Seminário em Mariana debate futuro sustentável do patrimônio religioso mineiro

Em um movimento que busca redefinir as discussões sobre patrimônio cultural em Minas Gerais, a histórica cidade de Mariana, na região Central do Estado, se prepara para sediar o 1º Seminário “Bens Culturais e Turismo da Fé”. Marcado para os dias 9 e 10 de abril, o evento, organizado pela Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP) e ligado à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, promete ir além dos debates tradicionais e explorar a complexa relação entre fé, cultura e desenvolvimento local.
O seminário, que terá lugar na Cúria Metropolitana de Mariana, reunirá especialistas de diversas áreas, incluindo historiadores, arquitetos, teólogos e gestores públicos. O objetivo é promover um diálogo aprofundado sobre como a fé, um elemento central na formação da identidade mineira, pode ser um catalisador para o desenvolvimento econômico e social sustentável.
Os participantes terão a oportunidade de assistir a palestras, participar de mesas redondas e realizar visitas guiadas a importantes sítios históricos e religiosos da cidade. Entre os tópicos de destaque na programação, estão:
- a musealização do patrimônio sacro
- o impacto do turismo religioso nas comunidades locais
- as estratégias para garantir a preservação das práticas culturais ligadas à fé
A escolha de Mariana como sede do seminário não é aleatória. A cidade, considerada um dos berços da civilização mineira, possui um rico patrimônio cultural e religioso, com inúmeros bens ligados à história da igreja católica.
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O evento, portanto, representa uma oportunidade para refletir sobre o papel deste patrimônio na construção da identidade local e nacional, além de buscar soluções inovadoras para os desafios da sua preservação e gestão.
Com a expectativa de atrair um público especializado e engajado, o 1º Seminário “Bens Culturais e Turismo da Fé” se apresenta como um marco no debate sobre patrimônio cultural em Minas Gerais, conforme explica o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo.
“Nosso objetivo é congregar um amplo espaço tombado, abrangendo monumentos modificados e monumentos naturais, com a ajuda e o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Para isso, buscamos uma ação articulada e solidária, visando sempre preservar esses espaços em nossas cidades”, comenta o prefeito que também o presidente da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais (ACHMG).

Segundo ele, ao promover a interdisciplinaridade e o diálogo entre diferentes setores da sociedade, o seminário pretende ressaltar a importância da construção de um legado histórico e religioso da região, que seja valorizado e preservado para as futuras gerações.
“Um grande desafio para nós é conciliar a planta urbana do século XVIII com a dinâmica atual. Alguns dos problemas comuns enfrentados pelas cidades históricas é o aumento constante do número de carros em circulação, que impacta em várias questões a serem estudadas. Além disso, a preservação estética é significativa, em tempos em que são necessárias pelas vias as fiações de energia elétrica, ou de operadoras de telefonia e de internet, que geram tamanha poluição visual”, pontua.
Para Ângelo Oswaldo, a preservação adequada desses espaços é um desafio permanente, especialmente durante a Semana Santa, período de grande utilização dessas áreas devido às cerimônias religiosas.
“Oferecemos também essa oportunidade ao público ligado aos templos, como os sacristãos e párocos, que lidam diretamente com esses ambientes sacros, a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos. Fato é que os portugueses construíram igrejas aqui e não palácios ou museus, mas igrejas com esculturas, talhas, pinturas e objetos de arte das alfaias. Isso precisa ser preservado, pois tudo tem um valor histórico e cultural”, afirma.
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