Tecnologia

Inteligência artificial na educação requer cuidados, diz especialista

A discussão, tão atual, do uso da tecnologia no ensino, também é oportuna para este 28 de abril, quando é celebrado o Dia da Educação
Inteligência artificial na educação requer cuidados, diz especialista
ChatGPT é uma das ferramentas mais populares de inteligência artificial | Crédito: Adobe Stock

A utilização de ferramentas de inteligência artificial (IA) como o ChatGPT na educação exige cuidado. O alerta de especialistas para esse assunto ocorre em meio a anúncios feitos pelos governos de Minas Gerais e de São Paulo de que pretendem incluir a tecnologia em sala de aula.

A discussão, tão atual, do uso da tecnologia no ensino, também é oportuna para este 28 de abril, quando é celebrado o Dia da Educação.

Para a especialista Ana Altenfelder, o uso da inteligência artificial na elaboração de materiais didáticos, como pretende fazer os governos paulista e mineiro, demanda cuidados e não pode deslocar os professores do papel central na educação. Altenfelder é presidente do Conselho de Administração do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), organização da sociedade civil que promove a equidade e qualidade na educação pública brasileira.

“A inteligência artificial pode ajudar a planejar, a fazer a gestão da aprendizagem. Isso eu acredito que potencialmente pode acontecer. Mas é alguma coisa muito nova que precisa ser investigada, ser pesquisada. E o que nós não podemos esquecer, de jeito nenhum, é o papel central do professor”, destaca a pesquisadora.

“Acho que muitas vezes comete-se um equívoco, imaginando que o professor é um simples aplicador de material didático”, diz ainda.

A especialista chamou a atenção ainda para os cuidados que devem ser tomados no processo de implantação da inteligência artificial no ensino. Segundo ela, o correto seria passar a utilizar a tecnologia, como o ChatGPT, gradativamente.

“Nós sabemos que toda estratégia, toda política pública precisa de um tempo para ser aplicada, observada, e os rumos serem corrigidos”.

Em São Paulo, professores acionaram Ministério Público

Professores estaduais de São Paulo também criticaram o projeto de uso do ChatGPT na produção de conteúdo digital naquele estado.

Foi o caso da segunda presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e deputada estadual, Professora Bebel (PT), que protocolou uma representação no Ministério Público Estadual contra a iniciativa.

“As tecnologias e informação e comunicação (TICs) são ferramentas auxiliares no processo educativo e jamais podem substituir o trabalho do professor”, disse a parlamentar.

Já a secretaria de Educação de São Paulo disse que os professores não serão substituídos pela inteligência artificial e que o conteúdo produzido será avaliado e editado por professores curriculistas em duas etapas diferentes, além de passar por revisão de direitos autorais e intervenções de design.

Ferramenta de IA vai ser usada na rede estadual de ensino em Minas

A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) divulgou, na última quarta-feira (24), que, desde aquele dia, estudantes da rede estadual já poderiam usar a Estudo Play, uma plataforma adaptativa que oferece livros digitais das quatro áreas de conhecimento do Enem.

Disponível para os estudantes do 3º ano do ensino médio e dos 2º e 3º períodos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), a plataforma também possui videoaulas, simulados, correção de redação, relatórios individuais de desempenho, ferramentas de monitoramento das aprendizagens e trilhas personalizadas de estudo criadas por inteligência artificial com base nas dificuldades de cada estudante.

Segundo o governo, ao receber uma redação, a IA da Estudo Play avalia aspectos como gramática, coesão textual, argumentação e adequação ao tema proposto. Essa análise identifica padrões linguísticos e características de uma redação bem elaborada.

A diretora de Ensino Médio da SEE/MG, Vanessa Nicoletti, destacou vantagens da ferramenta: “Uma das vantagens dessa ferramenta é que a inteligência artificial é capaz de ler a letra manuscrita. Em poucos segundos, essa redação é corrigida, trazendo as cinco competências da redação do Enem, apontando possibilidade de melhorias, e indicações de livros e filmes que podem complementar o assunto. Entendemos que essa é uma ferramenta que vai potencializar bastante as habilidades de escrita dos nossos estudantes”.

Ao anunciar a aquisição, o governo defendeu que “a integração da inteligência artificial (IA) na rede estadual de ensino representa um marco significativo no avanço da educação, trazendo vários benefícios e possibilidades inovadoras”. (Com informações da Agência Brasil e Agência Minas)

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