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Centro Infantil Divina Providência mostra excelência no resultado do IDEB

Na contramão das estatísticas, o Centro Infantil Divina Providência ocupa o segundo lugar na classificação do IDEB em Ribeirão das Neves
Centro Infantil Divina Providência mostra excelência no resultado do IDEB
Foto: Arquivo Sistema Divina Providência

O censo realizado em 2022 revelou um dado preocupante sobre a educação dos anos iniciais no Brasil: 11,4 milhões de brasileiros com mais de 15 anos não foram completamente alfabetizados, um aumento de 50% em relação aos 7,6 milhões registrados em 2010.

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), mecanismo de avaliação desde 2007, estabeleceu uma meta de 6 pontos para 2023. O índice nacional atingiu exatamente 6,0, cumprindo a meta estabelecida.

Em Minas Gerais, o resultado foi de 6,1. O IDEB abrange a alfabetização em todas as idades, incluindo os estudantes na faixa etária de 6 a 10 anos e os adultos que buscam a Educação de Jovens e Adultos, EJA.

O Centro Infantil Divina Providência, obra do Sistema Divina Providência, SDP, está localizado em Ribeirão das Neves e passou a oferecer educação para estudantes dos anos iniciais. Em 2021 eram 599, passando para 779 no ano passado, com um aumento de 22% e um índice de 6,2 no IDEB de 2023, sendo a segunda melhor escola do município.

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Um dos principais desafios enfrentados pela instituição, destaca o vice-diretor, é a falta de colaboração e incentivo por parte das famílias de alguns estudantes.

“A participação da família é essencial para a ressignificação do espaço de aprendizagem e conhecimento na formação das crianças. No entanto, percebemos uma diminuição significativa nesse aspecto, o que impacta diretamente o processo de alfabetização”, afirma Ricardo Mário.

Para superar essa barreira, a escola tem intensificado o diálogo com os responsáveis, promovendo reuniões e atendimentos individualizados que reforçam a importância da presença da família na vida escolar dos alunos.

A integração entre escola, família e comunidade é um pilar central do trabalho desenvolvido pelo Centro Infantil Divina Providência. A escola cria oportunidades para que as famílias participem da vida escolar, seja por meio de eventos comemorativos, reuniões de pais ou ações em parceria com outras instituições

“Com a recente expansão para o Ensino Fundamental I, a escola está se preparando para continuar avançando na alfabetização das crianças e garantir que elas desenvolvam as competências necessárias para as próximas etapas da educação”, reforça Ricardo.

Além de toda estrutura, o SDP fomenta a solidariedade e a inclusão entre os estudantes. Valentina Rosa Rodrigues da Silva Oliveira está cursando o 3º ano do ensino fundamental I e conta como é o dia a dia no Centro Infantil.

“O que eu mais gosto é da rua pintada, dos brinquedos, da informática, da fazenda que tem aqui, das comidas e das educadoras. E eu adoro ajudar os meus colegas na escola, no convívio e na casinha. Acho isso muito legal, porque, além de ajudar, eu também aprendo junto.”

Um ambiente seguro e enriquecedor, onde cada criança é tratada com carinho e atenção, faz toda a diferença na alfabetização. Dolores Bertila, superintendente geral do SDP, fala do compromisso da instituição na alfabetização das crianças.

“Acreditamos que, ao cuidar do bem-estar e da formação de nossos alunos, estamos construindo um futuro mais brilhante para cada um deles. É este equilíbrio entre qualidade e acolhimento que nos permite alcançar resultados excepcionais.”

Alfabetização na idade adulta

Na contramão do Centro Infantil está a alfabetização de jovens, adultos e idosos. Nesse cenário, encontramos histórias de vidas de pessoas que nunca pensaram na possibilidade de aprender a ler ou escrever. Apesar da Educação de Jovens e Adultos, EJA, ter sido implementada na década de 1940, buscar uma escola ainda é um tabu para essas pessoas.

Shirlene Ribeiro dos Santos, professora de Língua Portuguesa e Espanhol e do EJA desde 2009, destaca que a maior dificuldade na alfabetização de adultos é a diversidade de níveis de conhecimento com que os alunos chegam à sala de aula.

“Alguns conhecem as letras, outros chegam sem conhecimento algum; alguns sabem ler, mas não sabem escrever, outros escrevem, mas não sabem ler”, explica.

Segundo Shirlene, o processo de aprendizagem é mais lento e variável entre os idosos do que entre as crianças, demandando muita perseverança por parte dos alunos. A professora também ressalta que a maior parte das escolas hoje oferece a modalidade EJA, seja no ensino médio, oferecido pelo Estado, ou no ensino fundamental, oferecido pelas prefeituras.

Vice-diretor Ricardo Mário Rodrigues na Escola Estadual Douotor Reynaldo Martins Marques | Foto: Arquivo Sistema Divina Providência

Para os alunos do EJA, a alfabetização representa muito mais do que o simples ato de ler e escrever. É uma porta de entrada para a autonomia, a autoestima e a integração social. Pequenas conquistas, como anotar um recado, separar os próprios medicamentos ou ler placas de ruas, transformam a vida dessas pessoas.

“Cada conquista faz com que se sintam mais aptos a ‘tomarem posse’ dos seus direitos”, conclui Shirlene, que acompanha de perto essas transformações há mais de uma década.

Rosa Maria da Silva Santos conta como foi aprender a ler e escrever com 65 anos. Ela frequenta o EJA no bairro Lindéia, em Belo Horizonte.

“Descobri a oportunidade de estudar através de três vizinhas que já frequentavam as aulas. Sempre foi meu sonho aprender a ler e escrever, não sabia nem reconhecer dinheiro, e por isso era facilmente enganada. Com muita força de vontade, estou realizando meu sonho. É um sacrifício, pela distância, mas vale a pena. Hoje, aos 65 anos, estou muito feliz por finalmente ter aprendido a ler. Isso abriu minha mente, melhorou minha postura diante da vida e me deu coragem.”

Apesar das oportunidades, Shirlene acredita que o que falta para muitos adultos e idosos se alfabetizarem não é interesse, mas sim estímulo e apoio familiar. No geral, o processo de aprendizagem é lento e requer perseverança.

“O medo de enfrentar o ambiente escolar junto com pessoas que já têm conhecimento, a vergonha da condição de analfabeto e o receio de não conseguir aprender são grandes barreiras”, afirma.

Ela observa que os adultos não se adaptam a um ambiente escolar convencional, junto com crianças e adolescentes, e que as turmas externas, fora do ambiente escolar de crianças e jovens, têm mais sucesso.

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