Variedades

Cia. Candongas faz peça interativa com o público

Espetáculo é feito nos moldes do jogo "Detetive"; ao comprar o ingresso, espectador se cadastra no site para participar da brincadeira
Cia. Candongas faz peça interativa com o público
Crédito: Aline Teixeira

A Cia Candongas apresenta “Uiraçu”, hoje, amanhã e sábado, às 20h, e no domingo, às 18h, na Funarte (rua Januária, 68, Centro). O novo espetáculo traz uma proposta diferente e inusitada: um jogo em que o público é convidado a fazer parte como jogador, interferindo diretamente em seu final. A peça acontece num mundo onde a população está subjugada a um poder repressor chamado “Uniformidade”, associado a outra entidade que lucra com essa repressão: o “Mercado Financeiro”. A partir daí, além de reprimir as ações do povo, eles limitam até a distribuição de oxigênio como forma de mantê-los sob controle e acumular mais riqueza.

Mas, indignados com a situação, algumas pessoas da população resolvem criar um coletivo para que, unidos, organizem uma rebelião contra o poder opressor da Uniformidade, criando estratégias a partir do “Estatuto Vital”, que propõe um modelo de relação entre as pessoas baseado na Empatia, no amor e em valores rejeitados pela opressão.

E é a partir daí que toda a ação se desenvolve no jogo. Para participar, cada espectador, ao adquirir seu ingresso, é convidado a entrar no site da peça (https://uiracu.ciacandongas.com.br/) e criar seu avatar, uma personalidade própria que será seu acesso às dinâmicas da brincadeira. Depois, são sorteados para fazer parte do batalhão de um dos personagens principais da trama: Dadinha, Gentil, Joca, Luz ou Tipé. Assim, cada jogador participa defendendo seu bando e é esse desempenho que determina o destino do líder no espetáculo.

“A peça é baseada na ideia daquele jogo de infância chamado Detetive, onde existiam vítima, polícia e o assassino. Mas aqui, no universo Uiraçu, as vítimas são chamadas de galinhas; a polícia são os lobos e os assassinos são as águias”, explica Gustavo Bartolozzi, gestor da Cia Candongas.

Segundo Gustavo, o grande diferencial de Uiraçu é sua inovação. “Não é só uma peça de teatro e nem só um jogo. É uma experiência completamente diferente que o público terá porque ele vai poder interferir diretamente na história, decidir o que acontece, participar ativamente ou ser mero espectador, de acordo com o que desejar”.

Uiraçu é dirigida por Paulo Flores, fundador do grupo teatral gaúcho “Ói Nóis Aqui Traveiz”, reconhecido por suas criações artísticas que falam de temas como justiça social, igualdade de oportunidades e respeito às diferenças.

“A forma como Paulo Flores desenvolve seu trabalho está totalmente alinhada com os temas que refletem a história da Companhia Candongas. Tê-lo aqui neste projeto do Uiraçu é um privilégio para nós, um estímulo que nos traz a convicção do poder do teatro como laboratório para estímulo do pensamento crítico que possa desenhar um futuro melhor”, afirma Gustavo, destacando a relevância do diretor no cenário cultural.

No elenco, além de Gustavo Bartolozzi que também é ator, estão Helena Marques, Wesley Simões, Drica Chaves e Rodolfo Goular. O texto da peça foi escrito pelo Núcleo de Dramaturgia da Candongas, formado por Bartolozzi e Guilherme Théo, com orientação Anderson Feliciano.

O pontapé inicial para a criação de Uiraçu começou em 2018. “Claudia Henrique, que também é da Candongas, e eu estávamos ambos estudando temas que casavam com a dinâmica do que viria a ser a peça. Ela fazia um curso de teatro e tecnologia na UFMG enquanto eu estudava Gestão de Negócios e meu trabalho final foi sobre teatro e jogos. Quando finalizamos nosso estudo, pensamos como seria legal fazer algo juntando esses dois mundos: o do teatro e o dos jogos”, conta Gustavo. Assim surgiu a ideia de montar uma trilogia, que começou com o espetáculo Sísifos (2020) e continua agora com Uiraçu, segunda parte da trilogia.

“A Águia e a Galinha”

A maior referência para a construção do espetáculo, segundo Bartolozzi, é o livro “A Águia e a Galinha”, de Leonardo Boff, no qual ele relata uma fábula de James Aggrey, educador social e líder político da república de Gana, na África Ocidental. Aggrey dizia que “fomos criados à imagem e semelhança de Deus, mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. E muitos de nós ainda acham que somos efetivamente galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos. Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar…”

Os ingressos estão à venda no site da Sympla e custam R$ 20,00 (inteira) e R$10,00 (meia). Após adquirir o ingresso, o espectador deve entrar no site da Candongas e criar seu avatar do jogo.

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