Turismo

Após mais de dois anos do acidente em Capitólio, região retoma o turismo

Expectativa do Sebrae é que complexo turístico receba 170 mil turistas neste ano
Após mais de dois anos do acidente em Capitólio, região retoma o turismo
Foto: Leandro Couri / Sebrae

Após mais de dois anos da tragédia ocorrida no Lago de Furnas, em Capitólio, na região Sudoeste de Minas Gerais, o turismo na região foi praticamente retomado – e de forma mais qualificada do que antes.

A economia local foi abalada no dia 8 de janeiro de 2022, quando um paredão de pedra de um cânion desmoronou, causando a morte de dez pessoas, que estavam em uma mesma lancha, e ferindo outras 27 (relembre o acidente ao final da reportagem).

O passeio pelos cânions só voltou a ser aberto para turistas quase três meses após a fatalidade. O aval da prefeitura para a liberação parcial das visitas náuticas aconteceu após algumas medidas e novas regras, como a obrigação de os condutores manterem as embarcações a uma distância mínima dos paredões e respeitarem os limites estabelecidos para cada trecho do percurso, e a contratação de uma equipe de geólogos para avaliar, diariamente, a estabilidade dos blocos de pedra.

Além disso, lideranças regionais e o Sebrae, por meio da Agência de Desenvolvimento Regional Conexão Sudoeste, fizeram uma parceria para tomar atitudes assertivas, que estruturaram e estabeleceram um protocolo de segurança que tem sido seguido à risca pelos empreendedores ligados ao turismo local.

O resultado positivo é comprovado pelos números: o ano de 2023 foi encerrado com fluxo turístico de 150 mil turistas – cerca de 90% do que era antes da fatalidade. Agora, a expectativa dos municípios da região é que, em 2024, o complexo turístico receba 170 mil turistas, ou 20 mil a mais que no ano anterior.

Para Cristiano Ventura, secretário de Turismo e Cultura da cidade de Capitólio, município indutor do turismo na região, distante cerca de 282 quilômetros de Belo Horizonte, o novo protocolo de segurança foi importantíssimo para a retomada dos turistas no local.  “Foram 72 dias de cânions fechados, e o rigor do novo protocolo fez com que o turista voltasse”, comenta.

Ventura ressalta, inclusive, que o “turista voltou melhor”. “Temos hoje um turismo melhor do que era.  Tínhamos um turismo de massa, só aos finais de semana. Após o acidente, as empresas ampliaram a segurança e o turista está mais qualificado, familiar e vindo ao longo da semana também”, diz ele.

Embarcações agora são obrigadas a ficar a uma distância mínima dos paredões | Crédito: Leandro Couri/Sebrae

Turismo de melhor qualidade

A empresária Andréia Rodrigues, que também é diretora da Associação dos Empresários de Turismo de Capitólio, é uma das lideranças que comprovam a retomada da região. Ela tem um espaço de camping e também realiza passeios na região dos cânions.

De acordo com ela, o que tem sido observado é um turista de melhor qualidade, disposto a gastar e ficar por mais tempo na região. “Além de famílias tirando férias por aqui, após o acidente estamos percebendo um aumento de turista estrangeiro”, diz.

Nos passeios pelos cânions ela também notou o aumento de turistas de outros estados e a permanência maior deles na região.

“A cidade ficou mais conhecida e as pessoas passaram a ter interesse em vir, passar suas férias, feriados e em busca de novas opções de lazer, como a área rural e suas belas fazendas, trilhas em áreas verdes. Esse movimento contribui para que pequenos negócios da região sejam retomados ou até que os pequenos empreendedores repensem suas atividades, oferecendo serviços de melhor qualidade”, diz.

Outra melhoria percebida na região, pontuada pela empresária, foi o fim do grande tráfego e engarrafamentos de ônibus.

“Isso não é mais uma realidade, pois a entrada desses veículos tem sido controlada, com obrigatoriedade de obtenção de autorização pelos municípios, comprovação de reservas nos hotéis ou em restaurantes locais”, diz Andréia Rodrigues.

Relembre o acidente em Capitólio

Em 8 de janeiro de 2022, um paredão de pedra de um cânion desmoronou no Lago de Furnas, causando a morte de dez pessoas, todas ocupantes de uma mesma lancha. Outras 27 pessoas ficaram feridas.

O bloco de pedra atingiu três embarcações que transportavam turistas para conhecer a região. As imagens foram gravadas e disseminadas no mundo inteiro.

A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o acidente e, meses depois, nenhum responsável foi indiciado. Estudos técnicos apontaram que a queda do bloco de rocha no lago se deu como desdobramento de eventos naturais, sem influência da ação humana.

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