CCBB BH será palco do espetáculo “A Aforista”

O Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (CCBB BH) apresenta o espetáculo “A Aforista”, do dramaturgo e diretor Marcos Damaceno (Prêmio Shell de Dramaturgia por “Homem ao Vento”) e produção da curitibana Cia.Stavis-Damaceno. A peça traz à cena uma mulher (Rosana Stavis), caminhando sem parar em direção ao enterro de um antigo amigo da faculdade de música. Enquanto caminha, lhe vêm pensamentos acerca de sua própria vida, e os trajetos escolhidos por ela e seus antigos amigos, todos “promessas da música”.
O espetáculo cumpre temporada no CCBB BH a partir da próxima sexta-feira a 3 de julho, sempre de sexta a segunda, às 20h30, no Teatro I. Os ingressos, a R$ 30 (inteira) e R$15 (meia), estarão à venda em bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB BH. Clientes Banco do Brasil com cartão Ourocard pagam meia-entrada. No dia 24 de junho, sábado, a sessão será acessível em audiodescrição e haverá bate-papo após o espetáculo com Marcos Damaceno e Rosana Stavis, sobre o processo criativo da montagem.
“A Aforista” já cumpriu temporada no Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. Caminhos que vão da plenitude da realização ao fracasso fatal. Quais são as nossas escolhas? Que decisões tomamos? Que caminhos seguimos? Nossos sonhos, desejos e sentimentos, como lidamos com eles? Essas são questões indagadas na peça. E o pensamento é o lugar onde a montagem se passa. O espetáculo abre ao público a mente dessa mulher, a aforista, na qual se sobressaem a confusão como linguagem, o ritmo vertiginoso, o excesso de informações, as digressões, além de boas doses de ansiedade e perturbação. Trata-se de uma obra teatral por vezes angustiante, frequentemente hilariante.
A narradora verbaliza em um estado próximo ao devaneio, ou melhor, da loucura, onde seus pensamentos, lembranças e imaginação fluem líricos em certos momentos, pesarosos em outros, tornam-se pouco imaginativos e medianos em certos trechos, para logo em seguida flertarem com a filosofia e o sublime, tornando-se expansivos, contraditórios e, principalmente, com confusões e associações próprias da mente humana em nossos dias. É uma arquitetura mental em espiral, de pensamentos entrecortados por outros pensamentos que se interrompem e são retomados em um looping sem fim. São narrativas densas e sôfregas que ficam hilariantes. Pensamentos sublimes e elevados que escorregam para o grotesco, assim como é a vida da gente.
A peça apresenta como um dos personagens centrais o famoso pianista John Marcos Martins. Outro pianista, Polacoviski, tem um destino trágico. A narrativa desenvolve-se a partir das lembranças, pensamentos e imaginação da terceira personagem, a narradora, amiga de John Marcos Martins e de Polacoviski, e por eles apelidada de aforista. A narradora está sempre andando e, enquanto caminha, pensa em como se deu tudo. Sua relação com seus antigos amigos de faculdade, o percurso que cada um seguiu, onde esses caminhos os levaram e o quanto esses trajetos influenciaram a vida uns dos outros. “É uma peça sobre as decisões que tomamos. Sobre as nossas escolhas.
Os caminhos que seguimos. E onde eles nos levam. É também uma peça sobre nossos sonhos, nossos desejos, principalmente quando somos jovens. E de como lidamos com eles, com nossas frustrações e nossas insatisfações: ‘ser artista é saber lidar com as frustrações’ – diz a aforista. Enfim, como toda peça de teatro, de como lidamos com os nossos sentimentos e de como lidamos com os nossos pensamentos. Ela, a narradora, a aforista, está sempre pensando e andando. O pensamento é o lugar onde se passa a peça: ‘andando vamos resolvendo as perturbações do pensamento’ – diz a aforista, enquanto anda e pensa”, explica Marcos Damaceno.
Narrativa musical
A música cumpre papel de destaque no espetáculo. A atriz Rosana Stavis é acompanhada por dois pianos tocados ao vivo por Sergio Justen e Rodrigo Henrique, que duelam no palco e dão o tom da narrativa com a trilha original criada pelo compositor Gilson Fukushima.
O espetáculo “A Aforista” é o segundo de uma trilogia – iniciada com “Árvores Abatidas ou Para Luis Melo” – influenciada por Thomas Bernhard. Segundo Damaceno, o texto da peça é uma conversa com questões postas por Bernhard, respondendo e contrapondo questões colocadas pelo autor austríaco em sua extensa obra, e permitindo-se desviar para outros assuntos, outras situações, outros lugares. Um mergulho na memória e nas possibilidades que cabem numa vida.
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