Cidade dos Profetas faz concerto em Congonhas

Em uma fascinante viagem pelo tempo, o Coral Cidade dos Profetas, por meio do projeto Colonial Inédito, aprofundou-se ainda mais no rico repertório da música antiga de Minas Gerais, ao resgatar composições que não são ouvidas desde o período colonial no Brasil. Para celebrar o trabalho, feito em parceria com as escolas de músicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade Estadual de Minas Gerais, o grupo, ao lado de uma orquestra convidada, dará início a uma temporada de concertos gratuitos, que levará essas descobertas ao público de Congonhas, hoje, às 20h, na Basílica do Senhor Bom Jesus de Mato de Brumadinho; no domingo (26), às 18h30, na Matriz Igreja Nossa Sra. da Conceição (Praça da Matriz, 187 – Conceição do Itaguá); e de Itabira, no dia 3 de dezembro, às 18h, na: Catedral Matriz de Nossa Senhora do Rosário (Praça Monsenhor Felicíssimo, 24, Centro).
Ao longo do ano, o Coral Cidade dos Profetas dedicou-se ao estudo de manuscritos datados dos séculos 17, 18 e 19, que fazem parte do acervo de Francisco Solano Aniceto, mais conhecido como Chico Aniceto, atualmente sob curadoria da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg). O grupo também teve acesso a peças que pertencem ao Sistema Nacional de Orquestras Sociais (Sinos), uma parceria entre a Fundação Nacional de Artes (Funarte) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O resultado do trabalho de pesquisa deu origem à série de concertos, sob a regência do maestro José Herculano Amâncio, com composições raras desse conjunto, como “Ofício para Quarta-feira de Trevas”, de Lobo de Mesquita, e “Missa de Suassuhy”, de autoria desconhecida. “Para mim e para os coralistas é maravilhosa a sensação de cantar músicas que não sabemos se foram executadas anteriormente. Hoje, estamos apresentando essas partituras para as pessoas e o mundo conhecerem, dando vida aquilo que estava no papel”, destaca Amâncio.
O presidente da Academia Brasileira de Música e professor da Escola de Música da UFRJ, André Cardoso, explica que, por meio do Sinos, foi realizado um trabalho de edição de obras que se mantiveram na forma de manuscritos durante várias décadas, viabilizando suas execuções para coros. “Com o trabalho do Coral Cidade dos Profetas, tais obras ganharam outra dimensão, pois chegam a novos espaços e a um público maior, extrapolando o ambiente religioso e revelando suas altas qualidades artísticas”, completa.
Para o musicólogo e professor da Uemg, Domingos Sávio Lins Brandão, o sentido desta música é justamente chegar aos ouvintes. “O Coral Cidade dos Profetas está proporcionando a mim e aos pesquisadores do acervo da Escola de Música da Uemg a oportunidade de ver a concretização dessas obras, que passaram por um processo de restauração e agora serão disponibilizadas ao público. Essa parceria é fantástica”, reforça.
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