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“A Hora da Estrela” tem nova versão no teatro

“A Hora da Estrela” tem nova versão no teatro
Crédito: Daniel Barboza/Divulgação

A atriz Laila Garin traz ao palco do teatro do Centro Cultural Sesiminas (rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia), a personagem Macabéa, mítica protagonista do aclamado romance de Clarice Lispector (1920-1977), “A Hora da Estrela” ou “O Canto de Macabéa”. Ao lado dos atores Claudia Ventura e Leonardo Miggiorin, Laila Garin interpreta a nova versão do texto da escritora para os palcos, absolutamente original, criada para celebrar o centenário da escritóra, em 2020.

A direção e adaptação são de André Paes Leme, com direção musical de Marcelo Caldi e trilha original de Chico César. O espetáculo passou por algumas capitais, sempre com grande sucesso de público, e, agora, retorna a Belo Horizonte para duas apresentações, neste sábado (23), às 21h, e no domingo (24), às 19h, no Sesiminas..

A idealização e produção do projeto é de Andréa Alves, da Sarau Cultura Brasileira, responsável por espetáculos como “Elza”, “Suassuna — O Auto do Reino do Sol”, “Sísifo” e “Macunaíma”.

“O romance veio para a minha estante através da minha professora, que, por coincidência, se chamava Laila. Ainda no percurso de “Gota D’Água”, tive a ideia de propor o projeto para a Laila Garin protagonizar, com a direção do André, que é meu parceiro teatral há 30 anos, e as músicas do Chico César, que tinha feito as canções originais do Suassuna. Essa rede afetiva e a descoberta do centenário foram os motivos perfeitos para dar mais potência ao projeto”, explica Andréa Alves.

“A Hora da Estrela” foi o último livro escrito por Clarice, que faleceu pouco tempo após o seu lançamento. Suas páginas narram a saga de Macabéa, imigrante nordestina cuja vida no Rio de Janeiro é marcada pela ausência de afeto e poesia. Vista pela sociedade como uma mulher desprovida de qualquer atrativo, ela se contenta com uma existência medíocre: ganha menos do que um salário, divide um quarto com quatro pessoas, sofre com um chefe rigoroso e não atrai a atenção de ninguém.

Na obra literária, tal história é contada por um escritor, que vê Macabéa na rua e resolve narrar a vida de uma pessoa tão invisível, comum e sem brilho, em um exercício de alteridade. Para esta nova versão teatral, André Paes Leme propõe uma inversão e essa figura do escritor se transforma em uma atriz. Assim, Laila Garin tem o desafio de se alternar entre a Macabéa e a Atriz, que não somente narra, mas também comenta e lança uma série de questões ao longo da encenação.

“Interpretar a Macabéa, as canções de Chico e ser dirigida por André já seriam motivos mais do que especiais para estar em cena. Mas fazer “A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa” vai além, é um espetáculo que diz exatamente o que queremos falar neste momento. Estar em cena também como a atriz é uma afirmação desse ato poético e político que é o teatro. É um grito de indignação com muita poesia, lutando com as armas que temos. “A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa” fala das pessoas supostamente invisíveis, fala de solidariedade, de olhar para o outro com afeto. Além de tudo, é uma peça sobre esperança”, analisa Laila.

O espetáculo marca ainda a primeira vez em que Laila Garin atua em um espetáculo de composições inéditas, produzidas ao longo do processo de ensaios. Após ser recordista de premiações por seu trabalho em “Elis – A Musical’ e “Gota D’Água (a seco)”, Laila foi dirigida pela lendária Ariane Mnouckine em “As Comadres”, no início de 2019. Enquanto segue com uma série de projetos de TV, Laila se consagrou na última década como uma das grandes vozes do teatro musical brasileiro.

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