Produção rural vira atração turística em Minas

Os saberes tradicionais e o modo de produção de produtos considerados artesanais
ou especiais têm feito com que turistas de todos os lugares atravessem oceanos e continentes para conhecer rotas de fabricação de vinhos, queijos, cervejas e azeites, entre outros produtos. O Sul de Minas é um dos candidatos a hot point no Brasil no chamado turismo de experiência e a pequena Alagoa, com cerca de 2,7 mil habitantes – segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) para 2017 – se projeta no segmento.
O empresário Osvaldo Filho, proprietário da Queijos d’Alagoa começa a tirar do papel o antigo sonho de levar turistas de todo o Brasil para conhecer a fabricação dos renomados
queijos e azeites da cidade. A “Rota do Queijo e do Azeite” pode ser feita em um ou dois dias, de acordo com o interesse e disponibilidade dos visitantes.
Logo pela manhã o convite é para uma caminhada entre as oliveiras para aprender a diferença entre as espécies espanholas (Arbosana e Arbequina), a grega (Koroneiki) e a brasileira (Maria da Fé). O objetivo é deixar o estresse de lado enquanto ao passear pela trilha ao pé da Pedra do Segredo cada um vai colhendo as frutas da estação e apreciando os macacos saguis que brincam nas árvores da Fazenda Cauré, onde é extraído o azeite extravirgem Prado & Vasques.
Ainda de manhã, acontece uma degustação orientada que permite ao visitante experimentar as variedades frescas e monovarietais dos azeites com acidez máxima de 0,2% harmonizados com os exemplares da Queijo d’Alagoa, que variam de tamanho e tempo de maturação.Logo depois, o almoço mineiro é servido no Restaurante Dona Inês. “Essa é uma iniciativa privada. Consegui mobilizar empresários parceiros em torno da ideia. Assim criamos uma estrutura que é capaz de receber os visitantes sem atrapalhar a produção. Nosso objetivo é ajudar a manter os produtores no campo, a frequência nas pousadas e garantir a geração de emprego e renda por meio do turismo. Só na minha
empresa criamos três empregos diretos imediatamente”, explica Osvaldo Filho.
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Na parte da tarde, a comitiva sobe a serra e adentra as porteiras da Fazenda 2M, parceira da Queijo d’Alagoa, onde o Seu Márcio, a Dona Dirce – mestre queijeira – e seus filhos, Caik e Luan, são os anfi triões. Nos cômodos brancos e bem higienizados é possível conhecer o passo a passo da produção do queijo artesanal Alagoa. Como está a cerca de 1.600 metros de altitude, de lá é possível avistar o Pico do Santo Agostinho, com 2.377 metros no Parque Estadual Serra do Papagaio.
“Existe a rota expressa que privilegia o acompanhamento da produção e a rota completa em que levamos os turistas para um passeio dentro do parque e outros atrativos naturais da cidade. Já tivemos os primeiros ônibus que saíram de Belo Horizonte e de São Paulo e temos recebido o convite de outros receptivos para a compra do pacote. A rota é um produto turístico pronto para venda. Estamos trabalhando, neste momento, os períodos de feriados e fins de semana. Em breve queremos que a rota seja um produto para o ano inteiro”, destaca o empresário.
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Circuito – Alagoa faz parte do Circuito Turístico Terras Altas da Mantiqueira – junto com Aiuruoca, Itamonte, Itanhandu, Passa Quatro, Pouso Alto e São Sebastião do Rio Verde – e do Caminho Velho da Estrada Real. Originária de um povoado surgido em 1.720, está a 1.100 metros em sua parte mais baixa e 2.370 metros no Pico de Santo Agostinho, que fica dentro do Parque Estadual Serra do Papagaio, e é a cidade mais alta do circuito. “É impressionante como depois que o Queijo d›Alagoa se tornou conhecido com as pessoas passaram a se interessar pela cidade. A medalha de bronze no Mundial du Fromage na França e a conquista do melhor queijo artesanal de leite cru do Brasil, no Super Ouro no III Prêmio Queijos Brasil, em 2017, foram divisores de águas para a empresa e para a cidade. Trabalhamos para nos tornar referência na produção de queijo e agora também no turismo. Vamos fazer crescer a estrutura e em breve teremos muitas novidades”, promete.
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