Turismo

Vivalá rende fôlego às economias locais

Expedições de TBC e Volunturismo melhoram a qualidade de vida de comunidades em unidades de conservação
Vivalá rende fôlego às economias locais
Cabrera: olhamos para o Brasil como uma potência gigantesca | Crédito: JP. Mubarah

Entre os setores da economia mais castigados pela pandemia, o turismo – nos seus mais diferentes estilos e formatos – foi dos que mais sofreu. A reabertura das fronteiras, a queda das restrições de deslocamentos e políticas de isolamento social e a consequente retomada da economia reacende o setor que para se recuperar precisa entender e atender o sonho de milhões de viajantes ávidos não só por colocar o pé na estrada, mas por experiências realmente significativas.

Para a sociedade que emerge da tragédia causada pela Covid-19 – ao menos espera-se -, e muitas pesquisas comprovam, já não basta um belo cartão-postal para fazer uma selfie. As pessoas querem se aprofundar na cultura, nas experiências e aprendizados do lugar que escolheram conhecer. E é assim que cresce no mundo inteiro o Turismo de Base Comunitária (TBC), que privilegia o modo de vida das comunidades, tornando-as protagonistas e lutando pela sua autonomia. O TBC não é um segmento do turismo, mas um modelo de gestão que não quer espetacularizar o cotidiano das comunidades tradicionais, mas sim promover um intercâmbio respeitoso onde o turista vai para aprender.

Sediada em São Paulo, a Vivalá surgiu em 2015 como uma empresa social com a missão de ressignificar as relações das pessoas com o Brasil através do turismo sustentável. Presente em oito estados – entre os biomas da Amazônia, Caatinga e Cerrado -, a empresa tem um audacioso plano de acelerar sua expansão para unidades de conservação de todas as regiões do Brasil nos próximos dois anos e injetar, até o ano de 2032, mais de R$ 30 milhões nas comunidades tradicionais locais através da compra de serviços de base comunitária. Além disso, visa alcançar 120 mil horas de voluntariado em seus programas de viagem de Volunturismo de saúde, educação, meio ambiente e bioeconomia.

De acordo com o cofundador e diretor executivo da Vivalá, Daniel Cabrera, o turismo sustentável precisa se assentar sobre três pilares: social, ambiental e financeiro.

“A gente olha para o Brasil como uma potência gigantesca para imersões. O número de viajantes nas unidades de conservação ainda é muito pequeno, apesar do crescimento constante na última década. Entendemos que os nossos viajantes são pessoas que buscam contato profundo com a natureza, conhecer lugares incríveis e que desejamos que voltem para casa com uma mensagem de proteção ambiental muito forte e consigam aplicar projetos em suas organizações”, explica Cabrera.

Em Minas Gerais o destino trabalhado é o Parque Nacional Grande Sertão Veredas, no município de Chapada Gaúcha, no Norte de Minas. A expedição é uma opção para quem busca imergir na cultura sertaneja e quilombola. A viagem permite um mergulho no sertão de Minas Gerais, conhecendo a cultura, biodiversidade e riquezas naturais, como: cânions, cachoeiras, rios e montanhas.

O ponto de encontro para iniciar o roteiro é em Brasília (DF), lugar onde o viajante poderá conhecer o Congresso Nacional, a Praça dos Três Poderes, o Pontão do Lago Sul, entre outras atrações disponíveis. Logo após todos se reunirem, seguem para o Parque Nacional.

“O turismo sustentável é uma ferramenta de impacto. Essas áreas são gigantescas, administradas por órgãos públicos com poucos recursos.Temos uma visão de que a iniciativa privada pode investir, criando um turismo que de fato injete recursos nesses locais gerando autossuficiência e autonomia. Quem protege esses espaços é a população local. Só trabalhamos com comunidades tradicionais: indígenas, ribeirinhos, sertanejos, quilombolas e caiçaras. Isso é muito importante porque são populações marginalizadas e com culturas riquíssimas”, pontua.

Atualmente são quase mil pessoas envolvidas na operação. Além dos recursos injetados diretamente pela Vivalá através da compra de serviços de base comunitária, cada turista deixa, em média, R$ 500 na comunidade visitada.

Duas novas áreas devem ser anunciadas como aptas a receber turistas em breve: o Xingu, no Amazonas, e uma área na chamada Amazônia Azul. O litoral de São Paulo, Rio de Janeiro e alguns pontos de Minas Gerais também já estão sendo estudados.

“Muito se fala, mas pouco se conhece sobre essas populações. Fazemos um exercício gigante de troca. Promovemos os saberes tradicionais, passados por gerações: a integração com a natureza pelo ponto de vista da medicina, as festas, a religião, gastronomia, e a própria gestão social. Dentro das expedições têm espaços de conversa. A gente quer que as comunidades contem a própria história. Elas são as protagonistas, força atuante na gestão. São nossas sócias”, completa o cofundador da Vivalá.

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