Variedades

Bianca Freire apresenta cordéis do Jequitinhonha

A peça está em cartaz no sábado (9), às 20h30, no teatro de bolso do Sesc Palladium
Bianca Freire apresenta cordéis do Jequitinhonha
Crédito: Carlos Henrique Macedo

“Um espetáculo que vem sendo construído desde que eu nasci”. É dessa forma que a atriz, palhaça e cordelista do Vale do Jequitinhonha, Bianca Freire, dá o tom de “3 Contos de Amor”, montagem que agora leva ao encontro do público. Fruto de cordéis de sua autoria, a artista costura memórias familiares, costumes, expressões regionais e brincadeiras. A peça está em cartaz no sábado (9), às 20h30, no teatro de bolso do Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro), com ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).

Radicada em Belo Horizonte desde 2012, a atriz resgata suas origens e o estado de brincar, trazendo para a cena três cordéis. “Meu pé de Algodão”, “É cordeiro ou cabrito?” e “Têra sanfonêra” (premiado no concurso de poesia do Festival da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha – Festivale) são contadas por meio de rimas, audioversos, poesia e música.

“O espetáculo é inspirado na minha infância no Vale (do Jequitinhonha). Um cordel é em homenagem a minha avó, outro sobre ‘mãinha’, que foi noviça, e o terceiro, baseado na minha família por parte de pai e que fala de um amor impossível. Quando vim para BH, a cidade exigiu de mim uma formalidade, na qual fui entrando e perdendo um pouco dos meus laços e do meu sotaque. Então, nesse solo falo do lugar de onde eu vim, o estado de brincar e de poesia, escrevendo uma grande carta aberta”, elucida a atriz, que se diz artista do cotidiano.

Com direção de Mariana Arruda, atriz e fundadora do grupo Maria Cutia, a peça inicia com Bianca em um figurino que representa as bonecas típicas do Vale do Jequitinhonha.

“Desde os primeiros contatos que tive com os textos da Bianca fiquei encantada. Dirigir uma atriz tão potente em cena, com palavras carregadas da história dela no Vale, de referências de sua família é inspirador. Sempre ressalto toda a forte referência que esse território de extrema poesia mineira teve na fundação do Maria Cutia. Fazer teatro é viajar por outros mundos, mas sempre em encontro com os nossos mundos. E Bianca mergulha fundo nisso”, comenta a diretora.

Para ambientar o público, o cenário possui elementos produzidos pelas artesãs Lourdes Freire, que é mãe da atriz, e Vitória Cavalieri. O figurino, assinado por Luiz Dias, com assistência do Núcleo de Pesquisa do Galpão Cine Horto, também ajuda a contar esse cordel. Além de uma música autoral composta por Bianca Freire, Mariana Arruda e Hugo da Silva, que está à frente da trilha sonora.

“Vamos usar audioversos com gravações das minhas tias nas brincadeiras de verso. Quero que minha voz seja ecoada por aquelas que me deram voz. Dessas mulheres e pessoas do Vale que me ajudaram a encontrar um caminho. Cada história eu conto sentada em um tapete de crochê que ‘mãinha’ fez. Ela sempre enfeitando o caminho para eu pisar”, ressalta Bianca.

Filha de professora, na infância a atriz lia livros tendo ao lado um caderninho e um dicionário para anotar as palavras ainda desconhecidas. “Eu adorava descobrir novas palavras. E depois fazia poema com elas para fixar na memória. Então, a escrita está na minha vida desce cedo. E na peça trago expressões da minha região como ciligristida, mas que no contexto as pessoas vão entender o significado”, explica.

Identificação

A atriz acredita na potência dos encontros e na identificação do público com a obra. “Eu estou trazendo minha memória, e o público, a bagagem dele. Juntos, vamos inaugurar um tempo novo. Misturar as memórias. Por isso eu amo o teatro, porque não se brinca sozinho. Estou indo para o jogo sabendo que o público é meu cúmplice, para que entre nessa fantasia comigo”, afirma Bianca.

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