Turismo

‘Brasil é o país com mais voos da TAP, onde investimos mais’, diz executivo

A empresa vai ainda aumentar em um voo por semana a operação entre Lisboa e Belém, Brasília, Natal/Maceió, Porto Alegre, Salvador e São Paulo
‘Brasil é o país com mais voos da TAP, onde investimos mais’, diz executivo
A Rua da Betesga (foto) é uma via histórica localizada em Lisboa, Portugal, próxima ao Castelo de São Jorge, um dos principais pontos turísticos da cidade | Crédito: Eloara Bahia

No Brasil há 58 anos e, em Belo Horizonte, há 16, a TAP Air Portugal já fatura mais no Brasil do que em Portugal. Atenta à retomada do turismo mundial aos níveis pré-pandêmicos, a companhia reforça a oferta de voos para o verão em alguns destinos de mercados importantes como o Brasil e a América do Norte.

No Brasil, serão adicionados seis voos por semana para Recife (PE), para um total de 13 frequências semanais. Para Fortaleza (CE) e Rio de Janeiro (RJ), vão ser mais dois voos por semana, para um total de nove e 12 voos por semana, respectivamente.

A TAP vai ainda aumentar em um voo por semana a operação entre Lisboa e Belém, Brasília, Natal/Maceió, Porto Alegre, Salvador e São Paulo.

No pico de verão de 2024, a companhia passa a oferecer 96 voos por semana entre Portugal e o Brasil, 16 a mais do que os 80 voos semanais operados no verão passado.

E Minas Gerais também está dentro dessa estratégia. A partir de junho, Belo Horizonte terá voos diários para Lisboa. A ação, que busca fortalecer o intercâmbio, o turismo e os investimentos entre o Brasil e Portugal, foi anunciada no estande de Minas Gerais, durante a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), em março. Hoje, Minas Gerais tem cinco frequências para o destino europeu. Confira, a seguir, entrevista exclusiva com o diretor da TAP para o Brasil e América do Sul, Carlos Antunes.

A TAP foi a primeira companhia europeia a ter voos regulares para o Brasil e hoje é a principal aérea internacional operando no País. A parceria com Minas Gerais já tem 16 anos e vocês estão aumentando o número de frequências no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (BH Airport). Qual a importância de Minas Gerais nos negócios da TAP no Brasil?

Minas Gerais é muito importante não só pela grandeza econômica, mas pela história do Estado, a história intimamente ligada à Portugal, pelas suas riquezas materiais e naturais. Mas é um destino diferente dentro do Brasil. Tradicionalmente, vendemos o País como um destino de sol e mar, mas Minas está no interior. Então, temos que destacar os atrativos maravilhosos que só existem no Estado.

Anunciamos a nova rota entre Belo Horizonte e Lisboa em uma feira de turismo em Portugal. Foi um momento muito interessante. Minas Gerais tinha um estande muito bom e apresentou uma cozinha-show, com os sabores típicos tão apreciados em todo o mundo. Foi uma ótima forma de apresentar a gastronomia, que é um dos carros-chefes do turismo em Minas para os verdadeiros vendedores de destinos, que são os agentes de viagem.

Em 2023, transportamos 167 mil passageiros saindo de Confins, sendo 70% deles brasileiros. Precisamos equilibrar a rota trazendo mais europeus para Minas Gerais. Isso é bom para os dois territórios e também para a TAP, que fica menos vulnerável às sazonalidades e qualquer intercorrência – seja de um lado ou do outro do Atlântico.

Somente em 2024, o turismo mundial deve voltar aos patamares de 2019, último ano antes da pandemia de Covid-19. Qual a importância que o Brasil tem hoje para os resultados globais da TAP?

Nós reduzimos as nossas rotas quase a zero na pandemia e foi um recomeçar paulatino. Só agora estamos ultrapassando o que tínhamos pré-pandemia. Como o planejamento é de médio e longo prazos, temos vários indicadores. Identificamos oportunidades. Agora, começa-se a falar do Brasil novamente. Tínhamos o plano de chegar a 90 voos e já estamos em 96. Hoje, o Brasil é o país em que temos mais voos, onde investimos mais. O País já ultrapassou as receitas de Portugal e posso dizer que o Brasil é a nossa primeira casa. Nunca saímos daqui. Fizemos o voo da Amizade e a primeira rota Lisboa-Rio. Sentimos muito orgulho nisso. Na minha equipe, sou o único português.

Carlos Antunes | Crédito: Cláudio Gatti

Os brasileiros têm reclamado muito do preço das passagens aéreas. Por que está tão caro viajar de avião? Podemos ter esperança de que os preços diminuam nos próximos meses?

A pandemia atingiu em cheio as empresas aéreas. Ficamos mais de um ano praticamente sem operar e com os custos crescendo. A quebra das cadeias de suprimentos, o encarecimento do combustível – que representa cerca de 25% do nosso custo total – e o empobrecimento da população fizeram com que o setor ainda não tenha se reequilibrado. No Brasil, mais um fator pesou contra os viajantes: a desvalorização do real. Quando a pandemia chegou, um dólar valia cerca de R$ 4,00 e chegou a R$ 5,60 naquele período. Então, além da inflação de insumos, todos cotados em dólar, tivemos a desvalorização do real, fazendo com que o consumidor sentisse ainda mais. Vejo uma tendência de diminuição, mas ao longo do tempo. O mundo segue instável por muitos motivos e isso gera inflação e aumento do preço dos combustíveis. Infelizmente, isso está menos nas mãos das aéreas do que gostaríamos.

Você tem mais de 20 anos no setor, em diferentes funções, em algumas das mais importantes companhias aéreas do mundo, como Copa Airlines, Alitalia, Etihad Airways, Air Seychelles e a TAP Air Portugal. E também em mercados variados como Itália, Brasil, Estados Unidos, Ilhas Seychelles, entre outros. Diante das novas tecnologias, a inteligência artificial, a possibilidade de novas pandemias, a transição energética e tantas outras “novidades”, que futuro você vislumbra para a aviação civil no mundo nos próximos anos?

Aquele ditado que diz que “enquanto alguns choram, outros vendem lenços” existe no Brasil e também em Portugal. Gosto de pensar que vou vender lenços. Toda crise é uma oportunidade. A TAP foi socorrida pelo governo português durante a pandemia e recebeu um volume grande de dinheiro, sendo reestatizada. O estado agora acredita que ela deva voltar para a iniciativa privada, não porque ela não tenha bons resultados, mas porque uma empresa pública tem determinadas travas burocráticas que não nos dão a agilidade que o setor exige. O processo de privatização vai ser redefinido.

Sobre o futuro, eu não sei que mundo estamos deixando para as próximas gerações. A aviação é muito impactada por isso. Apesar de podermos fazer contas e ver que o avião é mais conveniente do que um carro no consumo por quilômetro viajado, as companhias aéreas estão muito em evidência na questão ambiental.

Estamos encalacrados: não produzimos aviões, motores ou combustível. Por outro lado, temos os nossos parceiros e os órgãos regulatórios pressionando. Já fizemos o nosso primeiro voo com SAF (combustível sustentável de aviação), mas hoje em dia, Portugal não tem capacidade para produzir o SAF que precisamos. Alguma coisa vai ter que ser feita pelos fabricantes. Já há viabilidade técnica para uma série de projetos e acredito que a cadeia de suprimento vai se mover porque há demanda para isso.

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