“A Última Sessão de Freud” chega a BH

Sigmund Freud, crítico implacável da crença religiosa e C.S. Lewis, renomado professor de Oxford, crítico literário, ex-ateu e influente defensor da fé baseada na razão, debatem, de forma apaixonada, o dilema entre ateísmo e crença em Deus. Freud quer entender porque um ex-ateu, um brilhante intelectual como C.S. Lewis, pode, segundo suas palavras, “abandonar a verdade por uma mentira insidiosa”, tornando-se um cristão convicto. Essa é a tônica de “A Última Sessão de Freud”, espetáculo baseado no livro “Deus em Questão”, escrito pelo Dr. Armand M.Nicholi Jr., professor clínico de psiquiatria da Harvard Medical School.
Com direção de Elias Andreato e Odilon Wagner (Sigmund Freud) e Claudio Fontana (C.S.Lewis) no elenco, o espetáculo será apresentado amanhã e no próximo sábado, às 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium. Os ingressos custam R$ 75,00 (inteira) e R$ 37,50 (meia) e podem ser adquiridos pela Sympla em https://bileto.sympla.com.br/event/72010.
A história se passa no consultório de Freud, na Inglaterra, quando estava exilado depois de ter fugido da perseguição nazista na Áustria, em plena Segunda Guerra Mundial, no ano de 1939. O cenário, assinado por Fábio Namatame, reproduz com detalhes o gabinete do psicanalista, pano de fundo para o encontro entre os dois pensadores, que influenciaram o pensamento científico filosófico da sociedade do século XX.
Freud e Lewis conversam sobre a existência de Deus, mas o embate verbal se expande por assuntos como o sentido da vida, natureza humana, sexo, morte e as relações humanas, resultando em um espetáculo que se conecta profundamente com o espectador através de ferramentas como o humor, a sagacidade e o resgate da escuta como ponto de partida para uma boa conversa. O sarcasmo e ironia rondam toda essa discussão, e as ideias contundentes ali propostas nos confundem, por mais ateus ou crentes que sejamos.
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“A peça mostra um embate de ideias. Isso é uma armadilha, e eu não queria que o espetáculo se transformasse em um debate. Por isso, pelo bem da ação dramática, situei o encontro entre Freud e Lewis no dia em que a Inglaterra ingressou na Segunda Guerra Mundial. Então, são dois homens no limite, sabendo que Hitler poderia bombardear Londres a qualquer minuto”, comenta o autor
Valorização da palavra
O diretor Elias Andreato optou por uma encenação que valoriza a palavra, construindo as cenas de modo que o texto seja o protagonista e as ideias estejam à frente de qualquer linguagem.“ O teatro é uma forma de arte onde os atores apresentam uma determinada história que desperta na plateia sentimentos variados. É isso o que me interessa: despertar sentimentos e acreditar na força de se contar uma história. É muito prazeroso brincar de ser outro e viver a vida dessa pessoa em um cenário realista, com figurino de época, jogando com ficção e realidade. Isso é a realização para qualquer artista de teatro. E é assim que defino essa experiência de me debruçar sobre a obra teatral de Mark St. Germain: A Última Sessão de Freud. Depois de 25 anos de sessões de psicanálise, talvez seja necessário me deixar conduzir cada vez mais pela paixão que tenho por meu ofício: o teatro. A minha profissão de fé. E crer: a arte sempre nos salva de todos os perigos”, ressalta o diretor.
Para Odilon Wagner, a experiência de interpretar Freud é fascinante: ”Para um ator ter a oportunidade de representar um personagem tão intenso e profundo, que fez parte de nossa história recente, é um privilégio. A construção desse personagem me fez vibrar desde a primeira leitura, foram meses estudando sua vida e personalidade, para tentar trazer um recorte mais fiel possível do último ano de vida desse grande gênio do século XX”, observa.
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