Aleijadinho é tema de mostra de cinema
Antônio Francisco Lisboa. Apenas este nome já abarca um universo riquíssimo de produções artísticas mundialmente conhecidas, aspectos históricos relacionados ao contexto socioeconômico e político de Minas Gerais e elementos culturais intimamente ligados à construção identitária do Brasil. E, como não poderia deixar de ser, a figura de Aleijadinho já foi e ainda é referência para um sem-número de representações midiáticas.
É esta variedade de encenações da vida e obra do mestre do barroco que o público vai poder conferir na mostra “Paixão, Glória e Suplício – Antônio Francisco Lisboa”, em sessões no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes. As exibições acontecem a partir de hoje e até o próximo dia 26, presencialmente, e até 20 de novembro, em formato on-line, na plataforma CineHumbertoMauroMAIS, onde os filmes ficarão disponíveis pelo período de um a seis meses, integrando a coleção de clássicos mineiros e brasileiros.
A proposta da seleção de filmes é apresentar a trajetória pessoal e profissional de Aleijadinho no cinema, ampliando o espectro de compreensão sobre as diversas formas de retratação do artista barroco e de sua obra – de valor estético e histórico incalculável – na sétima arte. O tema central também é a cidade de Ouro Preto, onde a “Ópera Aleijadinho” estreou com grande sucesso, e que também foi cenário e personagem de vários destes filmes de grande magnitude para a cinematografia mineira e nacional. A entrada é gratuita e os ingressos serão distribuídos na bilheteria do Cine Humberto Mauro antes de cada sessão.
Com 15 filmes que cobrem mais de seis décadas de produção cinematográfica nacional, a curadoria da mostra inclui desde obras-primas do cinema brasileiro do século passado a um especial de televisão contemporâneo, passando ainda por filmes mais identificados com um gênero cinematográfico específico (policial ou romance, por exemplo) e curtas-documentários dirigidos pelo realizador que dá nome ao Cine Humberto Mauro.
Bruno Hilário, gerente do Cine Humberto Mauro, destaca algumas das produções: “Aleijadinho – Paixão, Glória e Suplício” (foto), lançado em 2000 e dirigido pelo mineiro Geraldo Santos Pereira (que também dirigiu outros dois filmes presentes na mostra), é a principal obra e a que dá título à mostra. Ele salienta que o filme “é interessante por dar protagonismo a um ator negro, Maurício Gonçalves, muito importante na teledramaturgia brasileira, além de ser o filme de maior referência para se pensar Aleijadinho no cinema”.
Já “Os Inconfidentes”, de 1972 e realizado por Joaquim Pedro de Andrade, guarda uma importância singular porque, segundo Vitor Miranda, produtor e curador do Cine Humberto Mauro, neste longa “a performance dos atores quase mimetiza a intensidade das obras do Aleijadinho. É um filme que referencia o barroco nas interpretações”.
Há ainda na programação várias outras obras que tratam especificamente da Inconfidência Mineira, transitando pelo mesmo ambiente histórico e cultural do artista. Dentre elas um filme dirigido por uma mulher: “Vinho de Rosas”, de Elza Cataldo e lançado em 2005, que é uma produção “fora da curva” se comparado às outras, tanto “pela perspectiva feminina da Inconfidência quanto pela construção barroca da imagem a partir da fotografia, em um jogo de claro e escuro que remete visualmente ao estilo do século XVIII”, conforme pontua Hilário.
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