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Beatriz Azevedo faz show modernista

Beatriz Azevedo faz show modernista
Foto: Rogério von Krüger

“Contra o mundo reversível e as ideias objetivadas. Cadaverizadas”, escreve Oswald de Andrade no Manifesto Antropófago, publicado em 1928, e que ecoa os ventos trazidos pela Semana de Arte Moderna de 1922. A partir dessa premissa e para celebrar criticamente os cem anos do que é considerado o marco simbólico do modernismo brasileiro, a poeta, compositora e performer Beatriz Azevedo apresenta no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, no próximo sábado, às 21h, o show com as músicas do álbum “antroPOPhagia”.

A apresentação, que integra o programa O Modernismo em Minas Gerais, conta com a participação do cantor e compositor Moreno Veloso, amigo e parceiro da artista, e do violoncelista Jaques Morelenbaum. O evento é gratuito e os ingressos podem ser retirados em fcs.mg.gov.br ou na bilheteria do Palácio das Artes a partir de hoje.

“antroPOPhagia” traz o repertório do primeiro álbum ao vivo de Beatriz Azevedo, gravado no palco do Lincoln Center, em Nova York. As músicas que compõem a apresentação no Palácio das Artes foram criadas a partir da obra de poetas modernistas, como Oswald de Andrade (“Erro de Português”, “Cânticos dos Cânticos” e “Relicário”), Raul Bopp (“Coco de Pagu”) entre outros. Integram ainda o show, as parcerias com Moreno Veloso (“Canto”) e Vinícius Cantuária (“Alegria”). Beatriz também leva ao público arranjos antropófagos de standards de Cole Porter (“What is This Thing Called Love”), Kurt Weill (“Speak Low”), e uma releitura de “Insensatez”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Para Beatriz Azevedo, o conceito de antropofágico é mais do que atual e traz em seu corpo questões urgentes da contemporaneidade. “A antropofagia inverte a perspectiva de tempo, como se o futuro nos atravessasse no presente e ressignificasse o passado. Neste momento de caos político, em pleno século XXI, ainda imperam as forças retrógradas do patriarcado contra o matriarcado libertário”, pontua a artista.

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Além do repertório de “antroPOPhagia”, Beatriz e Moreno Veloso apresentam em primeira mão algumas canções do novo disco da dupla. Intitulado “Clarice Clarão”, a obra é uma homenagem a Clarice Lispector.

A banda que performa no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes é formada por Beatriz Azevedo (voz e violão), Moreno Veloso (violão, voz, prato), Jaques Morelenbaum (violoncelo), Antonio Guerra (piano, teclados, acordeom), Andre Siqueira Campos (bateria e percussão) e Gabriel Loddo (contrabaixo e cavaquinho).

O show “antroPOPhagia” integra a programação do programa “O Modernismo em Minas Gerais” que, até o fim deste ano, realiza inúmeras ações para celebrar o movimento considerado o mais pungente de nossas artes.

Multiartista brasileira radicada em Nova York, Beatriz Azevedo é poeta, performer, cantora e compositora. Sua prática artística mistura as linguagens da música, do teatro, da performance, da literatura e do audiovisual. É doutora em artes da cena e mestre em literatura comparada pela Universidade de São Paulo (USP).

O modernismo como trajetória histórica e cultural é fonte rica e inesgotável: deve ser vivenciado, revisitado, apreciado e preservado. Com essa premissa, o programa “O Modernismo em Minas Gerais” reconstitui a trajetória do movimento artístico mais marcante do século XX no Brasil.

O projeto percorre o núcleo modernista formado em Minas Gerais, principalmente Belo Horizonte, a partir da década de 1920 e evidencia a participação dos mineiros no movimento e suas contribuições em nível nacional. O programa pretende fazer com que o público entre em contato com as contribuições dos artistas nas mais diversas expressões e linguagens culturais, bem como as consequências do movimento nos mais variados domínios da arte.

Entre os destaques da programação, estão ciclo de debates, saraus modernistas, espetáculos musicais, mostra de cinema, lançamento de longa-metragem documental, espetáculo de dança, concertos sinfônicos, mostra fotográfica, espetáculo teatral e publicações. A programação acontece até o fim deste ano nos espaços do Palácio das Artes.

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