Após realização da Stock Car em BH, UFMG calcula prejuízo de R$ 1 milhão

Após semanas de embates judiciais entre a organização da Stock Car e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o campeonato automobilístico, de fato, aconteceu. A corrida tomou as ruas do entorno do Mineirão, na região da Pampulha, entre os dias 15 e 18 de agosto. Nesta segunda-feira (19), a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, informou que o prejuízo é estimado em cerca de R$ 1 milhão.
Ela explica que todos os ajustes e adaptações que a instituição precisou fazer para evitar problemas com os pacientes do hospital veterinário, por exemplo, e também com os animais da Escola de Medicina Veterinária, tiveram custos.

“Desde o transporte dos animais que foram deslocados, assim como a contratação de equipe para fazer os deslocamentos, alimentação desses animais, a diária para onde eles ainda se encontram, tudo isso teve custo. E teremos gastos ainda enquanto eles estiverem sob a tutela de outras pessoas. Estamos tendo também despesas com equipes para monitorar os animais silvestres e animais de estudos”, explica.
Além disso, segundo a reitora, outro trabalho que demandou muitos custos foi o realizado para blindar as portas do biotério central, onde ficam os animais que são utilizados em pesquisas. “Porém, infelizmente, tivemos a morte de vários peixes devido ao elevado grau de estresse provocado pelos ruídos da Stock Car”, diz Sandra Goulart.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Deputadas vão pedir ressarcimento do prejuízo
As deputadas estaduais Beatriz Cerqueira (PT) e Bella Gonçalves (Psol) também estiveram nas instalações do complexo veterinário da UFMG nesta segunda-feira para levantar os danos causados pelo evento e, com isso, viabilizar uma vistoria técnica.
A deputada Beatriz Cerqueira disse que a organização da Stock Car não quis estabelecer nenhum diálogo com a UFMG: “Fizemos visitas técnicas, além de duas audiências públicas, sendo uma no âmbito da Comissão de Meio Ambiente e outra no âmbito da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia. Durante esse processo, eles [a organização] foram convidados para apresentar os seus estudos e dialogar em encontro com a universidade. O que me espantou foi a completa falta de diálogo”, observou.
O laudo de vistoria será confeccionado de acordo com as especificações técnicas em processo. Após sua conclusão, o documento será encaminhado para a apreciação das comissões. Em paralelo, a PBH, assim como os demais envolvidos, serão procurados para validação de uma possibilidade de ressarcimento à UFMG pelos custos gerados tanto por conta dos bloqueios de acessos do hospital público e dos demais equipamentos do complexo veterinário, como para os prejuízos e movimentação para proteção dos animais contra ruídos e tremores.
Dependendo da espécie, o ruído acima de 85 decibéis (dB) já se torna uma ameaça à saúde dos animais. Segundo um monitoramento realizado pela UFMG, foram identificados picos de 100 decibéis (dB) durante a corrida.
UFMG alega que não teve apoio para minimizar impactos
Ainda segundo a reitora da UFMG, todas as tentativas possível foram feitas pela própria instituição para mitigar e minimizar os impactos, já que, segundo ela, não houve oferta de apoio por parte da organização do evento nem da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
“Não tivemos apoio nenhum do evento no sentindo de reduzir os impactos causados e muito menos em monitorá-los. Fomos nós que adotamos essas medidas para reduzir minimamente esses impactos”, afirma.
Ela reitera que, dentro da soma já identificada entre os prejuízos, ainda não constam os valores que a UFMG deixou de receber pelo período em que o complexo veterinário e o atendimento em saúde odontológica ficaram fechados devido ao evento.

“Para atendermos pelo SUS as pessoas que precisam de tratamento odontológico, recebemos uma verba do governo federal. Quando o local fica fechado, deixamos de receber este recurso. O mesmo acontece com o hospital veterinário. Além disso, há, ainda, o nosso laboratório de leite que faz análise para a Prefeitura e para o Ministério da Agricultura. Por conta do fechamento, a meta que deveria ser cumprida, não foi, e isso também terá um impacto para a UFMG. Direta e indiretamente, tudo isso vai impactar no orçamento da instituição”, explica a reitora.
Procuradas pela reportagem, a organização do evento e a PBH ainda não se posicionaram sobre o assunto.
Stock Car reuniu público de 70 mil pessoas em Belo Horizonte
De acordo com a organização do evento, os quatro dias de corrida totalizam um público de 70 mil pessoas no entorno e na esplanada do Mineirão, sendo 45 mil somente no domingo, dia da corrida principal da sétima etapa da temporada 2024. Um dos presentes neste dia foi o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões. Ele acredita que o evento ajuda a projetar Minas Gerais no cenário internacional.

“É um dos principais eventos esportivos do Brasil, transmitido para outros 170 países, e que divulga o nome do estado para o mundo”, disse Simões.
Na oportunidade, ele entregou o prêmio de primeiro lugar para o piloto Felipe Baptista, vencedor da primeira etapa da Stock Car realizada na capital mineira. O pódio foi completado por Nelsinho Piquet e Cacá Bueno. O evento também teve participação de Felipe Massa e Rubens Barrichello
A Stock Car no Brasil foi criada em 1979. A última passagem da competição pelo Estado havia sido em 2017, no autódromo de Curvelo.
A capital mineira será uma das sedes da Stock Car Pro Series pelos próximos cinco anos. Para esta edição, a previsão é de que o evento injete cerca de R$ 200 milhões na economia de Belo Horizonte e atraia mais de 30 mil turistas.
A expectativa dos organizadores é de que, durante os cinco anos em que será realizada na Capital, a competição movimente mais de R$ 1 bilhão e gere entre 1,5 mil e 2 mil empregos diretos a cada ano.
(Com informações da Agência Minas)
Ouça a rádio de Minas