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“A Desumanização” estreia no CCBB BH

“A Desumanização” estreia no CCBB BH
Crédito: Victor Iemini

O Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (CCBB BH) apresenta o espetáculo “A Desumanização”, inspirado no livro homônimo do escritor português Valter Hugo Mãe, com direção de José Roberto Jardim e com Fernanda Nobre e Maria Helena Chira no elenco.

A adaptação inédita no Brasil do romance do autor traz à cena a história de uma gêmea que perdeu sua irmã na infância. Tendo que amadurecer sem a sua metade e melhor amiga, numa cidade conservadora do interior da gelada Islândia, ela se depara com situações e intolerâncias que a fazem rever de maneira drástica sua relação com a família, amigos e moradores daquela sociedade opressiva.

Idealizado pela atriz Maria Helena Chira, que conseguiu o aval do autor para adaptação do livro para os palcos, a montagem cumpre temporada no CCBB BH a partir de amanhã e até 15 de maio, sempre de sexta a segunda, às 19h, no Teatro II. Os ingressos, a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) estarão à venda em bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB BH. Clientes Banco do Brasil com cartão Ourocard pagam meia-entrada.

A peça aborda questões profundas, como a passagem da infância para a juventude e o contato íntimo com a experiência da perda e da dor através da história das irmãs islandesas Halla e Sigridur. Halla perdeu sua irmã gêmea muito cedo e vive com o peso de carregar em si a existência das duas. Ao mesmo tempo em que se sente oprimida por “ser duas”, acredita que esta é a única forma de manter sua metade viva e próxima.

Duas metades

O palco está dividido em duas metades com cenários espelhados e cada atriz ocupa uma das metades. Num jogo de projeções em tempo real, em que contracenam com a própria imagem e também uma com a outra através das figuras projetadas, as duas atrizes contam a história das irmãs Halla e Sigridur.

A montagem de “A Desumanização” busca uma linha narrativa que preserva as imagens idealizadas pelo autor, criando uma leitura paralela. Duas atrizes em cena falam do passado e, ao mesmo tempo, revivem as diferentes passagens das fases de menina para mulher, as descobertas dolorosas e a necessidade de se sentirem inteiras.

No romance, o “longe” é representado pela Islândia, lugar mítico e sombrio. Cenicamente, esse “longe” existe dentro das personagens e nas palavras de Valter Hugo Mãe. O lirismo e a poesia estão presentes e há uma lente de aumento na questão da falta de identidade, da falta da outra metade, da duplicação.

A personagem Halla assiste sua irmã, Sigridur, morrer. Ou melhor: a vê ser plantada “para nascer árvore”, como assim contaram para ela. A obra é recheada de analogias e sentimentos profundos e de afeto. Alguns perturbadores, outros de encantamento. “Era fundamental que fôssemos cada vez mais gêmeas.”

Para José Roberto Jardim, dirigir “A Desumanização” é uma oportunidade de criar sobre um palco a jornada proposta por Valter Hugo Mãe, na qual o mundo e suas contradições encontram símbolos e lirismos tão arquetípicos quanto o desejo da personagem Halla em sobreviver ao que ela considera absurdo e, paradoxalmente, belo. “É um grito por sua paridade, autonomia, liberdade e pela busca de entendimentos nesse mundo tão árido e individualista”, analisa Jardim.

“Poder realizar ‘A Desumanização’ é como um sopro de esperança. Conseguir voltar aos palcos, recuperando a força do teatro e da cultura no nosso País, é um privilégio, ainda mais levando as palavras do Valter Hugo Mãe. Espero que esse encontro com o público tenha a força do recomeço, esse que todos estamos precisando”, afirma Maria Helena Chira.

“Este texto nunca teve tanta relevância como neste momento que estamos vivendo. O espetáculo conta a história de uma menina que perdeu sua irmã gêmea na infância. Então, ela tem que aprender a amadurecer e continuar sem a sua metade, sua irmã e melhor amiga, numa cidade do interior da Islândia. Nesse rito doloroso de passagem que ela tem que passar, ela se depara com situações e intolerâncias que a fazem rever sua relação com a família e moradores naquela cidade opressiva”, ressalta Fernanda Nobre.

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