Turismo

Cordilheira do Espinhaço impulsiona turismo no Norte de Minas; conheça atrativos

Funcionando como um divisor natural entre a Mata Atlântica e o Cerrado, o Espinhaço detém 15% da biodiversidade brasileira
Cordilheira do Espinhaço impulsiona turismo no Norte de Minas; conheça atrativos
Cordilheira do Espinhaço, no Norte de Minas Gerais. Foto: Geisy Faria / Divulgação

Com 1,5 bilhão de anos, o Espinhaço é a única cordilheira do Brasil. Mas o entendimento de que a cadeia de montanhas forma uma paisagem natural e cultural integrada é recente. Foi somente em maio de 2021 que cinco municípios do Norte de Minas (Grão Mogol, Botumirim, Cristália, Itacambira e Turmalina), com as Instâncias de Governança Regional (IGRs) Lago de Irapé e Sertão Gerais, se uniram para criar o Programa de Desenvolvimento Turístico Integrado Sustentável da Cordilheira do Espinhaço.

O programa foi criado para melhorar a infraestrutura e a qualificação turística das cidades cortadas pela cordilheira, reconhecida como Reserva da Biosfera pela Unesco.

Nascido com o apoio do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG) e do Instituto Estadual de Florestas (IEF), além do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, Sebrae e Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), o projeto lançado em março de 2023 é, hoje, uma das iniciativas mais grandiosas do turismo nacional.

Ao longo 1,2 mil quilômetros, 172 municípios mineiros, 21 IGRs e mais de cem unidades de conservação nacionais e estaduais são beneficiadas pelas ações de estruturação, capacitação e promoção, que já mostram resultados concretos.

Quem atesta é o secretário de Turismo de Grão Mogol, Ítalo Oliveira Mendes, que viu a participação econômica do turismo no PIB da cidade quase dobrar.

“A participação econômica foi de 3% para 5%. Os hotéis têm tido 100% de taxa de ocupação, principalmente nos finais de semana de visitação à experiência de enoturismo. O emprego formal no setor cresceu 50%, de janeiro de 2021 até 31/12/2023”, conta Ítalo.

Geisy Faria

Cenário natural e cultural rico e diverso na Cordilheira do Espinhaço

Funcionando como um divisor natural entre a Mata Atlântica e o Cerrado, o Espinhaço detém 15% da biodiversidade brasileira. Cerca de 23% das espécies da fauna e flora são endêmicas, ou seja, só existem na região.

Um exemplo é Botumirim, habitat natural da rolinha-do-planalto, considerada uma das dez aves mais raras do mundo, razão pela qual a cidade se tornou um dos principais lugares de observação de aves do planeta.

Mas a riqueza também se estende pela paisagem cultural, conforme sublinha o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas de Oliveira.

“A América do Sul possui duas cordilheiras: a dos Andes e a do Espinhaço. Ela tem um poder muito grande na formação cultural e, claro, na natureza do nosso estado, devido ao reviramento de terra que originou, por exemplo, o ouro, as pedras preciosas e o minério. A Cordilheira do Espinhaço também possui elementos arqueológicos e uma ancestralidade pré-colombiana imensa”, explica.

É nesse cenário que estão o artesanato em barro do Vale do Jequitinhonha e o Sistema Agrícola Tradicional de Apanhadoras e Apanhadores de Flores Sempre-Vivas, por exemplo, ambos registrados como patrimônio imaterial pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).

“Essa cordilheira agora se mostra como um novo destino turístico, com picos muito altos, cachoeiras, patrimônio histórico rico e, claro, com turismo verde”, complementa Leônidas.

Cordilheira do Espinhaço
Cordilheira do Espinhaço | Créditos: Geisy Faria

Capacitação em alta impulsiona turismo no Espinhaço

O aumento do fluxo de turistas tem aumentado o interesse da população por capacitação na área. É o que afirma a gestora da IGR Lago de Irapé e presidente da Associação da Cordilheira do Espinhaço, Poliana das Dores Soares Caldeira.

“A partir do momento que a comunidade viu que o turismo está sendo desenvolvido, as pessoas estão se interessando pelos cursos”, relata a gestora da IGR, formada por 18 municípios, dos quais 15 estão no território do Espinhaço.

Para impulsionar essa qualificação, a Secult-MG, em parceria com a Sedese, promove formações como “Qualidade no atendimento ao cliente”, “Boas práticas para serviços de alimentação” e “Aperfeiçoamento em serviços de cozinha”, entre outras.

Para 2025, estão previstos cursos nas cidades de Salinas, Diamantina, Turmalina, Paracatu, Itambacuri, Janaúba, Montes Claros e Teófilo Otoni.

Reportagem distribuída pela Agência Minas

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