Mercado de jogos deve movimentar US$ 10 bi até 2030 e espera Marco Legal para crescer ainda mais

O futuro do mercado brasileiro de games é bastante promissor, com crescimento tanto nos valores movimentados quanto no número de jogadores. No entanto, algumas ações ainda precisam ser colocadas em prática para fomentar essa indústria no Brasil. Uma delas é a promulgação do Marco Legal dos Jogos Eletrônicos.
De acordo com dados coletados pela plataforma Statista, o Brasil vem registrando um aumento na popularidade dos jogos para dispositivos móveis. Esse cenário é um reflexo do crescente engajamento digital e do avanço no consumo de entretenimento no País.
A empresa estima que a indústria brasileira de jogos eletrônicos deve atingir uma receita de US$ 7,2 bilhões neste ano. A expectativa é que o setor apresente uma taxa de crescimento anual de 7,14% na receita até 2030, atingindo um volume de mercado de US$ 10,17 bilhões no País.
O presidente da Associação Brasileira de Desenvolvedoras de Jogos Digitais (Abragames), Rodrigo Terra, ressalta que para alcançar os resultados esperados é necessário colocar em prática algumas iniciativas para consolidar ainda mais esse segmento no Brasil. Dentre elas, estão:
- promulgação da Lei nº 14.852/2024 (Marco Legal dos Jogos Eletrônicos);
- apoio governamental;
- reconhecimento de que os games podem e devem ser aplicados em outras áreas além do entretenimento.
Para o dirigente, a criação do Marco Legal é uma grande conquista para o setor, pois essa legislação estabelece diretrizes claras, reconhecendo os jogos eletrônicos como uma área estratégica para o País. Agora, o desafio é a regulamentação efetiva da lei e fazer com que os games sejam reconhecidos como uma categoria única: uma forma de produção audiovisual com base tecnológica.
Essa nova legislação, segundo Terra, também definirá a distinção legal entre videogames e outras categorias de jogos, como os cassinos on-line, proporcionando maior segurança jurídica aos players desse mercado. Além disso, o Marco Legal dos Jogos Eletrônicos abre caminho para destravar, de forma mais eficaz, parcerias público-privadas.
“O Brasil já não está mais em estágio inicial. Somos um setor em amadurecimento, e é hora de o estado assumir um papel indutor, criando condições para que o crescimento se sustente”, afirma.
Já o diretor da Associação dos Criadores de Jogos de Minas Gerais (AC Jogos-MG), Marcelo Gomes, ressalta que o Marco Legal ajuda na compreensão de que o jogo eletrônico é uma atividade multidisciplinar que reúne cultura, educação, ciência e tecnologia.
Segundo ele, há vários pontos que podem ser desenvolvidos por meio do uso dos games. “Estamos fazendo com que tenhamos cada vez mais fontes de captação de investimentos para fazer jogos para diferentes áreas”, afirma.
Perspectivas positivas para o futuro do segmento no País

Gomes acredita que o cenário para o futuro dessa indústria é bastante promissor, devido a essa nova lei. O dirigente pontua que o Brasil é um dos primeiros a criar uma legislação desse tipo. O foco agora é seguir com o projeto e manter o movimento de crescimento do mercado.
De acordo com dados da Statista, a penetração de usuários projetada para 2025 no País é de 36,1%, subindo para 39% até 2030. O mercado nacional de jogos eletrônicos deverá registrar um aumento na base de usuários, saltando para 87,4 milhões até 2030. Além disso, a receita média por usuário (ARPU, na sigla em inglês) no Brasil deve chegar a US$ 1,2 mil.
O CEO da Umbu Games, Fabricio Pietsch, destaca que as expectativas para o futuro do mercado brasileiro são de mais investimentos e incentivos do governo federal para o setor. Além disso, espera-se que as iniciativas previstas no Marco Legal dos Jogos possam ser colocadas em prática.
“Isso é muito importante para a área e para fazer com que os desenvolvedores individuais possam evoluir para uma empresa maior, criar grandes projetos e gerar empregos”, afirma.
O empresário ressalta o grande potencial do País, com um grande mercado consumidor e muitos empreendedores com talento atuando na área. Segundo ele, o Brasil está exportando muitas mentes para outros mercados e perdendo muitos profissionais qualificados devido à falta de competitividade com outros países.
“É importante ter mais incentivos para as empresas locais poder começar a bater de frente com o mercado estrangeiro e criar produtos de qualidade”, completa.
Já o presidente da Abragames avalia que é necessário a criação de uma Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae) específica para produção de jogos, outra para publicação e também para distribuição. “Isso vai permitir que a cadeia seja devidamente tipificada e compreendida como um setor único, com intersecções com outras áreas, mas com estrutura própria e relevância econômica crescente”, completa.
Terra ressalta que o reconhecimento e o incentivo à criação de games com finalidades diversas são outro passo importante para a consolidação do setor no País. Ele garante que, com apoio institucional, o mercado nacional tem tudo para se tornar um dos grandes players globais da indústria de videogames nos próximos anos.
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