito potencial nesse desafio e por isso escolhemos ele”, acrescenta a estudante Larissa Borges de Mello.

O ‘42 Quake Heroes‘ consegue observar de forma precisa os eventos sísmicos que acontecem em Marte e na Lua por meio de dados sobre a velocidade do solo. “Imagina que eles [a Nasa] queiram estudar os ‘terremotos’ em Marte e na Lua. Então eles usam sondas gravando esses astros, por exemplo, por cinco dias, e às vezes um terremoto só começava a acontecer no final do quinto dia, então todos os outros quatro dias se tornaram um desperdício de sinais que eles mandam pra Terra e isso gera muito [gasto de] dinheiro e energia também”, explica o estudante Gustavo Matos sobre o motivo de criar uma solução para avaliar de forma exata os abalos sísmicos em outros corpos celestes.  

A partir de dados de agências espaciais, liberados para a competição, o grupo se juntou naquele final de semana para resolver o problema proposto e, em 48 horas, conseguiram transformar uma rede neural profunda (deep neural network – DNN) – composta por Inteligência Artificial (IA) vista por eles sendo utilizada na medicina para a detecção de tumores – para identificar de forma precisa o início de eventos sísmicos em Marte e na Lua. 

De acordo com Matos, eles conseguiram treinar do zero essa IA e desenvolver um algoritmo acessível, que qualquer pessoa com um computador consegue reproduzir em casa, facilitando o estudo dessas ocorrências no sistema solar. O projeto também auxilia na economia de recursos como dinheiro e energia. 

Premiação do Nasa Space Apps Challenge 2024

Em junho de 2025, o grupo irá para Washington, D.C. visitar o Goddard Space Flight Center. Eles terão a oportunidade de interagir com líderes da instituição e aprender sobre processos científicos com profissionais da Nasa.  

“Minha expectativa para a viagem é a melhor possível. Acredito que falo por todos quando digo que a ficha ainda não caiu e só cairá quando entrarmos no avião. Mas até lá há muito trabalho a ser feito e nós queremos usar o nosso palanque para divulgar ciência. Vemos tantos discursos negativos em relação à faculdade, ainda mais na nossa área de tecnologia, então estamos aqui justamente para promover o contrário e mostrar que vale a pena ser um estudante de uma universidade como a UFU”, destaca Chayb.

“Para a Faculdade de Computação (Facom) da UFU, é um orgulho muito grande ter dois alunos envolvidos no projeto. Para a UFU é praticamente a equipe inteira porque, ainda que você tenha dois alunos fora, são alunos que passaram por aqui e de alguma maneira a universidade impulsionou eles para alcançar esse resultado”, avalia o diretor da Facom, Mauricio Cunha Escarpinati. 

Entenda a competição

O Nasa Space Apps Challenge ocorre anualmente desde 2012, partindo de centenas de eventos locais com duração de dois dias, período em que os participantes inscritos podem acessar os dados livres e abertos da Nasa e de agências espaciais de todo o planeta para abordar problemas do mundo real na Terra e no espaço.

Os desafios variam em tema e complexidade e cada time é livre para escolher qual tarefa enfrentar. Os competidores disputaram um dos dez prêmios globais, sendo eles:

  • Melhor Conceito de Missão,
  • Mais Inspirador,
  • Melhor Narrativa,
  • Conexão Global,
  • Melhor Uso da Ciência,
  • Melhor Uso de Dados,
  • Arte e Tecnologia,
  • Impacto Local,
  • Melhor Uso da Tecnologia
  • e Impacto Galáctico. 

*Com informações da UFU

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