Turismo

Desafio do setor de turismo de luxo é manter índices de 2021

Personalização, ineditismo, conforto e alto padrão em serviços fazem parte do receituário mínimo para o sucesso
Desafio do setor de turismo de luxo é manter índices de 2021
No Vila Campana (Juatuba), desafio é inovar dentro da tradição de um hotel-fazenda butique | Crédito: Divulgação

A retomada do turismo em meados de 2021, após o longo e duro período de fechamento imposto pela pandemia a partir de março de 2020, foi marcado pelo turismo nacional e de luxo. As restrições de entrada em diversos países e o menor impacto da crise econômica sobre esse estrato da sociedade fez com que esse tipo de turismo florescesse.

Dados de um levantamento feito pelo Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) indicam que o faturamento do setor nos seis primeiros meses do ano totalizou R$ 77,4 bilhões, apenas 8,5% abaixo do registrado em 2019.

O Anuário 2021 da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), produzido em parceria com  o Senac São Paulo, revela um faturamento aproximado de  R$ 1,8 bilhão para a hotelaria de luxo no País, montante 50% superior ao  registrado antes mesmo da pandemia.

O desafio, agora, é manter a performance diante da abertura do mercado internacional. De acordo com a CEO da BLTA, Simone Scorsato, 2021 foi atípico por conta das fronteiras fechadas, e essa foi uma boa oportunidade para esse público viajar por destinos que não eram, muitas vezes, não tinham o seu potencial reconhecido.

“O viajante brasileiro agora é mais exigente, ele espera encontrar um mimo, um upgrade. Ele vem como um cliente mais mimado, diferente do turista estrangeiro, que está aberto a conhecer a nossa cultura, muitas vezes sendo a primeira experiência no Brasil. O elemento surpresa para o estrangeiro é muito mais no dia a dia, nas experiências, do que uma surpresa preparada”, explica Simone Scorsato.

A palavra-chave para o turismo de maneira geral, e do turismo de luxo, principalmente, é “experiência”. Personalização, ineditismo, conforto e alto padrão em serviços fazem parte do receituário mínimo.

“O desafio agora é promover o Brasil e trazer os turistas estrangeiros novamente. O mercado doméstico continua aquecido porque em um ano não se descobre o Brasil. O brasileiro entendeu que o nosso País tem produtos de qualidade, excelência em serviços e diversidade de produtos. Esse foi um paradigma quebrado na pandemia. Conquistamos essa demanda e isso deve permanecer”, avalia a CEO da BLTA.

Simone Scorsato, CEO da BLTA | Crédito: Ana Laura Ravagnani

E é nesse sentido que trabalha a diretora do Vila Campana Hotel & Bem-Estar, em Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), Kenya Diniz. Segundo ela, o desafio é inovar dentro da tradição de um hotel-fazenda butique.

A propriedade, com 70 hectares, tem 32 suítes, oferece pensão completa, o que inclui café da manhã, almoço, chá da tarde e jantar. Todas as acomodações são divididas em quatro categorias: 10 suítes de luxo, 17 luxo especial, 4 superluxo e uma suíte master.

Para as crianças, a principal atração é uma fazendinha, que as coloca em contato com atividades rurais e experiências diferenciadas.

“Estamos sempre inovando, reavivando a memória afetiva da casa de vó. Tem sempre um fogão a lenha aceso, um bolinho de chuva feito na hora. Durante o período da pandemia sentimos a necessidade de melhorar os nossos serviços. Recebemos agora um público ainda mais exigente. Temos uma consultoria constante e treinamento e recentemente trouxemos um gerente experiente em implementar hotéis-butique”, afirma Kenya Diniz.

Entre as ofertas de lazer para o público adulto, há o “play bar”, com dardos, TV, bar, jogos de tabuleiro e pôquer, além de espaço fitness, área de meditação, spa, sala de massagem, hidromassagem e sauna.

O esforço parece estar dando certo. Desde o segundo semestre de 2021, o hotel vem registrando uma média de 45% de crescimento no faturamento mensal em relação ao mesmo período de 2019. A meta é crescer 15% no faturamento deste segundo semestre em relação ao mesmo período do ano passado.

Para muitos, o simples ato de viajar já é um luxo e a falta de companhia não pode colocar uma oportunidade a perder. Por isso, a Single Trips se recupera das dificuldades dos últimos dois anos.

O principal facilitador oferecido pela agência de viagens é o fato de colocar os viajantes sozinhos em quartos duplos. 95% do público é formado por mulheres, acima dos 35 anos, que não querem viajar sozinhas, principalmente, para destinos considerados mais perigosos para elas.

Segundo a fundadora da Single Trips, Renata Guedes, as pessoas preenchem um formulário de compatibilidade com várias perguntas e, então, as duplas são formadas de acordo com os perfis. Os grupos de viagem têm, no máximo, 16 pessoas.

“Não oferecemos um serviço com o conceito clássico de luxo, porém, a curadoria, o nível de serviços e a exclusividade formam um ‘novo luxo’ que prima pela experiência. Com a pandemia, as pessoas começaram a se preocupar mais com o que pode acontecer em uma viagem. Elas nos procuram porque querem segurança e integração. Os destinos que mais se destacam são praias nacionais; destinos de natureza que são de difícil logística, como Pantanal, Amazônia e Jalapão; e os internacionais”, pontua Renata Guedes.

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