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Bolsonaro recupera clima de campanha com viagens

Bolsonaro recupera clima de campanha com viagens
CR´DOto: Marcos Corrêa/PR

Brasília – Nos últimos 30 dias, o presidente Jair Bolsonaro fez 14 viagens, para 13 cidades diferentes e participou de pelo menos 16 eventos, que vão da inauguração de um espaço de lazer em Belém à religação do alto-forno da Usiminas, em Ipatinga (Vale do Aço), somando, em um mês, mais eventos do que em todo o primeiro semestre de 2020.

O movimento que levou o presidente a fazer até três viagens em uma semana é parte de uma estratégia com um olho já nas eleições de 2022: aproveitar a onda de crescimento na popularidade detectada nas pesquisas nas últimas semanas, muito em função do auxílio emergencial, pago pelo governo durante a epidemia de Covid-19, que tem beneficiado 66 milhões de brasileiros.

Traçada pelos principais auxiliares do presidente, a estratégia foi abraçada com vigor por Bolsonaro. A intenção era começar os périplos nacionais – especialmente no Norte e no Nordeste, onde o presidente sempre teve a pior aprovação – já em julho. Ao ser contaminado pela Covid-19 na primeira semana de julho, no entanto, Bolsonaro teve que adiar as viagens para o final do mês.

Antes disso, o presidente já havia visitado o Ceará, para inauguração de uma das partes da transposição do rio São Francisco, e visitado Florianópolis, para um rápido sobrevoo de áreas atingidas por um ciclone. Desde o dia 31 de julho, no entanto, a média de viagens é de duas por semana, enquanto em todo o primeiro semestre de 2020 Bolsonaro fez apenas cinco viagens.

As viagens devem continuar. No sábado, o presidente vai a Caldas Novas (GO) inaugurar uma usina de energia fotovoltaica. Na próxima semana já está previsto que Bolsonaro saia de Brasília na quinta ou na sexta, mas ainda está em aberto qual evento deve participar.

“Isso recupera aquele clima de campanha, anima as pessoas, mostra o que o governo está fazendo. Essa é a ideia”, diz um dos auxiliares do presidente.

A cada viagem, Bolsonaro coloca em suas redes sociais vídeos de pessoas o esperando em aeroportos e praças, aparece distribuindo abraços, tirando fotos e chegou até mesmo a montar em um cavalo, usando um chapéu de couro típico nordestino, em cenas mais associadas a campanhas eleitorais.

Em seus discursos, Bolsonaro mais de uma vez ressaltou o fato de ser bem recebido onde tem ido.

“Não existe nada mais reconfortante para quem está na vida pública do que se encontrar com esse povo que recebe a todos nós com esse carinho, essa simpatia”, disse durante a cerimônia de lançamento da pedra fundamental da duplicação da BR-469, em Foz do Iguaçu.

As últimas pesquisas de opinião revelaram uma melhora sensível na aprovação do presidente, especialmente nas regiões Norte e Nordeste e entre o eleitorado mais pobre, áreas que costumavam ser cativas do PT, especialmente no Nordeste.

De acordo com a pesquisa Datafolha, na segunda semana de agosto a avaliação ótima ou boa do governo cresceu para 37%, ante 32% em junho, chegando ao patamar mais alto desde o início do mandato. Diminuiu ainda a parcela de brasileiros que nunca confiam nas declarações do presidente, de 46% para 41%.

A ideia de mostrar o que o governo está fazendo – mesmo que as viagens até agora não tenham apresentado obras significativas – passa por mostrar um presidente menos beligerante, mais próximo da população e tentar manter esse aumento de popularidade.

Ajuda, ainda, a melhorar a relação com os parlamentares. Nas comitivas presidenciais e nos eventos, além dos parceiros de sempre, como Helio Lopes (PSL-RJ), que está em todos os eventos com o presidente, Bolsonaro tem reunido grupos de parlamentares do centrão nas regiões que visita. Em Foz do Iguaçu, pelo menos 20 participaram do evento.

“É um movimento muito bom. Permite o presidente encontrar lideranças locais, dá aos deputados a chance de despachar com o presidente, que em Brasília é difícil. Do ponto de vista da articulação política é muito bom”, disse o novo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). (Reuters)

Guedes: presidente tem razão no caso do abono

Brasília – O ministro da Economia, Paulo Guedes, avaliou na sexta-feira (28) que a reação contrária de Jair Bolsonaro à proposta de fim do abono salarial é natural e deriva de instinto político, acrescentando também que o presidente teve razão ao avaliar que isso representaria tirar dos pobres para dar aos mais pobres.

“É natural quando você começa a discutir a focalização de programas, chega alguém e diz ‘olha, tira aqui o abono salarial e bota ali’, isso chegou a ser discutido até no governo do PT, a própria Dilma propôs isso, essa consolidação de programas. E quando isso é imaginado, aí o presidente reage naturalmente, com instinto político, e fala espera aí ‘tirar do pobre e dar pro mais pobre?’”, disse ele, em conferência promovida pelo Aço Brasil.

“O salário de 75% dos brasileiros que estão na CLT é abaixo de 1,5 salário mínimo, então realmente (acabar com abono) é tirar da base de trabalhadores brasileiros e passar pro que está desempregado, que está pior ainda, mas essa era uma das possibilidades que estavam sendo examinadas», acrescentou Guedes.

Segundo ele, o Ministério da Economia levou “uma porção de outras propostas” para o Renda Brasil e essa discussão segue em curso. (Reuters)

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