Proteção prolongada: conheça o tecido repelente de mosquitos que dura 4 meses criado pela UFMG

Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) resultou em um tecido impregnado com repelente que protege por até quatro meses sem necessidade de reaplicação. A tecnologia tem potencial para reduzir a incidência de doenças como dengue, zika, chikungunya e malária e foi batizada de Repeltex®. O produto foi desenvolvido no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e chega ao mercado por meio da startup InnoVec.
O novo repelente atua de forma espacial ao ser incorporado a tecidos. Assim, ele libera continuamente o princípio ativo no ambiente por até quatro meses, protegendo o usuário e pessoas próximas em um raio de até seis metros. Álvaro Eiras, o professor responsável pelo projeto de pesquisa e sócio-fundador da startup, afirma que o objetivo é “proteger o ambiente doméstico de forma contínua e segura, evitando picadas de mosquitos e, consequentemente, reduzindo o risco de transmissão de doenças”.
Entenda como foi desenvolvido o tecido repelente da UFMG
A tecnologia começou a ser desenvolvida em 2016, com testes conduzidos no Laboratório de Inovação Tecnológica e Empreendedorismo em Controle de Vetores (Lintec). Para os testes, os pesquisadores utilizaram um tecido à base de sisal como matriz para impregnação do ingrediente ativo.
Os protótipos de calçados com o tecido impregnado com o produto foram avaliados em duas cidades: Belo Horizonte, com foco no Aedes aegypti, e Porto Velho, para o mosquito Anopheles darlingi. Segundo a pesquisa, os tecidos impregnados com o Repeltex tiveram eficácia de 74% contra o Aedes aegypti e de 84% contra o vetor da malária, índices superiores aos parâmetros definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A pesquisa também procurou analisar a aceitação do produto no mercado. Após os testes, mais de 80% dos participantes seguiram utilizando os calçados impregnados e passaram a posicioná-los em diferentes pontos da casa para ampliar o efeito protetor. Outro levantamento, realizado com mais de 2 mil pessoas em Belo Horizonte, apontou que 95% dos entrevistados manifestaram interesse em adquirir o produto.
A solução líquida foi desenvolvida com apoio do Ifakara Health Institute (Tanzânia) e financiamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e da Grand Challenges do Canadá.
Segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, o Brasil registrou mais de 6,5 milhões de casos prováveis de dengue em 2024, com impacto econômico estimado em R$ 28 bilhões. A startup aposta que o Repeltex® pode ser uma alternativa de proteção contínua, especialmente para populações mais expostas ao mosquito transmissor da dengue.
O produto, que não possui odor e dispensa energia elétrica, poderá ser usado em calçados, roupas, acessórios, móveis e itens de decoração. O refil permite renovar o efeito por mais quatro meses, reduzindo a necessidade de repelentes tópicos, cuja ação é limitada a cerca de 12 horas e exige reaplicação frequente.
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