Turismo

Segmentação oferece turismo original e personalizado

Ideia é atrair o consumidor que procura experiências diferenciadas e mais profundas
Segmentação oferece turismo original e personalizado
Em Belo Horizonte, a Kunhã é uma agência formada por mulheres para atender outras mulheres | Crédito: Divulgação Kunhã

Seja por gênero, destino, faixa etária, tipo de atividade ou qualquer outra característica, as agências de turismo apostam na segmentação para atrair viajantes em busca de experiências profundas e originais e capazes de pagar por isso.

Nesse sentido, a segmentação do turismo é uma importante ferramenta de planejamento, que possibilita a oferta de experiências de acordo com o gosto do visitante, organizando a entrega de acordo com as expectativas de cada um.

Em Belo Horizonte, a Kunhã é uma agência formada por mulheres para atender outras mulheres. A agência começou como uma comunidade virtual e, ainda hoje, é nesse ambiente que as interações são feitas com o objetivo de criar ambientes seguros para as mulheres.

De acordo com a fundadora da Kunhã, Maíra Caroline, a agência foi um negócio planejado a partir da experiência da comunidade que apontava a falta de companhia para viajar e o medo de andar sozinha por lugares desconhecidos  como os grandes impeditivos para que as mulheres viajassem.

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“Eu sempre viajava e não encontrava mulheres. Isso me incomodava e na comunidade percebi que era por medo e por falta de companhia. No começo eu achava que a Kunhã atrairia um perfil parecido com o meu, de mulheres jovens e desbravadoras. Recebemos de todos os perfis, principalmente héteros e casadas”, diz.

Ela conta que muitas que dissolveram relacionamentos recentemente e perceberam que durante ao longo do tempo acabaram se distanciando das amigas. “A viagem é uma oportunidade de voltar a se conectar com outras mulheres. E recebemos também muitas mães que não querem levar crianças para ter um espaço para elas. E outras com as suas crianças”, explica Maíra Caroline.

Avoar Turismo
A sustentabilidade é um diferencial em todos os roteiros oferecidos pela Avoar, sonho do biólogo Gilmar Gualberto Pereira | Crédito: Divulgação Avoar Turismo

Com roteiros nacionais, voltados principalmente para o ecoturismo, a empresa já se prepara para viagens internacionais. Além das viagens, a Kunhã também promove atividades dentro da cidade, como sessões de yoga em parques públicos.

A opção pela segmentação fez com que a empresa de turismo também tivesse uma equipe diferente das tradicionais. Na Kunhã apenas os motoristas são homens por um motivo muito específico: a segurança.

E, apesar de todo o treinamento e experiência, as colaboradoras e a própria empresária não estão imunes a episódios de assédio.

“Os motoristas são homens muito bem treinados porque se acontece algum problema na estrada, podemos liberar o grupo para seguir viagem enquanto ele aguarda a resolução do problema. Se o nosso propósito é criar ambientes seguros para as mulheres, não podemos colocar nossas colaboradoras em risco. Ainda que nos cerquemos de cuidados e sejamos treinadas, situações de assédio ainda acontecem, por exemplo, de fornecedores que desrespeitam os contratos porque somos mulheres”, reclama a empresária.

Há 20 anos no mercado, a Avoar é o sonho de um biólogo que viu no segmento do turismo pedagógico a oportunidade de reunir duas paixões: a sala de aula e as viagens. Biólogo marinho e professor, Gilmar Gualberto Pereira, tem na sustentabilidade um diferencial em todos os roteiros que promove, sejam eles próprios ou personalizados para a escola.

“Com cinco anos na educação, eu já saía com os alunos por conta própria. A ciência pede a prática. Hoje temos roteiros para crianças a partir de três anos. Nessa fase, eles vão para a fazendinha e é uma atividade bastante lúdica”, diz.

Ele explica que escolas já têm informações sobre a especialidade e o que a empresa oferece. “Temos um catálogo, uma revista pedagógica on-line. O nosso diferencial é incluir em todos os roteiros a questão da sustentabilidade. Falamos sobre o tema e colocamos em prática o conceito em todas as viagens. O exemplo é a melhor forma de ensinar e em uma viagem isso fica ainda mais fácil”, destaca Pereira.

A equipe é formada por seis pessoas na linha de frente, e outros profissionais contratados por demanda. A meta é crescer 20% em clientes este ano. Para alcançar esse objetivo a tecnologia é uma aliada utilizada a favor do aprendizado e da socialização.

“Os maiores motivadores da criança é o professor e o nosso encantamento na apresentação. A imagem é encantadora. Não trabalhamos mais sem drone. Os estudantes querem ver e serem vistos. Toda visita dessas tem um caráter de socialização”, pontua o fundador da Avoar.

Segmentação apresenta destinos turísticos de maneira especial

Foi por entender que o turismo oferece infinitas possibilidades e que para atender bem é preciso muito conhecimento que o CEO da Elite Resorts, Mauri Viau, viu na segmentação uma oportunidade.

Com mais de 300 mil clientes ativos na base e sede em Belo Horizonte, a Elite Resorts leva aos seus clientes atendimento personalizado e o conforto de planejar a sua viagem pela internet, desde a escolha do resort até o retorno para casa.

“Começamos em 2011 e a segmentação me parecia uma boa estratégia diante do gigantismo do setor de turismo. Escolhi trabalhar com produtos que agregam mais valor e a venda de resorts no Brasil crescia muito naquele tempo. E hoje continua crescendo, tem uma dezena para ser inaugurado no Brasil nos próximos anos”, destaca Viau.

Apesar do enorme potencial natural do Brasil para esse tipo de hospedagem e do crescente interesse dos turistas nacionais e estrangeiros, o empresário pontua dificuldades que ainda afastam visitantes e investidores. A principal delas é a logística, com poucos aeroportos e estradas mal conservadas.

“O nosso País oferece uma infinidade de oportunidades, mas as gestões públicas nunca valorizaram. O turismo auxilia o desenvolvimento limpo das cidades. A maioria dos resorts utiliza mão de obra local, mas existem poucos cuidados com os acessos aos destinos. E, do nosso lado, falta conversa entre os membros da cadeia produtiva, as empresas se sentem pouco representadas pelas entidades”, critica o fundador da Elite Resorts.

Happy Travel
Proposta da Happy Travel é que o turista veja além do óbvio | Crédito: Divulgação Happy Travel

A Happy Travel (HT) – operadora e receptivo de turismo – com sede em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e escritório na Capital, mais do que na segmentação, apostou em um destino: Minas Gerais, e se especializou como receptivo.

Segundo o sócio da HT, Ricardo Campos, o segredo do receptivo é encontrar atrativos capazes de se apresentar como novidade e ao mesmo tempo fazer parte de uma tradição que faz com que os visitantes sintam que estão diante de algo original e que faz parte do que é entendido como Minas Gerais.

“Buscamos mostrar Minas Gerais além dos cartões postais e das experiências já massificadas. Claro que vamos visitar Ouro Preto (na região Central), mas queremos que o turista veja mais do que o óbvio que todo mundo vê. Fomos, por exemplo, os primeiros a fazer a antiga Rota da Cachaça, em Brumadinho, como turismo de base comunitária, e o Céu de Montanhas, recentemente, com 39 experiências”, relembra Campos.

Como principal gargalo, ele também aponta a logística e o desinteresse das prefeituras, que pouco reconhecem o potencial da cadeia produtiva do turismo como propulsora de desenvolvimento socioeconômico.

Para o empresário, a segmentação atrai um viajante interessado em um turismo mais sofisticado, com experiências mais profundas e “menos” pontos turísticos.

“Não acreditamos no turismo de massa. O turista quer entender a nossa história, a arte, conhecer o que só existe aqui. Algo que nem todo mundo tem acesso. Somos o tempo todo consultores. Temos um cardápio próprio com 30 experiências e desenvolvemos novos roteiros com parceiros em outras regiões. As cidades precisam enxergar o turismo como vetor de desenvolvimento. Só temos guias bilíngues, por exemplo, em BH e Ouro Preto”, pontua o sócio da HT.

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