Inteligência Artificial pode adicionar 5,4% ao PIB da América Latina até 2030

Economistas preveem que a Inteligência Artificial (IA) pode contribuir com até 5,4% do PIB da América Latina até o ano de 2030, o equivalente a cerca de US$ 500 bilhões. Mesmo assim, esse número fica atrás dos Estados Unidos e do Canadá, que esperam um aumento de mais de 14,5% do PIB no mesmo período. Os dados são do estudo “Latin America Shall We Dance?“, da Allianz Trade, líder mundial em seguro de crédito comercial.
O relatório divulgado recentemente traça um panorama dos riscos econômicos nos países latinos. O estudo revela que a desigualdade social tem um impacto significativo no avanço e desenvolvimento da digitalização na região. Isso porque o investimento público insuficiente em ciência e tecnologia, combinado com a falta de habilidades necessárias para adotar e implementar a IA, são refletidos nos baixos índices de adoção da tecnologia.
Outro obstáculo destacado no relatório é a economia altamente informal, dominada por pequenas empresas, além da significativa desigualdade digital. A disparidade é evidente: enquanto quase 75% da população urbana nos países latino-americanos têm acesso à banda larga, apenas 25% dos habitantes das áreas rurais têm essa conectividade.
Além disso, apenas cinco das maiores economias da região possuem capacidades comerciais de 5G. São elas:
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- Brasil,
- Chile,
- Colômbia,
- Peru
- e México.
De acordo com os autores do estudo, para que a América Latina aproveite plenamente os benefícios da revolução da IA, é crucial superar os desafios relacionados à economia digital. As políticas devem ser inclusivas, éticas e sustentáveis.
“Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é essencial um compromisso regional para construir um ecossistema robusto de IA, com investimentos substanciais em infraestrutura digital pública, educação e qualificação da força de trabalho, além de governança digital e de IA eficaz”, afirmam os autores do estudo.
Processo de transição: a implementação de novas tecnologias
O relatório também alerta que os governos não estão preparados para a transição da IA. Nos Estados Unidos, aproximadamente 80% da força de trabalho pode ter pelo menos 10% de suas tarefas afetadas pela introdução dos GPTs, que são um tipo de linguagem de inteligência artificial generativa, enquanto cerca de 19% dos trabalhadores podem ver pelo menos 50% de suas tarefas impactadas.
Já na América Latina, uma região caracterizada por longas jornadas de trabalho e salários relativamente baixos, pesquisadores do estudo ponderam que pode haver um risco significativo de que empregados terceirizados sejam substituídos pela IA, ameaçando a estabilidade do emprego a longo prazo.
Então, quais os benefícios?
A revolução da IA pode ajudar a reduzir as disparidades de gênero na América Latina. A pesquisa também avaliou que mais de 60% das mulheres na região frequentam a universidade, em comparação com menos de 50% dos homens, preparando-as melhor para prosperar na era da IA.
A criação de novos empregos pode aumentar os salários das mulheres de 10% a 20%, contribuindo para diminuir as disparidades salariais de gênero.
Além disso, a IA pode desempenhar um papel crucial na mitigação dos riscos climáticos que afetam o continente. A modelagem climática baseada em IA é um paradigma disruptivo com grande potencial para avaliar, prever e mitigar os riscos das mudanças climáticas, utilizando dados de forma eficiente, algoritmos de aprendizado e dispositivos de sensoriamento.
Apesar de quase metade das emissões globais serem produzidas por um décimo da população mundial – e a América Latina estar abaixo da média global de emissões per capita – a região é uma das mais vulneráveis a eventos climáticos extremos, com cinco dos dez países mais afetados localizados ali.
A IA oferece, por exemplo, previsões climáticas mais precisas, demonstra os impactos do clima extremo, identifica a verdadeira fonte de emissões de carbono, entre outras contribuições significativas. Isso pode aumentar a conscientização sobre questões subfinanciadas e não totalmente abordadas na América Latina.
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